quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

3ª Meia Maratona das Pontes de Brasília - 2012


3ª Meia Maratona das Pontes de Brasília

                A Meia Maratona das Pontes já está em sua terceira edição e tem vários atributos para se tornar uma das provas imperdíveis do Centro-Oeste. Organizada pela MKS Esportes, a prova é uma “meia-maratona pura”, disputada exclusivamente na distância de 21 km, com o início e fim, em um dos mais bonitos cartões postais de Brasília - Pontão do Lago Sul. Com ótima estrutura de restaurantes, estacionamento e segurança. O percurso é atraente: inicia pela Ponte Costa e Silva e segue margeando o Lago Paranoá até a Ponte JK (9 km), após o que, retorna ao Pontão (21,1 km) pelo Lago Sul. Tudo isso com asfalto em excelente qualidade. 

Foto 1. Minha passagem sobre a Ponte JK

Foto 2. Ponte Costa e Silva

                Com tantos atrativos assim, eu e os companheiros de corrida Ricardo e Donizete não quisemos ficar de fora. Para essa jornada ainda levei meu filho Thiago que nos animou com suas “teorias” de adolescente sonhador e teve uma participação fundamental no registro fotográfico.

Foto 3. Donizette, eu e o companheiro Ricardo

                A prova desse ano foi realizada no dia 12.02 (domingo). Partimos de Goiânia para Brasília ainda no sábado para termos tempo de conferir os kits; fomos gentilmente acolhidos por meu cunhado, amigo e poeta Elias Costa – que nos ofereceu toda estrutura de apoio. Assim, foi possível nos ambientar e ainda realizar um leve trote à tarde.
                À noite nos confraternizarmos com um jantar de massas em um movimentado restaurante local. A comida estava tão boa que houve companheiro exagerando. Exageros à parte, chegamos ao “Pontão” às 06 h da manhã para termos tempo suficiente para pegar os chips. Em pleno horário de verão, ainda era noite. 

Foto 4. Ainda era noite quando pegamos os chips

               O sol somente apareceu por volta das 07 h. Tivemos tempo para um rápido aquecimento. A expectativa era de um clima propício para uma prova de 21 km. Choveu por toda a noite e, naquela manhã, o termômetro registrava 17ºC. Encontramos com vários companheiros (as) de corrida de Goiânia e de Brasília.

Foto 5. Companheiros de Corrida

                A estrutura foi de excelente qualidade, tanto no início, quanto na chegada: as tendas de hidratação, os banheiros químicos, a presença de ambulância e apoio médico estavam presentes em todo o percurso. Ainda havia seguro de vida para os atletas, tenda de massagem, frutas, isotônico, guarda volumes. O kit do atleta, como de praxe, foi composto pelo número de peito de uso obrigatório, camiseta de poliamida, boné promocional e medalha de participação para quem completasse a prova.
                A premiação reconheceu somente os 5 primeiros colocados na classificação geral (masculino/feminino). Entretanto, a organização optou também por reconhecer os 100 primeiros atletas a cruzassem a linha de chegada, com uma medalha especial (TOP 100). Não houve premiação nas faixas etárias.
                A largada ocorreu tranqüila e pontualmente às 07h30min, conforme a programação. Saímos do Pontão e logo ganhamos a Ponte Costa e Silva. Clique no link abaixo e veja o vídeo da largada. Muitos brasilienses ainda dormiam quando os atletas percorriam os primeiros quilômetros. No percurso, vimos uma cena pitoresca de um motorista que, voltando da “balada nada responsável”. Ele parou o carro perigosamente no meio de um cruzamento e ali dormia sossegadamente. Após o término da corrida, o jovem motorista foi gentilmente acordado e acompanhado pela polícia.

 Vídeo da largada
                Os postos de hidratação foram colocados rigorosamente a cada 3 km (água e isotônico). A julgar pela altimetria divulgada, muitos atletas esperavam por um percurso plano e com poucas subidas. Não foi o que aconteceu. Mesmo com a temperatura favorável, o percurso exigiu bastante. Fomos surpreendidos por uma seqüência de ondulações, ora curtas, ora prolongadas o bastante para uma drástica redução no ritmo. Vejam um resumo do que enfrentamos: Distância no plano: 2,80 km - subindo: 8,61 km - descendo: 9,90 km. 

Foto 6. Percurso com altimetria
                Acredito que uma boa prova não é a mais fácil, mas sim aquela que o desafia enquanto atleta. Apesar da dificuldade técnica do percurso, a Meia das Pontes é uma prova e tanto. Ela está apenas em sua terceira edição e tem muito espaço para crescer. Ela não possui a rapidez da Golden Four de Brasília, nem a beleza cênica da Meia do Rio ou das Cataratas. Entretanto, é muito bonita e muito bem organizada. Percorrer com segurança os 21 km por entre as áreas mais nobres da Capital Federal (os belos prédios, as embaixadas e mansões) e, tendo ainda como pano de fundo, o Lago Paranoá é, de fato, algo bem estimulante.
                Isso nos remete ao princípio de que, “mais importante do que o destino é a viagem”. Esse, que é um dos fundamentos essenciais para nortear a formação de um atleta de corpo, mente e espírito, é uma idéia que está por trás da Meia das Pontes.
                Abaixo segue um quadro com um resumo de nossas colocações nesta prova: 
Classif.
Nome
Sexo
Km 6
Tempo Bruto
Tempo Líquido
Ritmo
Equipe
26
DONIZETTE A SILVA
M
00:23:06
1:23:55
1:23:50
0:04:00

SUP. CRISTAL
88
NILO M P RESENDE
M
00:26:24
1:35:32
1:35:23
0:04:33
GIRAMUNDO
270
RICARDO A T LIMA
M
00:30:08
1:48:08
1:47:59
0:05:09
RICARDO

                É comum querer comparar esse resultado com aquele obtido na Golden Four de Brasília. As duas são “meias-maratonas puras”. Entretanto, a prova da Asics, praticamente não envolve subidas. De fato, ela é muito rápida. Com exceção do tamanho do percurso, não há parâmetros para uma comparação entre as duas provas. A Meia das Pontes é muito mais exigente.
                Além disso, a Golden Four ofereceu estímulos aos corredores oferecendo bons prêmios, inclusive em diferentes categorias, o que atraiu atletas de elite e amadores de todo o país, o que aliado a um percurso extremamente favorável, deixou a prova muito mais rápida.
                Participaram desse evento cerca de 960 atletas. O fato de ter sido uma meia-maratona pura, não envolvendo distâncias menores como 5 e 10 km, além de não ter oferecido uma premiação em dinheiro para a classificação geral e nem troféus para as faixas etárias, pode ter limitado o número de atletas inscritos.
                Detalhes à parte, fiquei muito feliz por estar entre os atletas TOPS 100, chegando na 88ª posição, estando entre os 9% dos atletas mais rápidos da prova e ainda ao som de Rock & Roll do Led Zeppelin. Esse é o maior prêmio para um atleta amador e, ainda por cima, veterano como eu. Clique no link abaixo e veja o vídeo da minha chegada.

 Vídeo de minha chegada 'Rock & Roll'

Foto 7. Medalha de Top 100

                Mais uma vez ressalto: “mais importante do que o destino é a viagem”. Isso pode parecer uma desculpa, típica de atleta veterano que não se preocupa mais com o desempenho e que deseja correr, somente para ter uma melhor qualidade de vida e, assim adicionar alguns anos a mais em sua expectativa de vida. Entretanto, enfrentar o desafio, curtir todo esse percurso, sentir o vento nos cabelos e aproveitar a oportunidade de socialização com os companheiros de corrida é algo que não tem preço!
                A MKS Esportes (http://www.mksesportes.com.br/) agendou para esse ano outros grandes eventos para os praticantes da corrida de rua: o Desafio 30 km, a Maratona de Brasília (01.06.2012) e o Desafio BR 060 - Goiânia /Brasília (29.07.2012). Programem-se!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Calculadoras de Predição para o Tempo de Prova


Calculadoras de Predição para o Tempo de Prova 
                 

                      A grande magia dessas ferramentas está em provocar o atleta, demonstrando o que ele é capaz de fazer, dentro de sua condição física atual.

                Especialistas advertem que a melhor forma de prever o desempenho de um atleta em uma corrida em qualquer distância é por meio de um teste de tempo. Entretanto, os corredores, sejam de curta distância à ultramaratonistas, contam com diversas fórmulas de previsão de tempo com base em seu desempenho recente em corridas mais curtas. As previsões levam em consideração um treinamento adequado e específico por parte do corredor.

                Várias dessas ferramentas de suporte, conhecidas como Calculadoras de Predição de Tempo de Prova, encontram-se disponíveis na internet. Esse artigo abordará duas delas.
                Uma é fornecida pela Runner’s World.  Trata-se do RW’s Race Time Predictor (RTP) ou, na tradução livre, uma calculadora de estimativa do tempo de uma prova. Para acessá-la, basta clicar no link abaixo:
                Essa calculadora permite que você entre com o tempo alcançado em uma corrida recente para ver como você seria capaz de correr outra distância. Ela é ajustada de acordo com a distância, mas, há 03 advertências:
1)      Ela assume que você tenha realizado um treinamento apropriado para a distância requerida.
2)      Ela considera que você não tenha desvios significativos seja para a velocidade, seja para a resistência.
3)      A calculadora é menos precisa para cálculos sub 3h30min e acima de 4h.
                A fórmula foi originalmente descoberta por Pete Riegel, engenheiro e maratonista e publicada em 1997 por Owen Anderson em uma edição da Runner’s World e, desde então, vem sendo largamente utilizada. A fórmula é T2 = T1 x (D2/D1)1.06, onde T1 e D1 é o tempo e a distância informados, D2 e T2 é a distância e o tempo a serem estimados.
                A outra é a ferramenta da Mcmillan Running, disponível no endereço abaixo:
                Essa calculadora também realiza estimativas de cálculos de tempo para várias distâncias com uma única entrada de dados. Por exemplo, basta que você selecione seu melhor tempo em uma meia-maratona e peça para calcular. Logo em seguida, surgirão estimativas de tempo para várias distâncias.
                Em meu entendimento, a calculadora da Mcmillan Running é mais completa, pois ela oferece duas sub-ferramentas as quais considero importantes:
1)      As estimativas de tempo levam em consideração o conceito de ”Desempenho Equivalente”, isto é, a mesma calcula qual seria a sua perfomance equivalente em várias distâncias.
2)      A calculadora da Mcmillan Running ainda oferece ao atleta sugestões de ritmos de treino otimizados para conseguir correr diferentes distâncias, seja com exercícios de velocidade ou de resistência. Assim, encontram-se sugestões de ritmos para se realizar os treinos longos, intervalados, tempo run, exercícios de tiros, etc. Outra vantagem dessa calculadora é o fato de que ela permite que você imprima o resultado.

                Independente de qualquer coisa há algumas advertências. Os resultados, obviamente, dependerão do traçado do percurso, do tempo, se você está ou não em um bom dia, além de uma série de fatores. Essas observações também valem para a RTP. Também, é importante ter em mente de que, se o atleta corre somente 5 km ele terá que realizar o treinamento apropriado para poder conseguir concluir uma maratona.
                As duas calculadoras permitem ao atleta ter como unidade de cálculo tanto as milhas quanto o quilômetro.
                Fiz um teste, considerando o tempo de 41min56seg que levei para finalizar uma prova de 10 km, antes de me registrar para a Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, realizada em julho de 2011. Inseri estes os dados nas duas calculadoras e pedi para calcular qual seria o tempo estimado para finalizar uma maratona.  Os resultados encontrados estão listados abaixo:

Macmillan Running Calculator
03h16min47seg
RW Race Time Predictor
03h12min55seg
Tempo real de Prova
03h14min55seg


                Como se trata de estimativas, as duas calculadoras ofereceram boas sugestões de tempo, sendo que a Mcmillan foi mais conservadora e a RTP mais otimista.
                Bom, fiz os treinamentos necessários para correr a Maratona do Rio de Janeiro, onde alcancei meu melhor tempo em uma prova de 42,2 km, isto é 03h14min55seg. Portanto, meu tempo real na prova acabou sendo uma média das duas calculadoras.
                Vale aqui ressaltar que, independentemente da calculadora escolhida, as advertências devem ser levadas em consideração, pois vários fatores influenciam em uma boa prova como o traçado do percurso, as condições climáticas do dia, se você está ou não em um bom dia, etc.
                Na Maratona do Rio de Janeiro, alguns fatores influenciaram positivamente, como por exemplo, o percurso relativamente plano. Por outro lado, outro fator, como o forte calor naquela manhã de inverno, onde estava previsto frio, influenciou negativamente. Sem falar que tive que reduzir o ritmo consideravelmente a partir do quilômetro 30, devido a uma cãibra na coxa direita.
                Vejamos também outro exemplo envolvendo um corredor de elite. Vamos analisar o caso de Marilson Gomes dos Santos. O tricampeão da São Silvestre e o primeiro maratonista confirmado para defender o Brasil durante as Olimpíadas de Londres, detém o recorde brasileiro em meia-maratona com a marca de 59min33seg obtida em Udine em 14.10.2007.
                Não vamos analisar essa marca, em função da mesma ter sido alcançada a mais de quatro anos. Peguemos resultados mais recentes. O atleta brasileiro abriu a temporada de 2011 com vitória na Meia Maratona de São Paulo, fazendo os 21 km em 1h03m12s, novo recorde da competição.
                Ainda em 2011, durante a Maratona de Londres, Marilson fez a sua passagem pela meia-maratona com um tempo melhor ainda: 01h02min45seg. Qual seria o tempo que as calculadoras estimariam para ele concluir os 42 km dessa prova? A resposta encontra-se abaixo:

Macmillan Running Calculator
02h12min20seg
RW Race Time Predictor
02h10min48seg
Tempo real de Prova
02h06min34seg


                Apesar de ter quebrado o seu recorde pessoal na distância, marcando 2h06min34seg, Marilson ficou em quarto lugar.    Como pode ser observado, os resultados sugeridos pela Mcmillan Running novamente foram mais conservadores.
                Os dois quadros acima são muito interessantes e, aproveito os resultados estimados para destacar um ponto muito importante. Percebemos que as duas calculadoras conseguem fazer estimativas mais precisas para aqueles atletas considerados intermediários.
                Chamo de intermediários aqueles atletas que conseguem cumprir uma rotina de treinamento de pelo menos três vezes por semana, faz os seus longões e complementa sua rotina de treinos com outras atividades. Eles são muito competitivos, mas não pertencem á elite. São aqueles atletas que conseguem manter um ritmo de prova entre 4min30seg a 5 min. por quilômetro rodado, como a grande maioria dos corredores considerados “normais”, isto é, dentro de uma curva de normalidade.
                Como podemos perceber nos resultados citados acima, quando o atleta é da elite, as estimativas projetadas por estas calculadoras perdem a precisão em função de uma série de fatores e uma delas é o refinamento encontrado no condicionamento físico desses atletas.
                Por falar em atletas de elite, isso nos leva a pensar em quando o homem conseguirá correr uma maratona abaixo de 2 horas? Apesar das quebras sucessivas de recordes em maratona neste ano, estimativas modestas indicam que para isso acontecer, ainda teremos que aguardar de 10 a 15 anos.
                Em recente entrevista a uma revista esportiva, Edward Schanol, especializado em biomecânica e fisiologia do exercício disse que “a dificuldade cada vez maior em superar o relógio ocorre porque já não há tanta evolução no treinamento esportivo, como ocorreu no passado. Hoje, os atletas de elite têm as melhores condições possíveis para treinar, se alimentar e descansar... as futuras melhorias na formação técnica produzirão ganhos pequenos no desempenho.”
                Em um estudo de análise matemática da corrida e dos recordes mundiais, François Péronnet e Guy Thibault, do Departamento de Educação Física da Universidade de Montreal, desenvolveram uma fórmula que leva em consideração inúmeros dados fisiológicos dos atletas, como a capacidade anaeróbia, VO2 máximo, massa corporal, capacidade de endurance, taxa de liberação de energia do metabolismo, etc., sendo capaz de projetar os futuros recordes de corridas em todas as distâncias. Segundo suas estimativas, o homem somente será capaz de concluir uma maratona abaixo de 2 horas no ano de 2028.
                Para a calculadora RW’s Race Time Predictor prever uma maratona sub 2 horas, o atleta deveria ser capaz de fechar uma meia em 57min33seg. Já na Mcmillan Running, o atleta necessitaria fechar uma meia em 56min54seg, o que não é uma tarefa impossível para os atletas de elite. Lembre-se que o recorde mundial nesta distância é de 58min23seg, alcançado por Zersenay Tadese (ERI) no ano de 2010 em Lisboa. Entretanto, manter um ritmo projetado de 2min51seg durante 42 quilômetros é uma tarefa que ainda está longe de ser alcançada.
                É o que os físicos canadenses defendem em seu estudo, isto é, para romper a barreira das 2h o atleta precisará muito mais do que elevado VO2 máximo e grande eficiência de corrida. Também serão necessárias condições perfeitas como um percurso plano e rápido, condições climáticas favoráveis e coelhos competentes.
                Enfim, para os atletas considerados intermediários, como preditoras, as duas calculadoras são excelentes ferramentas para realizar estimativas de tempo, tendo por base o seu condicionamento físico atual, sendo a Mcmillan mais completa.
                A grande magia dessas ferramentas está em provocar o atleta, demonstrando o que ele é capaz de fazer, dentro de suas condições físicas atuais.
                Independente de qualquer coisa, o mais importante continua sendo a necessidade do atleta realizar o treinamento correto, fazer uma boa avaliação cardiovascular com um profissional da área, além de contar com boas orientações de um educador físico, um nutricionista, etc.
Fontes de apoio:
Revista Contra Relógio – Ano 19 – No. 212 – Maio de 2011
Revista 02 – No. 101 - Setembro de 2011