domingo, 25 de dezembro de 2011

São Silvestre 2011: Tradição e Polêmica


Tradição e Polêmica: dois ingredientes fundamentais para agitar a corrida de rua mais importante do Brasil.

                
              A corrida de rua mais tradicional do Brasil, a São Silvestre, é também uma das mais polêmicas. Desde que foi realizada pela primeira vez, em 31 de Dezembro de 1924, já passou por diversas mudanças.


                Conforme já registramos anteriormente nesse blog, somente quem já correu uma SS para saber do que estamos falando. Enquanto que, para muitos é apenas mais uma corrida de rua, a mais tradicional, diga-se de passagem, para outros, assume diferentes dimensões, de cunho emocional e até espiritual. Outros já a percebem apenas como um grande teatro.
                Estive lá em 2010 e, independente das opiniões divergentes, a SS é de fato uma corrida muito emocionante. Ela é o palco de encontro de milhares de corredores de rua provenientes de todo o Brasil e, também, do mundo, que se reúnem na Avenida Paulista em São Paulo para celebrar o último dia do ano, fazendo aquilo que mais gostam: correndo.

Foto 1. Chegada triunfante na Av. Paulista em 2010

Foto 2. Chegada ritmada: Congraçamento entre atletas de todo o mundo (2010)

               Entretanto, em 2011, sem nenhuma dúvida, no mundo da corrida de rua não houve uma prova mais polêmica do que a São Silvestre. Tudo começou quando os seus organizadores decidiram modificar drasticamente o seu percurso, em função da área de dispersão, na Av. Paulista que, além de ter atingido a sua capacidade de suportar pessoas, também interferia na preparação do Réveillon dos paulistanos.
                Milhares de atletas de todo o Brasil, manifestaram a sua indignação, gerando controvérsias e debates sem fim. Criou-se até uma SS Cover, com 300 participantes, que percorreu o percurso tradicional, como forma de protesto. Hoje sabemos que há muito mais coisas importantes na SS que deveriam ser mudadas. Não cabe discuti-las agora, nesse momento. Todavia, com relação ao percurso, os organizadores não se abriram ao diálogo, mantendo-se firmes em seu posicionamento.
                Paradoxalmente, a SS também é uma das provas brasileiras que mais passou por mudanças, desde o seu surgimento. Inicialmente era realizada a noite, nos momentos que antecedia a virada do ano, quando os corredores chegavam concomitantemente com a queima de fogos. Entretanto, desde 1989, a prova passou a ser realizada às 17h (15h15min somente para as mulheres).
                A quilometragem e o percurso também já foram modificados outras vezes. Em um período, os corredores subiam a Av. Consolação, em outro, a Av. Brigadeiro, para depois entrarem triunfantes na Av. Paulista.
                Durante a sua fase nacional, houve uma supremacia dos atletas paulistanos por 16 anos. Em 1945, a Corrida de São Silvestre deu um importante passo para o seu desenvolvimento, além de se tornar ainda mais competitiva ao aceitar representantes da América do Sul. Entretanto, somente em 1991 foi estabelecida a distância atual de 15 km, para atender os desejos da IAAF e poder integrar o calendário de provas de rua. A partir daí, a competição passou a se chamar Corrida Internacional de São Silvestre.
                Posso me considerar um privilegiado, por ter corrido o percurso mais tradicional e gerador de toda essa polêmica ainda durante o ano de 2010. E, em meu modo de ver, quem correu, correu.
                Apesar de vários fatores interferirem nos resultados de uma prova, como o dia, o clima, a temperatura, o horário, considero que é o percurso que faz e que define a fama da prova e, obviamente, a torna tradicional.
                Para entender o que estou falando, basta imaginar fazer uma volta da Pampulha em outro lugar de Belo Horizonte. Da mesma forma, há várias São Silvestres realizadas no Brasil, inclusive em outros países de América do Sul. Entretanto, aquela SS, cuja chegada triunfante ocorria na Av. Paulista, principal avenida paulistana, após a subida da Av. Brigadeiro, era diferente! Em 2011, essa cena não irá se repetir.
Foto 3. Atletas chegando de forma triunfante na edição de 2010 da SS

                Mesmo com tantas polêmicas, as inscrições para a SS 2011, ficaram rapidamente esgotadas. Foram mais de 25.000 corredores inscritos. Eu e o colega Rene somos um deles! Sem falar de outros tantos “pipocas”, que farão a corrida pelo simples prazer de correr e participar da grande festa.
                A edição de 2011 da SS tem tudo para ficar na história. Marilson dos Santos, um de nossos melhores representantes e, favorito para ganhar a prova, além de ser responsável por estarmos em equilíbrio com os quenianos em termos de vitórias nessa competição(são 12 vitórias para o Quênia e 11 para o Brasil), está sendo seriamente desafiado por atletas estrangeiros. 
Foto 4. Chegada triunfante de Marilson Santos durante a edição de 2010 da SS
                A organização já confirmou a inscrição de representantes do Quênia, Etiópia e Tanzânia, com marcas expressivas em provas da IAAF (Federação Internacional de Atletismo). Alguns integrantes da elite masculina chegaram a correr abaixo de uma hora nos 21 quilômetros, como os quenianos Kisorio Matthew (58min46s) e Martin Lel (59min56s).
                Além disso, temos um recorde de inscritos. Apesar de tudo, a mudança do percurso deixa a prova mais rápida, há uma grande expectativa de quebra de recordes (eu também quero quebrar o meu!). Também teremos um excelente horário de largada (17hs).
                Viajarei para São Paulo no dia 27.12.11, onde encontrarei o colega Rene. Lá, participaremos de uma nova SS. Não aquela que conhecemos anteriormente, mas, uma nova prova, onde também esperamos quebrar o nosso recorde pessoal nos 15 km.
                O pensamento positivo de todos vocês será muito importante para o nosso desempenho!
                Tenham todos um Excelente 2012!

Fonte:

Revista Contra Relógio – Ano 19 – Outubro de 2011.
 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Circuito Beija Flor 2011 - Etapa Verde


Circuito Beija Flor 2011 – Etapa Verde

 

A Corrida da Integração


                O Circuito Beija Flor – Etapa verde fechou o calendário de corridas de rua de Goiânia de 2011, e foi marcado por duas características bem distintas: a quebra de paradigmas e a integração.
                A quebra de paradigmas está relacionada a uma mudança no formato convencional de nossas corridas de rua, o que grande parte dos atletas goianienses não estavam acostumados, fazendo com que muitos atletas não efetivassem a sua inscrição. A integração foi a melhor estratégia para superar o desafio proposto pela Eduarda Arantes, responsável pela realização da prova.
                A promoção do Circuito Beija Flor, faz parte de um projeto da AGEM para conscientizar a população sobre a Esclerose Múltipla (EM), e enfatizar os benefícios de um tratamento precoce, pois quanto mais cedo diagnosticá-la, menores serão as seqüelas e maior será a qualidade de vida dos portadores dessa patologia.
                Portanto, trata-se de uma atividade em prol de uma importante causa. Concomitantemente, durante a inscrição, os atletas foram convidados a doar pacotes de gelatina para serem distribuídos aos pacientes portadores de HIV, o que aumentou ainda mais a responsabilidade social do evento.
                Dos nossos companheiros de corrida, conseguimos formar 03 equipes com os atletas dispostos a participar da prova. Na formação das equipes, procurou-se explorar ao máximo as potencialidades de cada um, para a corrida (10 e 5 km) e para pedalar (15 km). Duas destas equipes ficaram bem competitivas. 

Foto 1. Nosso grupo durante o Circuito Beija Flor 2011

                Uma das exigências da organização era formar equipes com 03 integrantes, sendo obrigatória a presença de, no mínimo, uma mulher, para a seguinte divisão: 10 km de corrida, 15 km de bike e outros 5 km de corrida. Além disso, foi aberta a possibilidade da participação de atletas nas modalidades de dupla (duo) ou individual (solo). O nosso companheiro Waldyr, por exemplo, optou por fazer os 10 km individual (1ª 00:27:45:42 / 2ª 00:31:32:29). Já nosso companheiro da Volta da Pampulha 2010, João Honório Duarte Jr, em uma excelente fase, optou por fazer o duathlon (1ª 00:22:11:95 / 2ª 00:23:52:994 / 3ª 00:12:35:916 / 4ª 00:13:12:71 / 5ª 00:13:47:970 / 6ª 00:25:52:993).
                O formato da prova também exigiu muita integração entre os organizadores, que tiveram que se preocupar cm a demarcação e a segurança do percurso, área da transição para que os atletas pudessem passar o chip de cronometragem, etc. Cada equipe foi categorizada pelo somatório das idades de seus integrantes, o que gerou cinco faixas de competição. 

Foto 2. Atletas e ciclistas utilizaram o mesmo tapete (todo cuidado foi pouco para evitar atropelamentos)

Foto 3. Área de transição com a saída do colega Célio

Foto 4. Área de transição. A Paula parte para fazer as suas 3 voltas no circuito.

                Infelizmente, muitos atletas não se inscreveram. Pode ter sido em função das características de revezamento da prova, mas, talvez, um dos motivos, tenha sido também a dificuldade de formar equipes.
                Apesar do ciclismo e da corrida fazerem parte do triátlon, a convivência entre ciclistas e corredores nem sempre foi muito harmoniosa e, nesse sentido, a organização ao tentar unir as duas modalidades, tentou amenizar esse paradigma.
                Conceitualmente, o trabalho em equipe, demanda valores, atitudes, sentimentos e habilidades que envolvem indivíduos trabalhando em regime de colaboração caracterizada por comunicações regulares, abertas e honestas, um espírito de confiança e responsabilidade compartilhada pelos resultados.
                Um trabalho em equipe, além de estar relacionado à habilidade em lidar com situações de estresse, pode também explicar os diferentes níveis de desempenho nos trabalhos de diferentes grupos que trabalham em condições similares.
                A noção é que um grupo compartilha crenças e confiança em sua capacidade conjunta para organizar e executar os cursos de ação, o que envolve uma dinâmica social interativa, coordenativa e sinérgica.
                Participar dessa prova foi uma experiência muito gratificante. A prova agradou a todos em termos de horário de largada, um percurso bem demarcado e seguro, apoio de vários staffs e postos de hidratação bem distribuídos.
                Abaixo segue a composição, o tempo e a classificação das três equipes que conseguimos formar para a prova:

EQUIPE 1
FAIXA
MODALIDADE
VOLTAS
Nilo Resende
106-120
Corrida 10 km
1ª 00:19:47:80
2ª 00:21:13:933
Paula
Bike 15 km
3ª 00:13:23:38
4ª 00:13:24:954
5ª 00:13:37:999
Antônia
Corrida 5 km
6ª 00:23:19:04

Foto 5. Antônia, eu e a Paula (Esq.p/dir)

EQUIPE 2
FAIXA
MODALIDADE
VOLTAS
Ricardo A. Tibúrcio
120-00
Corrida 10 km
1ª 00:21:59:39
 2ª 00:23:12:59
Célio
Bike 15 km
3ª 00:11:22:966
4ª 00:11:02:16
 5ª 00:11:17:989
Alessandra
Corrida 5 km
6ª 00:33:20:940

Foto 6. Alessandra, Célio e o Ricardo (Esq.p/dir)

EQUIPE 3
FAIXA
MODALIDADE
VOLTAS
Rosane Araújo
120-00
Corrida 10 km
1ª 00:29:16:32
2ª 00:30:51:990
Maristane
Bike 15 km
3ª 00:18:00:46
4ª 00:19:41:24
5ª 00:19:08:00
Judite
Corrida 5 km
6ª 00:28:42:976

Foto 7. Maristane, Rosane e Judite (Esq.p/dir)

                Pode parecer fácil, mas, formar uma boa equipe não é uma tarefa simples, especialmente no competitivo ambiente das corridas, uma vez que se exige bastante que os integrantes não sejam egoístas e cooperem entre si, além de estarem imbuídos do mais elevado grau de “espírito esportivo”, o que nem sempre é possível.
                O trabalho em equipe cria as condições ideais para a manifestação da sinergia, o que faz com que o resultado obtido pelo grupo seja maior do que a simples soma das partes.
                Durante a prova, presenciei isso em minha equipe, com a qual estava mais concentrado e, em certo grau, nas outras também. Foi muito interessante ver o envolvimento de cada integrante com o outro, o que criou um forte comprometimento para que cada um desse o melhor de si, independente do resultado, superando as suas próprias limitações pessoais em prol do grupo.

Foto 8. Trabalho em equipe

                Conforme tabelas acima, a nossa equipe ficou em primeiro lugar na faixa de competição cujo somatório das idades foi de 106 a 120 anos. A equipe formada pelo Ricardo, Célio e Alessandra, alcançou o segundo lugar em sua faixa.

Foto 9. 1o lugar no Pódio


Foto 10. Pódio da Faixa 106-120

Foto 11. Esse quadradinho ficou pequeno
Foto 12. Pódio da Equipe Ricardo, Célio e Alessandra.

                Parabéns especial à equipe formada pela Rosane, Maristane e Judite, que lutaram bravamente até o final e não desistiram, num claro exemplo de que o mais importante foi participar. Este é o verdadeiro “espírito esportivo”.  Neste grupo registrou-se também o verdadeiro espírito de equipe que, apesar das limitações (problemas com as marchas da bike), colaboraram entre si positivamente. 

Foto 13. Equipe Maristane, Rosane e Judite.

                Senti-me mais do que honrado por terem permitido que eu pudesse acompanhar a colega Judite nos 5 km finais da prova, quando o sol já estava alto e não havia mais nenhum competidor no percurso. Ela foi uma guerreira!

Foto 14. Eu e a Judite

Foto 15. Finalizando os 5 km ao lado da Judite

                Apesar do estresse e nervosismo inerente à característica da prova, o que levou corredores de algumas equipes até errarem o percurso, sem dúvida alguma, este domingo foi um dia de grande aprendizado para todos nós.
                Um forte abraço a todos!



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