domingo, 29 de janeiro de 2012

42ª Corrida de Reis de Brasília

42ª Corrida de Reis de Brasília

                Com recorde no número de atletas inscritos, a 42ª Corrida de Reis confirma que Brasília possui um mercado muito promissor para os interessados no lucrativo segmento da corrida de rua. Além de movimentar o turismo na cidade, a prova se firma como uma das maiores do Distrito Federal.
                A tradicional Corrida de Reis de Brasília acontece desde o ano de 1971. Em sua primeira edição, 42 atletas largaram no eixo rodoviário sul e chegaram à antiga sede da TV Brasília, situada na época na W3 sul.
                Segundo dados da organização, em 2011, 3.500 pessoas se inscreveram oficialmente. Em 2012 esse recorde anterior foi ultrapassado. Hoje, a Corrida de Reis pode ser considerada como a maior corrida de rua do Distrito Federal, contando inclusive com a participação de atletas de outros países e vários atletas olímpicos e da elite brasileira. Carmem de Oliveira (cinco vezes campeã) e Valdenor do Santos (sete medalhas) são os maiores vencedores da Corrida até hoje.
                Tradicionalmente a Corrida de Reis é realizada em janeiro, próximo à comemoração do “Dia de Reis” (06 de janeiro). Entretanto, para não se chocar com a também tradicional Corrida de Reis da cidade de Cuiabá, a organização optou por realizar a prova no final do mês de janeiro.
                Não sei ao certo se foi devido à nova data, ou se devido ao fato de que o evento é inteiramente gratuito, pois é financiado pelo Governo do Distrito Federal, mas na 42ª edição da Corrida de Reis do Brasília houve recorde absoluto de participantes. O kit do corredor foi composto por camiseta comemorativa, uma Squeeze, número de peito e chip de cronometragem descartável.
                Devido ao grande número de inscrições, vários atletas tiveram que entrar em uma lista de espera (reserva). Estes somente tiveram as suas inscrições confirmadas no dia da corrida, após a checagem das desistências. Os atletas que estavam em lista de espera chegaram a receber um e-mail da organização confirmando a inscrição, todavia, a mesma somente pode ser de fato confirmada no próprio dia da corrida. Este fato causou muita confusão, pois os atletas provenientes de outras cidades, que estavam nessa condição de “cadastro reserva” e que já estavam hospedados na Capital Federal correram o risco de correr na “pipoca”. Todavia, a organização foi muito rápida em sanar as principais dúvidas e, gentilmente, procurou resolver caso a caso.
                A 42ª Corrida de Reis é uma prova reconhecida por pagar bons prêmios aos corredores. Neste ano, o campeão recebeu R$ 10 mil, o vice R$ 5 mil, e o terceiro R$ 3 mil. No total, a corrida distribuiu R$ 47 mil em prêmios. Nada mal! Não é à toa que a prova está se tornando internacional e aumentando significativamente o número de participantes.
                A premiação em dinheiro para os atletas da corrida competitiva, os 10 km, é válida até o décimo colocado. Todos os concluintes recebem medalhas. Já o troféu fica restrito para aqueles que ocupam os três primeiros lugares (faixa etária).
                Segundo dados divulgados pelo site “Corredor de Rua” do Distrito Federal, foram 6.000 atletas inscritos. Outros 2.000 que quiseram se inscrever, mas perderam o prazo, e não conseguiram entrar para o “cadastro reserva” tiveram que correr na pipoca. No entanto, isso não tirou o brilho da festa, ao contrário.
                A 42ª corrida de Reis movimentou o turismo neste final de semana na Capital Federal. Brasília, que se prepara para ser uma das principais sedes da Copa do Mundo de Futebol, teve nesse evento um pequeno teste. Segundo o Secretário de Turismo da cidade, Luís Otávio Neves, os atletas de outras cidades tiveram benefícios, como descontos para uma vasta programação turística (hotéis e restaurantes da cidade).
                Foi um belo evento. A prova, realizada neste último sábado (28 de janeiro de 2012) reuniu os atletas no Eixo Monumental de Brasília para competirem nos percursos de 10 e 06 quilômetros (sendo que nos 6 Km somente participativo). A largada ocorreu às 19h15min em frente ao Estádio Mané Garrincha.

Foto 1. Largada elite masculina

                Damião Ancelmo de Souza, 32 anos, sagrou-se campeão da disputa entre a elite masculina pela segunda vez. Ele já havia sido o primeiro brasileiro a cruzar a linha de chegada da São Silvestre deste ano, em sétimo lugar. A prata ficou com o queniano Joseph Kachapin (29min23seg), e o bronze com Flavio Henrique Guimarães (29min37seg). No feminino, o pódio ficou com a queniana Rumokol Chepkanan (32min37seg). Em seguida, Cruz Nonata da Silva (33min04seg) e Nelly Jepkurui (33min35seg).
                Ainda voltando ao ritmo normal dos treinos, fui para Brasília com uma grande expectativa de reduzir minha marca de tempo nos 10 km. Fechei a prova com 41min13 segundos, ficando em 16º lugar na faixa etária e 116º na classificação geral. Foi um tempo muito melhor do que o alcançado durante o Circuito Nacional de Corrida dos Carteiros – Etapa Final de Brasília, cujo percurso é muito parecido (invertendo somente a posição da subida e descida). Mais uma corrida, mais um grande aprendizado.

Foto 2. Logo após a prova.

                Sem dúvida alguma, este não é o tipo de prova para se alcançar a melhor marca nos 10 km.  Os corredores tiveram que enfrentar um percurso com elevado nível de dificuldade devido as subidas acentuadas e descidas íngremes do Eixo Monumental, mas, sem dúvida alguma, recompensador pela vista da Torre de TV, a Catedral e os edifícios da Esplanada dos Ministérios, todos muito iluminados.
                Foi gratificante ter participado dessa prova. Tive a oportunidade de rever, cumprimentar e acompanhar o desempenho de vários companheiros de corrida de Goiás, além de fazer novas amizades com os corredores do DF. Muitos destes encontramos nas principais provas do DF e do Brasil.
                Após a corrida, conversei com o companheiro Sílvio Caetano de Goiânia, que além de elogiar a corrida, fez um excelente tempo no percurso de seis quilômetros. Entretanto, outros atletas de Goiás, só consegui cumprimentar durante o percurso, no meio da corrida, em função do grande número de participantes.  

Foto 3. Com o Companheiro Silvio Caetano

Foto 4. Só falta correr como eles!

                Por falar em companheiros de corrida de Goiás gostaria de registrar aqui o excelente desempenho do colega Donizette Alves da Silva, atleta da cidade de Trindade, com o qual venho conversando e aprendendo bastante. O Donizette é um exemplo de pessoa que nasceu para correr e, correr muito bem! Com menos de três anos de praticante de corrida de rua, o Donizette fechou os 10 km da Corrida de Reis com o tempo de 36min49seg, ficando em 3º lugar em sua faixa etária e 31º na classificação geral. Sem dúvida alguma, um corredor de elite nato. Ele também vem se destacando nas principais provas realizadas no país. Parabéns Donizette!
Foto 5. Com o Companheiro Donizette

                Enfim, Brasília com esta prova e outras de igual sucesso, vem se confirmando cada vez mais como uma cidade dos praticantes de corrida de rua! É muito comum por lá, provas de 5 e 10 quilômetros reunir 5.000 participantes. Sem dúvida alguma, um mercado muito promissor.

Fonte:

11ª Corrida do Fogo de Trindade

Uma nova Prova de Fogo

                A Corrida do Fogo de Trindade já está na sua 11ª edição o que demonstra que, apesar de todas as dificuldades para realizá-la, a mesma veio para ficar. A prova realizada no dia 21.01.2012, com percursos de 4 e 8 km, praticamente inaugurou o calendário goiano de corrida de rua de 2012. Portanto, uma excelente oportunidade para os atletas que estavam de férias retornarem aos seus treinos, participando de uma prova inteiramente gratuita e ainda cronometrada.
                A Corrida do Fogo de Trindade é uma prova solidária e voluntária que envolve diversos membros da comunidade local, especialmente do Bairro Dona Iris desse município. A corrida, organizada pelo jovem corredor Wellinton Rosa, ainda conta com o suporte da Sistime que atua voluntariamente realizando as inscrições online, fornecendo os chips e todos os equipamentos necessários para a cronometragem.
                Novamente, o aspecto que mais chama a atenção: o envolvimento das crianças do bairro. Antes da largada principal realiza-se uma corrida somente para elas. Ocorre a participação de vários corredores mirins locais, sendo esta uma excelente iniciativa na introdução e no estímulo à prática esportiva destes jovens.
                O percurso de 8 km gerou certa preocupação para os corredores, pois não estava muito bem balizado, o que pode ter influenciado no desempenho de alguns atletas que se perderam. Nesta 11ª edição o percurso foi diferente do ano passado. Corredores que já participaram das edições anteriores o acharam um pouco mais “fácil”. O Bairro Dona Iris é conhecido pelas suas ladeiras. Assim, posso dizer que o percurso foi muito técnico, e exigiu um bom preparo, pois em sua primeira metade tivemos que superar as longas ladeiras do bairro que só foram suavizadas no quilômetro final.
                A corrida reconheceu os vencedores distribuindo troféus do primeiro ao terceiro colocado geral (masculino e feminino nos 8 km), premiando ainda as faixas etárias tanto no masculino quanto no feminino, em três categorias: a) corredores residentes na cidade de Trindade, b) corredores convidados e, c) portadores de necessidades especiais.
                Mais uma vez, depois de um período ausente das ruas, em função das férias, foi uma grande oportunidade para correr e também rever os companheiros de corrida. Desta vez, vários deles subiram ao pódio.
Foto 1: Laércio, João Honório, Fernanda e Nilo.

Foto 2. Pódio da colega Fernanda da Equipe Renault

Foto 3. Pódio do Companheiro Donizette, residente em Trindade-GO

                Nesta edição, tive a oportunidade de me classificar em terceiro lugar em minha faixa etária e pude subir novamente naquele pódio improvisado com caixas de cerveja do “Bar do Negão”, como é conhecido e carinhosamente chamado pelos moradores da região.

Foto 4. Meu pódio na companhia do Companheiro Laércio

                Apesar de todo o improviso, o que não falta é muita animação e boa vontade dos organizadores, dos moradores do local e dos participantes! Eventos dessa natureza despertam o lado de nossa responsabilidade social.
                Parabéns a todos os nossos companheiros! 
Foto 5. Chegada do Companheiro Wellinton

Foto 6. Simplicidade - Corredores analisam listagem de classificação

Foto 7. Equipe Sistime - Serviço e apoio voluntário!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Solo Sagrado

Solo Sagrado

                Há uma unanimidade no mundo da corrida: pelo custo de um par de tênis e de alguns poucos minutos de dedicação, você se torna membro de um clube de saúde que está aberto 24 horas por dia. O treinador britânico Sean Fishpool ainda acrescenta que o mais importante ainda é que, “correr” é um passaporte gratuito para uma vida mais saudável, mais relaxada e mais confiante, isto é, uma descoberta e experiência que muitos jamais imaginaram.
                Para o professor Manoel Tubino a corrida é o exercício físico mais natural do ser humano, desde a pré-história. Para o jornalista e corredor carioca Yllen Kerr, a corrida permite uma reflexão sobre as suas próprias possibilidades dentro de um exercício fascinante, fraternal e singelo. É, antes de tudo, uma atividade alegre, uma arte que reconcilia o homem com o tempo, que pelo seu ritmo musical faz o homem maduro virar um jovem. Há uma série de benefícios na corrida, que não vem ao caso citar agora neste artigo, mas assim como eles, para mim, correr é viver! O homem corre por nenhuma razão e por todas, ao mesmo tempo.
                O praticante da corrida de rua é mesmo um ser privilegiado. Além de seu baixo custo e de todos os seus benefícios, a prática dessa modalidade esportiva ainda permite que o atleta tenha um amplo leque de escolha para diferentes tipos de superfícies para correr. Pode ser na grama, no chão batido, na areia, por entre as trilhas, no asfalto, na esteira, etc. É o terreno, por onde toda essa arte toma forma e movimento.
                Podemos considerar o solo, por onde passa os pés ou os tênis dos atletas, como algo muito sagrado. Por isso, não há por que considerar um colega corredor como um companheiro somente do asfalto ou das pistas e trilhas. Melhor seria considerá-lo, de uma forma ampla, como um “companheiro de corrida”, independente do terreno onde se desenvolve essa prática. Esse foi o pensamento que motivou a mudança do nome deste blog para “Companheiros de Corrida”.
                Apesar de grande parte corredores adotar o asfalto como terreno preferido, afinal é nele que se realiza grande parte das nossas provas, acreditamos que, com esta adequação, deixamos o termo mais abrangente e fazemos justiça à principal função desse blog que é divulgar e estimular a prática dessa modalidade esportiva, independentemente de onde ela é praticada.
                A variabilidade de pisos e terrenos colocados à disposição dos atletas, além de oferecer diferentes opções para melhor condicioná-los fisicamente, ainda exerce outra importante função: a quebra da monotonia e da rotina, tornando a corrida e o percurso escolhido mais agradável.
                Aproveito para citar Yllen Kerr novamente. Ele nos narra uma cena pitoresca ocorrida na década de 70 e que possui uma relação direta com esse tema. Para ele, a corrida, especialmente a longa, era como a vida, onde quem corre, o faz por alguma razão, fosse nos calçadões, nas ruas ou praças de uma grande cidade como o Rio e São Paulo, ou em estradas do interior, em matos atravessados por estradas de terra ou por trilhas, ou nas avenidas de Paris. Com base em sua experiência naquela época, ele nos conta que já havia visto de tudo.
                Em seu relato, no carnaval de 1977, ele e um grupo de amigos resolveram fazer um treino dentro de uma fazenda da região. Então, prepararam os materiais e já no primeiro dia, dispararam pelo campo, cortando a fazenda de um lado para outro. Como o percurso envolvia uns dez quilômetros, eles tinham que passar por casas de colonos, algumas roças e gente que transitava por aquelas redondezas, a cavalo ou a pé.
                No terceiro dia, quando eles se reuniram em uma pequena cachoeira para uma ducha reparadora, um humilde homem do campo, com seu sotaque típico, chegou e perguntou timidamente: - Gente boa, o que é que tá acontecendo que tem pessoal correndo pra todo lado? A perplexidade de um homem simples, simplesmente não o deixava entender que alguém estivesse por ali correndo sem um motivo grave.
                Comigo também ocorreu uma cena pitoresca, quando decidi fazer um treino de fortalecimento no chão batido de uma fazenda localizada no Triângulo Mineiro. Apesar de estarmos em 2012, imaginem a cena do pessoal local me vendo correr naquelas redondezas calçando um Vibran Five Fingers. Estava mais para um extraterrestre e, com certeza, foi  engraçado, pois até os cachorros da fazenda viram a cena com desconfiança e espanto.

                Em seu manual devotado aos iniciantes à corrida de longa distância, Sean Fishpool, nos apresenta, segundo a sua experiência, as cinco melhores superfícies para se correr, e as duas piores. As apresento abaixo.
                As Melhores:
1)Trilhas planas
As trilhas em florestas, apesar de serem sujas, com folhas secas ou pequenas lascas de madeiras, são naturalmente amortecidas. Além disso, elas naturalmente conduzem o corredor a um cenário bonito e inspirador. Por questões de segurança, ele sugere sempre correr ao lado de um companheiro.
2) Grama aparada
Trata-se de outra superfície generosa e macia. Ele sugere evitar a grama alta, onde podem estar escondidos alguns buracos.

3)      Pista de atletismo

Talvez não seja a superfície mais excitante, mas é plana e amortecida. Além disso, essa superfície permite que o corredor tenha uma medida exata de um quarto de milha por volta, os 400 m de sua circunferência, por onde se pode calibrar o ritmo e registrar os progressos semanalmente.

4)      Asfalto

Não é a superfície mais macia, mas também não é a mais dura. Ele aconselha não correr mais do que dois terços de sua rodagem sobre o asfalto, além de ser necessário utilizar um bom tênis para evitar lesões.

5)      Esteira

As esteiras são amortecidas, planas e seguras. A corrida “indoor”, realizada sobre elas são muito convenientes, apesar de carecerem de inspiração. Ele nos alerta que a corrida nesta superfície pode desenvolver alguns músculos em detrimento de outros, sendo necessário integrar um treinamento de força e intercalar algumas corridas “outside” sempre que possível. A esteira é sempre uma boa escolha para aqueles que retornam de uma lesão.

As Piores:

1)      Concreto
É a superfície mais destoante que o corpo de um corredor pode encontrar.

2)      Superfícies curvas

Algumas ruas e estradas são curvas em suas bordas para permitir a drenagem. Se essa curva for acentuada, pode lesionar o corpo do corredor ao longo do tempo. Evite-as, se possível e tente, pelo menos, mudar de direção com certa freqüência.

                Para fechar, algumas considerações finais:
                O concreto é o mais rígido entre todos os pisos. É o que oferece maior impacto e, portanto, o menos indicado. Essa superfície requer tênis com bom amortecimento, que ofereça proteção contra o impacto e flexibilidade para maior conforto.
            Já o asfalto permite que o corredor se acostume com as condições que serão encontradas no dia da prova. Também é rígido, mas devolve o impulso da passada e permite desenvolver boa velocidade. Pode ser usado em treinos de tiro e em longões. Tênis com um bom sistema de amortecimento e flexibilidade são os mais indicados. A ventilação do pé é importante porque o asfalto, mais que qualquer outro piso, absorve muito calor.
                Na grama, a maior parte do impacto é absorvida pelo chão em vez de voltar para a perna. Por isso, ela é uma boa opção para quem quer gastar mais calorias e trabalhar a musculatura. Indicada para treinos intervalados ou fartleks. Prefira tênis com um bom sistema de tração. Por ser um terreno mais macio, a grama não pede tanto amortecimento, mas o tênis deve oferecer estabilidade.
                  A esteira oferece uma superfície amortecida, o que reduz o estresse nas costas, quadril, joelhos e pés. É um caminho livre de obstáculos e uma boa opção para quem tem pouco tempo ou deseja controlar o exercício, a freqüência cardíaca e velocidade. Um modelo de tênis mais simples, mas que ofereça bom equilíbrio, amortecimento e estabilidade é uma boa opção.
            Nas pistas de corrida, a superfície é sintética e não traz surpresas, pois não há raízes nem meios-fios. Tem um amortecimento melhor do que o asfalto, mas não é mole a ponto de provocar instabilidade. Boa para treinos de velocidade, sendo útil para quem precisa marcar a quilometragem exata. O material da pista é feito especialmente para tracionar as travas das sapatilhas dos corredores de alto desempenho. Se não é o seu caso, e você a usa apenas para treinos, não dispense o amortecimento e a estabilidade, especialmente se ela estiver desgastada.
                Há ainda dois tipos de superfícies que não foram comentadas acima, mas que é importante tratarmos:
            A terra batida é considerada por treinadores como o piso ideal para oferecer bom amortecimento. Todavia, ela não “segura” tanto a passada. É favorável para se realizar treinos longos e de intensidade. Para este terreno, o calçado deve ter um solado com boas ranhuras, para garantir maior tração e diminuir a chance de se escorregar. Quanto mais largo for o solado, maior estabilidade. O cadarço deve possibilitar um encaixe justo no pé e a entressola deve ser macia para absorver o impacto de uma pedra ou buraco. O tecido deve ser ventilado e possibilitar a saída de água (caso você passe por um trecho molhado). A malha do tecido deve ser resistente o bastante para proteger o pé de galhos. Se o piso for muito irregular, invista em um modelo específico para trilhas.
            Já a areia é instável e submetem os joelhos, tornozelos e quadril a um intenso movimento de torção. Como esse terreno exige força de músculos que costumam ser negligenciados, treinar na areia é uma boa opção para desenvolver a força. Também é o solo indicado para estimular a propriocepção (conscientização corporal). As corridas neste tipo de piso devem ser curtas. Para algumas pessoas, o uso dos tênis mínimos, que simulam os pés descalços, ou não usar nada, possa ser a melhor opção. Por ser mais macia, a areia não requer tanto amortecimento. Cuidado para não machucar ou queimar os pés. Para quem se sente inseguro em correr descalço, um tênis baixo e leve é o ideal. Se correr perto do mar, dê preferência a modelos com um bom sistema de saída de água.
                Portanto, caro companheiro de corrida, não há desculpas! Aproveite bem o solo sagrado. São várias as opções colocadas à sua disposição. Quem não dispõe de tempo para atingir uma pista melhor, pode correr em qualquer lugar. O quarteirão em volta de sua casa já é uma boa escolha. Uma boa superfície deve proporcionar um bom piso e uma boa metragem. Uma última recomendação fica por conta da importância de se variar de pista, não somente para quebrar a monotonia, mas também para fortalecer e dar mais confiança ao corredor.
                Boas corridas!
Fonte:
KERR, Illen. Corra para Viver. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica Ltda., 1979.
FISHPOOL, Sean. Beginner’s guide to long distance running. London. Axis Publishing Limited. 2002.