sábado, 28 de abril de 2012

6ª Maratona Brasília de Revezamento


6ª Maratona Brasília de Revezamento

Correr nos ensina a desafiarmo-nos. A ir além de onde jamais imaginamos que pudéssemos chegar. E ajuda a descobrir do que somos feitos. É isso que somos. E é isso o que importa.
PattiSue Plumer, corredora olímpica norte-americana

                Eleita pela Revista Runner’s World como uma das melhores provas do Brasil, a Maratona Brasília de Revezamento, já está em sua sexta edição. A prova conta com percurso oficial para uma maratona (42, 195 km) devidamente aferidos pela CBAt, sendo realizada exclusivamente na forma de revezamento e comemora, em grande estilo, o aniversário de Brasília, que completa, nesse ano, 52 anos.

Foto 1. Correr nos ensina a desafiarmo-nos

Foto 2. "Correr nos ajuda a descobrir do que somos feitos".

                 Organizada competentemente pelo Correio Brasiliense, consegue envolver e “mexer” desde os amigos e familiares de todos os níveis, até os atletas de elite e amadores, os grupos de academias e das assessorias esportivas da Capital Federal. A cada edição registra-se aumento no número de participantes.
                A corrida, já fazia parte das comemorações do aniversário de Brasília, entre os anos de 1991 e 1998, porém com competidores individuais. Em 2007 a prova conseguiu reunir 4.026 participantes e passou a ter equipes com dois, quatro ou oito atletas divididas nas categorias masculina, feminina e mista, além da categoria adaptada se revezando em um percurso entre a Esplanada dos Ministérios, L2 Norte, Setor de Embaixadas, Vila Planalto e Praça dos Três Poderes. 

Foto 3. "Correr, nos permite a ir além de onde jamais imaginávamos chegar."

                Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília é uma das mais belas e modernas cidades do país, cuja história começou há muito tempo atrás, ao ser profetizada em Turim, na Itália, pelo padre salesiano João Bosco. Diz a história que ele sonhou com uma grande civilização que iria nascer entre os paralelos 15 e 20, exatamente no local em que Brasília foi construída.
                52 anos depois, ao nos deparamos com essa “grande civilização” nos perguntamos: na verdade, o que temos para comemorar? Encravada no centro do Estado de Goiás, a cidade vem atraindo a atenção de todos os brasileiros em função de reunir em um só local, a elite da corrupção no setor público brasileiro, o que vem gerando centenas de manifestações populares de quem não se conforma com o “status das coisas”.
                Quem esteve na Esplanada dos Ministérios nessa data pode ver um pouquinho de tudo isso que escrevo. Essa edição da Maratona misturou-se com milhares de manifestantes que, dignamente se reuniram na Esplanada dos Ministérios, lutando pelo direito coletivo de não sermos mais enganados.
                Entretanto, como tudo na vida, sempre há exceções. Nesse sentido, até que temos algo a comemorar, afinal de contas, Brasília, sendo um espelho de tudo o que é bom ou ruim dentro de nós, é de todos os brasileiros! É uma cidade cosmopolita e que sempre recebeu de braços abertos todos aqueles que por lá se aventuraram.

Revezamento: um grande desafio, onde correr é apenas um detalhe!

                Uma prova de revezamento com mais de 5000 participantes requer uma organização de alto nível. Nesse sentido, a estrutura montada pelo Correio Brasiliense para essa edição é digna de nota. Tudo no seu devido lugar: uma grande arena de largada/chegada, grande quantidade de staffs para orientar e monitorar a segurança da prova, baias de diferentes categorias para os atletas de cada equipe permanecerem enquanto aguardam a sua hora de entrar na pista, duas zonas de transição muito bem delimitadas, postos de hidratação a cada 3 km, guarda volumes, etc.

Foto 4. Estruturas montadas para a corrida. Nesta foto, nossa área de transição (2 atletas).

Foto 5. Portal de chegada e largada mais ao fundo da imagem. Ao lado direito, áreas de transição.

Foto 6. Minha passagem pela área da transição. Completando a primeira volta: - É Pedreira!!!

Foto 7. Chegada de um atleta da Equipe do Cruzeiro

Foto 8. Áreas de transição.

                Montar uma equipe de revezamento requer muita habilidade e coordenação por parte de treinadores e atletas, especialmente diante de um percurso tão exigente e técnico como o dessa prova.  Nessa prova, por exemplo, a primeira etapa do percurso envolveu mais descida do que a última etapa, que exigiu muito mais do corredor.
                Assim, o capitão ou coordenador de cada time, além de ter as habilidades de liderança necessária, precisa também conhecer bastante seus atletas para poder alocá-los adequadamente ao longo do circuito. Portanto, um grande desafio por si só, onde correr é apenas um detalhe. 

Foto 9. Momento de um revezamento. Necessidade de sincronização entre os atletas.

Foto 10. Outro revezamento.

Foto 11. Outra transição realizada sem perda de tempo.

Foto 12. Tensão entre os atletas que aguardam seus pares.

Foto 13. Momento de ansiedade dos atletas que aguardam pelo revezamento.

Foto 14. Mais tensão.

                Nas equipes com 8 atletas, cada um cumpriu obrigatoriamente meia volta do percurso, onde 4 cumpriram a distância de 5.760m (1a etapa) e 4 a distância de 4.789 m (2a etapa). Nas equipes com 4 atletas, cada um cumpriu uma volta completa do percurso de 10.549m. Nas equipes com 2 atletas, cada um cumpriu duas voltas completas e consecutivas no percurso, totalizando 21.098m, sendo obrigatória a passagem pelo tapete da cronometragem eletrônica (leitura do chip) nas duas voltas.

Imagem 1. Percurso oficial da prova com duas áreas de transição distintas ao longo do percurso.

                A prova de revezamento requer também por parte da equipe de atletas, independente da categoria, muita coordenação. É preciso conhecer o preparo e capacidade de cada colega, estar atento na zona de transição para entrar na pista e fazer o revezamento na hora certa. Infelizmente ainda é muito comum ver atletas chegarem à zona de transição e perderem muito tempo, procurando o colega com o qual fará a transição.
                Com tanto apelos assim, não poderíamos ficar de fora. Eu e o companheiro Ricardo, optamos por participar dessa belíssima prova na categoria de dupla, cada qual sendo responsável por percorrer uma “perna” de 21.098 m. Eu, retornando de uma lesão. Ele, se preparando para correr uma maratona.
                Além de uma bela prova, muito bem organizada e com percurso certificado pela CBAt, a distância atende a cada uma de nossas necessidades e, pode ainda ser considerada como um treinamento de luxo.
                As provas na distância de 21 km, o percurso de uma meia maratona, são as que mais crescem em número de participantes tanto no Brasil como no exterior. Conseguir completar uma “meia” confirma que esta distância não é tão ingrata como uma maratona, que exige do atleta uma preparação prévia e muito mais complexa. Pude comprovar isso na prática, pois consegui finalizá-la mesmo sem treinar adequadamente por dois meses.

A Prova

                Geralmente, as corridas de rua são realizadas aos domingos. Essa não! O dia 21 de abril de 2012 caiu no sábado. Assim, os atletas puderam sair um pouco da rotina e correrem em um dia diferente. A velha desculpa do compromisso matinal aos domingos não “colaram” para essa prova.
                Foi um dia bonito e ensolarado na Capital Federal. Muitas atrações e festividades estavam programadas para a Esplanada dos Ministérios, palco da corrida e de onde foi dada a largada. Quem esteve lá naquela manhã, pode ver no céu azul de Brasília, mais de 15 balões sobrevoando a região. O dia prometia muita festa! Nós participamos da melhor parte, fazendo aquilo que mais gostando: correndo! 

Foto 15. 52 anos: Uma bela festa!

Foto 16. Balões coloridos preparam para subir.

                A prova em si pode ser considerada como uma “pedreira”. O percurso é muito técnico e exigente, especialmente em um dia ensolarado como foi este! Para quem corre, participar de uma corrida de revezamento na categoria solo ou em dupla sobre um percurso longo como foi esse, é um grande desafio. Para ter um bom desempenho, o atleta lida com o fator psicológico constantemente.
                O desafio mais significativo é a sensação de “dejavu” e o desgaste de ter que repetir uma cena, especialmente numa situação que envolve esforço, como o ato de correr. Ter que enfrentar aquela subida novamente, ter de passar pela zona de transição entre os quilômetros 4 e 5, ter de esperar pelo posto de hidratação que está no km 9, etc., são exemplos típicos dessa corrida. Além disso, para quem está nessa situação, ainda tem-se que lidar com o fato de corredores mais descansados e que acabaram de entrar na pista, o superar a todo o momento, acentuando o desgaste. Portanto, participar de uma corrida dessa natureza requer uma boa dose de equilíbrio.
                Tive sorte. Como capitão e primeiro atleta de nossa equipe, fui o primeiro a ir para a pista e lá estava eu na linha de largada que se deu às 8h em ponto. Digo sorte devido ao fato de que pude aproveitar um pouco mais o frescor da manhã. Procurei correr com cuidado, tentando sentir meu corpo e as reações de minha perna direita, que ainda se encontra em recuperação. Fui para prova tendo uma idéia do percurso, mais não sabia dos desafios que nós iríamos enfrentar: poucas descidas, subidas muito longas, muito sol, pouca sombra ao longo do circuito, etc.

Imagem 2. Altimetria do percurso.


                A maior “pedreira” quem pegou mesmo foi o companheiro Ricardo, que saiu para a pista por volta das 9h40min. Se o sol e o calor judiaram de mim, imagina ele que permaneceu no circuito até as 11hs aproximadamente. Foi uma prova que exigiu muita força, resistência e preparo físico e mental.
                Diante tantas dificuldades, ficamos satisfeitos com os nossos resultados. Como uma equipe, mantivemos uma boa média de, aproximadamente, 1h40min para concluir o percurso. Foi um teste e que aumentou ainda mais a nossa experiência ao ter participado da 6ª Maratona Brasília de Revezamento. 

Foto 17. Ao lado do companheiro Ricardo.

Foto 18. Prontos para novos desafios!

                Para mim, completar mais esse desafio me proporcionou maior confiança para esquecer um pouco a lesão e continuar seguindo em frente com corridas de média e longa distância. Para o companheiro Ricardo, o certificou para enfrentar uma maratona em breve.
                Esse é mais um mistério e um novo aprendizado. Correr nos ensina a desafiarmo-nos. A ir além de onde jamais imaginamos que pudéssemos chegar. E ajuda a descobrir do que somos feitos.

Fonte: 
Revista Runner's World - Edição 38 - dezembro de 2011

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vamos em Frente!

Vamos em Frente!
               
                Hoje, mesmo realizando sessões de fisioterapia e após quase dois meses parado em função de uma lesão, em uma decisão conjunta com meu fisioterapeuta, voltei ao treino de corrida com o objetivo de avaliar minha condição geral. Foi um grande teste!

Foto 1. Nós vamos!

                Exatamente no dia 24 de fevereiro de 2012, ao iniciar um treinamento longo de 30 km, senti um grande desconforto durante a corrida ao pisar com a perna direita. Não era uma dor incapacitante, mas, incomodava. Consegui terminar o longo. Posteriormente, ainda fiz mais dois treinos na semana subseqüente, achando que o problema seria passageiro. Não foi.
                Durante este período, a pedido de meu ortopedista, realizei uma série de exames investigativos. Uma ressonância magnética identificou uma fascite plantar inicial no calcanhar direito; uma ultrassonografia identificou uma lesão de 1 cm na panturrilha direita. Tratei as duas lesões com competentes sessões de fisioterapia.
                Entretanto o desconforto continuou. Ainda tentei realizar alguns treinos, mas, tive que interrompê-los em função do incômodo, traduzido em muita dor. Cheguei a fazer uma tomográfica computadorizada, temendo se tratar de uma “fratura por estresse”, o que não se confirmou e, o problema continuou. Estendi as sessões de fisioterapia por mais um período. Finalmente, com a introdução de algumas sessões de RPG, os resultados começaram a aparecer.
                Nesse período, tendo em vista minha ausência durante as sessões de treinamento, adotei uma bicicleta ergométrica como companheira. Ela foi, e continuará sendo de grande ajuda, tendo colaborado bastante nos momentos de solidão. Era eu e ela. Ela e eu.
                Essa companheira ajudou a manter grande parte de meu condicionamento, durante o tratamento, que ainda está em curso. Sem treinar, cheguei a participar esporadicamente de algumas provas, nas quais já estava inscrito, sempre procurando me preservar.
                Hoje reconheço que nós, corredores, devemos assumir a responsabilidade de entender e ouvir cada detalhe de nosso corpo. É verdade que temos os ortopedistas, fisioterapeutas e nutricionistas como nossos aliados, entretanto, nós mesmos somos os responsáveis por aquilo que nos acontece (de bom e, de ruim).
                Nessa minha volta ao treino, fui muito cuidadoso, pois, procurei ouvir o meu corpo atentamente (panturrilha, tendão, adutor, etc.). Depois de quase dois meses praticamente parado, consegui correr livremente, sem aquele desconforto. Ainda assim, foi necessário manter o ritmo sob controle. Consegui fazer quase uma hora de treino. Foi uma grande vitória.
                Com o desempenho de hoje e o apoio de meu ortopedista e fisioterapeuta, posso dizer que, praticamente, estou em condições de completar o desafio de percorrer os 21,1 Km, ao lado do companheiro de equipe Ricardo, que também percorrerá essa distância, durante a 6ª Maratona Brasília de Revezamento.
                Gostaria de agradecer a todos os companheiros que ligaram e enviaram mensagens perguntando pelo meu bem-estar. A vibração positiva de vocês foi fundamental para minha recuperação.
                Vocês estarão em nosso pensamento durante a prova!             
                Um grande abraço a todos!

domingo, 8 de abril de 2012

13ª Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília


13ª Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília

“A verdadeira medida de um corredor não está no tempo, ao contrário. Está no esforço empreendido ao longo do caminho.”
 Jenny Hadfield

                A prática da corrida proporciona vários tipos de experiências positivas na vida de quem a pratica. Eu poderia enumerar várias delas, conhecidas ou não do público em geral. Por exemplo, na corrida não importa qual a sua classificação ou em qual lugar você chegou. Nela, todos são vencedores e apesar de corrermos sozinhos, ela está longe de ser solitária. Ao contrário de outras modalidades onde a maioria são expectadores, na corrida, você é protagonista de sua própria história.

Foto 1. Na corrida, você é protagonista de sua própria história.

                Estes sentimentos se tornam cada vez mais fortes e verdadeiros à medida que a quilometragem percorrida pelo atleta aumenta, pois com este incremento, formado pelo tempo em que o atleta dedica a prática esportiva, é o alimento por meio do qual nascem as experiências individuais.
                As estimativas sugerem que Brasília tenha cerca de 200 mil corredores de rua (não-profissionais). No Distrito Federal, o número de eventos na modalidade, seja provas com percursos puros ou mistos de 5, 10, 16, 21 e 42 km, também não para de crescer. O fato de ter duas ou mais competições sendo realizadas na mesma data, não chega a esvaziar as provas, em função do grande número de praticantes.
                A Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília está em sua 13ª edição e já virou uma tradição na capital. Muitos não sabem, mas a prova é realizada durante o mês de abril em função da comemoração do aniversário da cidade.
                Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília é uma das mais belas e modernas cidades do país, cuja história começou a mais tempo do que muitos imaginam. Antes de ser construída, a capital do Brasil, foi profetizada em Turim, na Itália, pelo padre salesiano João Bosco. Ele sonhou que uma grande civilização iria nascer entre os paralelos 15 e 20, exatamente no local em que Brasília foi construída.
                Histórias à parte, a Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília é hoje uma das 10 maiores provas de corrida de rua do Brasil. Cada cidade possui a “meia” que merece! Seja no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, etc. Cada uma delas é única e possui a sua beleza e nível de dificuldade singular.


Foto 2. Protagonizando a própria história

                No caso de Brasília, a prova surgiu no ano de 2000 com o intuito de preencher um espaço vazio: ter uma prova de longa distância na cidade. Hoje já são várias. Predominantemente formada por atletas amadores, recebe atletas de elite brasileiros e estrangeiros. A prova se internacionalizou em 2006, o que aumentou o seu nível técnico.
                A prova cumpre todas as exigências da Federação de Atletismo do DF, além de seguir as regras e determinações de competições internacionais, como a cronometragem e a arbitragem, o auxílio de chips na apuração, postos de hidratação a cada cinco quilômetros, percurso monitorado por 200 fiscais, quatro ambulâncias distribuídas ao longo do trajeto.
                Hoje essa prova faz parte do calendário nacional de corridas de rua Classe A1, isto é, uma prova com regras da IAAF (Internacional Association of Athletics Federations) e normas da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), sendo ainda válida para o ranking CAIXA/CBAt.
                Além da distância de 21 km, realiza-se paralelamente uma corrida popular de 7 km, em caráter competitivo. Portanto, apesar de sua importância, a prova não é uma “meia pura”, mas sim uma prova dentro da outra.
                As provas do ranking CAIXA/CBAt têm organização independente da CBAt e são indicadas pela Caixa Econômica Federal (CEF). Trata-se de uma parceria entre as duas entidades. Como regra, os atletas cadastrados como corredores de rua na CBAt, que se classificarem até o vigésimo lugar recebem pontos diretamente decrescentes para o ranking, com pontuações distintas para o feminino e para o masculino.
                De acordo com o site oficial da MEIA, são três classes diferentes de corridas reconhecidas pela CBAt: a) Classe A-1 – Provas Nacionais; b) Classe A-2 – Provas Nacionais; c) Classe B – Provas Estaduais. Essa MEIA faz parte da Classe A-1. Esse reconhecimento é solicitado à CBAt. As provas brasileiras que integram o “IAAF Label System” são reconhecidas pela CBAt como Classe A-1.
                O que muitos não sabem é que as corridas de rua realizadas no Brasil são destinadas primeiramente a brasileiros natos ou naturalizados. A participação de estrangeiros, no caso das corridas de Classe A-1 é limitada em até três atletas (masculinos e femininos) por país. Já nas corridas de Classe A-2 podem ser inscritos até dois atletas (masculinos e femininos), por país.
                A CEF é uma das instituições que mais fomenta a corrida de rua no país, estimulando tanto atletas de elite a serem mais competitivos, quanto os amadores a terem um estilo de vida mais saudável. A prova disso está no famoso circuito de rua patrocinado por ela. Somente no ano passado foram 23 competições no circuito.
                No dia 01.04.2012 foram realizadas duas importantes provas no Centro-Oeste. O Circuito de Corridas CAIXA, com percursos de 5 e 10 KM em Goiânia e a 13ª MEIA Maratona Internacional CAIXA de Brasília, com percursos de 7 e 21 Km. Ambas valiam pontos para o ranqueamento dos atletas pela CBAt.
                Sem dúvida alguma, duas provas de alto gabarito e imperdíveis para os atletas da região. As duas provas estão direcionadas para corredores com perfis diferentes, em função das características das mesmas. Afinal, há aqueles que preferem a longa e, outros, a curta distância. Entretanto, quem está preparado para correr a longa, também pode correr a curta. Infelizmente, muitos atletas tiveram que optar entre correr uma ou outra prova.
                Coincidentemente, neste mesmo dia 01.04.2012 também foi realizada em Brasília uma etapa da WRUN, que é uma corrida voltada somente para o público feminino. A mesma teve a sua largada no Pontão do Lago Sul, às margens do Lago Paranoá, um importante ponto turístico da cidade. Esta coincidência não esvaziou nenhuma das duas provas, em função do grande número de corredores (as) em Brasília.
                Particularmente, mesmo tendo fixado como objetivo para 2012 ser um atleta sub 40 nos 10 km em uma prova oficial certificada pela CBAt, acabei optando por correr os 21 Km em Brasília, não só pelas características da prova citadas acima.
                Como em julho de 2012, também pretendo participar da Maratona do Rio de Janeiro, acabei optando por participar dessa prova, certificada pela CBAt, como treino e preparação para a maratona. Eu e o companheiro de corrida Ricardo Tibúrcio, que está se preparando para correr a Maratona de Brasília, resolvemos enfrentar esse desafio.
                Quando me inscrevi na MEIA, estava no auge de meu treinamento. Vinha correndo em torno de 60 a 70 km semanais, dia sim, dia não, isto a dois meses atrás. Obviamente, respeitando minhas limitações pessoais, bem como reservando tempo suficiente para minha recuperação. Infelizmente, acabei me lesionando e, ainda hoje estou me recuperando.
                Durante esse período, para não perder muito do condicionamento, adotei uma bicicleta ergométrica na academia como companheira e sobre a qual pedalava cerca de 30 a 40 minutos diariamente. Não é a mesma coisa, mas, vamos lá, ajuda bastante a manter a freqüência cardíaca em alta.
                Coincidentemente o companheiro Ricardo Tibúrcio também havia se machucado em outra atividade dias atrás. Portanto, esse desafio, que nessa altura do campeonato, tornou simplesmente o de concluir o percurso de 21,1 Km, tomou proporções bem desafiadoras. 

Foto 3. Com o companheiro Ricardo, antes da largada.

                Fisicamente debilitado, mas, psicologicamente eu estava preparado. Viajamos para Brasília. Iria tomar minha decisão final entre correr ou não correr no domingo pela manhã, ocasião em que teria melhores condições de me avaliar. Foi o que eu procurei fazer meticulosamente. A 13ª edição da MEIA Maratona de Brasília foi realizada ao longo do Eixão Norte, endereço fixo do evento. Foram 21 km de um percurso relativamente plano e em linha reta.
                Curiosamente, o dia 01 de abril também é o “dia da mentira” no Brasil. Entretanto, não havia mentira alguma estarmos alinhados junto aos demais atletas perante a linha de largada. Também é no mês de abril que damos “adeus” as “águas de março”, mas hoje tudo mudou em função das ações do homem sobre a natureza. Viemos de Goiânia à Brasília, por exemplo, sob uma forte chuva. Entretanto, no dia 01.04 quem apareceu mesmo foi o sol. As 08h da manhã, o calor já estava insuportável.
                O circuito desenhado para essa prova representa um grande desafio psicológico para os participantes. São 21,1 Km percorridos sobre uma linha reta. O percurso sobre o “Eixão” consiste em uma “ida e volta”, sendo que na volta, antes de finalizar a prova, o atleta ainda passa pela arquibancada e arena de largada e percorre mais três quilômetros até a linha de chegada. É, de fato, um grande desafio.
                Algumas provas vêm deixando os atletas mal acostumados, ao oferecer postos de hidratação a cada 3 km. Nessa prova, os postos foram dispostos a cada cinco quilômetros. Isso, aliado ao forte calor e ao fato de o atleta enfrentar uma linha reta “aparentemente” interminável, consolidou o grande desafio psicológico enfrentado pelos atletas. Os companheiros ultramaratonistas enfrentam esse tipo de desafio rotineiramente. Essa MEIA, portanto, é para gente grande!

Imagem 1. Percurso e Perfil altimétrico da Meia Maratona Caixa de Brasília

                Do ponto de vista cênico, Brasília é muito rica, mas, diferentemente do “Eixo Monumental”, onde estão os belos monumentos da Capital Federal, correr sobre o “Eixão” não tem lá muita coisa para se observar, pois ele simplesmente corta as superquadras. Justamente no ponto em que o Eixão cruza com o Eixo Monumental, onde se encontra o Teatro Nacional, os atletas, descem um túnel sob a rodoviária, e a única coisa que se consegue observar de longe é o prédio do Banco Central. Nesse aspecto, a Meia das Pontes de Brasília ou a Asics Golden Four, são muito mais interessante.
                O Eixão é muito representativo para o brasiliense, pois aos domingos, grande parte dele é fechado para o público fazer atividades ao ar livre. Durante a prova, entretanto, esse público compartilhou aquela enorme passarela com os atletas da meia maratona. Lá estavam eles, caminhantes com ou sem os seus cães, corredores de finais de semana, ciclistas, skatistas, entre outras tantas novidades do mundo do esporte. Um ou outro procurava incentivar os atletas durante a prova, mas, com certeza, para a maioria deles nós éramos estranhos ao lugar.

Foto 4. No eixão, divindo o percurso com ciclistas, caminhantes, skatistas e demais corredores.

                Essa prova representou para mim um grande desafio pessoal. Ainda me recuperando de uma lesão e sem treinar há mais de quarenta e cinco dias, tive que colocar em prática várias estratégias durante a competição. Foram os 21 km mais difíceis que enfrentei. Tive que estar em sintonia com meu corpo durante todo o momento para administrar meu ritmo quilômetro a quilômetro.
                Senti-me muito bem na primeira metade da prova e pude administrar o incômodo (a dor) que sentia e implementar um bom ritmo. A segunda metade foi muito difícil, principalmente em função de não estar treinando, além das reações de meu corpo que começava a “falar” mais alto. Isso, aliado ao efeito psicológico do percurso, aumentou ainda mais o meu objetivo que naquele momento era o de apenas concluir a prova.
                Do quilômetro 16 em diante voltei a me sentir bem e pude melhorar um pouco meu ritmo. Ao passar pela arquibancada e onde estava a arena de chegada, por volta do quilômetro 18, a banda executava uma música, o que me deixou mais animado ainda. Nessa ocasião pude ultrapassar ou me aproximar muito de alguns atletas que haviam me ultrapassado lá atrás.
                Entretanto, ainda havia mais 3 quilômetros para finalmente alcançar a linha de chegada, sendo 1,5 Km descendo e outro tanto, subindo. Nesse trecho alinhei-me a um jovem que durante a prova me informou que estava debutando nos 21 Km. Para ele, como corredor de 10 km, aquela prova também estava sendo um grande desafio.
                No ano passado participei da 12ª edição dessa prova fechando-a com o tempo de 1h40min. Nesse ano, mesmo com todas as dificuldades relatadas acima, consegui finalizá-la com o tempo de 1h38min. Havia aproximadamente 637 corredores inscritos no percurso de 21 km. Classifiquei-me em 15º atleta na faixa etária e 90º no geral.

Foto 5. Mais do que completar a distância, um grande desafio!
Foto 6. Com o companheiro Ricardo, logo após a chegada.

                Meu companheiro de corrida Ricardo chegou logo depois. Tínhamos muito que comemorar. Afinal de contas, vida de corredor é assim mesmo. Segundo ele me disse momento antes de iniciarmos essa jornada, nós corredores fazemos coisas que muitas vezes estão além do que o corpo humano e nossas articulações podem suportar. Enfrentar uma Maratona ou até mesmo uma Meia Maratona é uma delas.
                Só para se ter uma idéia, os nossos pés batem no chão cerca de 20.000 vezes a cada 21 km percorridos. Além disso, considerando somente os pés, o ato de correr é o resultado do trabalho conjunto de 26 ossos, 112 ligamentos, 33 juntas e uma extensa rede de tensões, nervos e vasos sanguíneos. O equilíbrio e a propulsão dependem totalmente deles, sem falar dos músculos e demais articulações.
                Entretanto, corredor é mesmo um ser diferenciado. Ora age como um louco, ora como uma criança, que faz alguma proeza escondida de seus pais, com receio de ser repreendida. O agir a que me refiro se encaixa dentro de uma “irresponsabilidade” controlada, isto é, não é algo que escape do controle. Muitas vezes me vejo assim, bem como a muitos companheiros de corrida. Volto ao início desse relato: a prática da corrida proporciona vários tipos de experiências. Uma delas é voltar a ser criança, exprimido por meio da sensação de liberdade que a corrida oferece.
                O tempo alcançado nessa prova ainda está longe de alcançar a marca de sub 1h30min na distância. Entretanto, diante de todas as adversidades, gostaria de finalizar esse relato com a fotografia do portal da linha de chegada, que registrei logo após a prova. A presença da criança, impedida de cruzar a mesma em função da repreensão do pai, foi uma grata surpresa! Valeu a pena ter enfrentado mais esse grande desafio, afinal de contas....

Foto 7.  A corrida e a sensação de liberdade - "irresponsabilidade controlada"

                “A verdadeira medida de um corredor não está no tempo. Ao contrário, está no esforço empreendido ao longo do caminho” - Treinador Jenny Hadfield

Fonte: