terça-feira, 19 de julho de 2011

A Experiência de correr a Maratona do Rio de Janeiro 2011


               Como integrante do grupo de corrida Giramundo de Goiânia, cumprimos o tão sonhado objetivo de participar de um evento do calendário anual de corridas pelo Brasil. Depois de quatro meses de treinamento, o grande momento estava finalmente se aproximando.
                Após fazermos o check-list de todo material, dirigimo-nos ao aeroporto, onde embarcamos para o Rio de Janeiro. Estávamos ansiosos para participar da Maratona da cidade do Rio de Janeiro de 2011. Embarcamos nessa aventura eu e meu companheiro de treinos e corridas Rene Miguel. Conosco também foi minha esposa, documentarista e fotógrafa que registraria toda a nossa ansiedade e experiência.
                Foi impactante visualizar, ao mesmo tempo em que o avião decolava, todo o circuito onde realizamos os nossos treinamentos para esta grande maratona. Por meses a fio, por vários domingos, abrimos mãos do convívio familiar para treinarmos. Nas manhãs de domingo, corríamos entre os limites dos bairros Jaó, Santa Genoveva e Jardim Guanabara, o que, é claro, envolvia os limites do aeroporto de Goiânia. Finalmente, o grande dia chegava.
                A Maratona do Rio de Janeiro em 2011 foi um evento grandioso, pois paralelamente aconteciam os 5° Jogos Mundiais Militares, momento no qual o governo da cidade pretendia demonstrar que estão preparados para sediar os Jogos Olímpicos. O reconhecimento internacional com chancelas do IAAF, AIMS e CBAt, fez com que o nível técnico fosse muito elevado. Assim, além da Elite dos corredores, o evento também contou com o pelotão de elite dos atletas militares, muito deles, atletas da elite mundial na distância.
                A expectativa para esta corrida foi enorme. Afinal, além da grandiosidade do evento, estaríamos ainda correndo na “cidade maravilhosa”, entre belos cenários: de um lado o mar e, do outro, a beleza do Rio. Sob as bênçãos do Cristo Redentor, o Grupo de Corrida Giramundo, novamente girava o mundo.
                Ao desembarcarmos no Rio, fomos calorosamente recepcionados pelo Edmilson, nosso colega de treinamento em Goiânia e que já havia chegado e se instalado na cidade. Aproveitamos o momento para pegar os nossos kits, em uma estrutura montada no MAN-RJ, bem ao lado do aeroporto Santos Dumont.


                Logo à noite, passeamos pelo bairro de Santa Tereza, famoso pela boêmia, o bondinho, a vista maravilhosa da cidade e seus diversos ateliês, bares e restaurantes. Jantamos no “Bar do Mineiro”, boteco várias vezes premiado pela Revista Veja. Permitimos-nos algumas extravagâncias, afinal de contas, no domingo nós necessitaríamos de todas as reservas calóricas possíveis.




                No sábado pela manhã, antes de tomar o nosso café, fizemos um trote de 8,5 km com o objetivo de "soltar a musculatura".


             Ainda na véspera da corrida, andamos bastante pelas ruas do centro do Rio, o que nos deixou muito cansados. Visitamos a Catedral e o Museu de Arte Sacra em seu subsolo. Fotografamos partes do centro antigo e, ao final da manhã, fomos novamente até o aeroporto recepcionar outro colega de treinamento, o Fernando. Fomos levá-lo ao hotel e, no trajeto, mais fotos a partir do Aterro do Flamengo. 


                 À tarde, fomos ao Leblon e, no princípio da noite, jantamos em uma pizzaria na Lagoa Rodrigo de Freitas. Voltamos cedo ao hotel e, mesmo cansado do longo dia, ainda preparamos todo o material necessário que precisaríamos para a corrida. À noite chegou o último companheiro do grupo Giramundo, o Ricardo. A equipe, então, estava completa para esse evento.


                Chega o grande dia! O domingo da Maratona do Rio de Janeiro. Optamos por nos deslocar até o ponto da largada com o ônibus de um grande grupo de corredores da cidade de Juiz de Fora, amigos de nosso companheiro Ricardo. Às 04h30min da manhã já estávamos de pé e, às 05h00min tomamos o nosso café. A previsão de saída era às 05h30min, todavia, houve um atraso de 30 minutos, o que nos causou grandes problemas. No trajeto, o ônibus deixou primeiro os corredores que iriam participar da meia maratona. Pegamos um grande fluxo de veículos e, além disso, contamos também com a inexperiência do motorista que errou o caminho para a largada da Maratona.

                Nossa ansiedade foi muito grande, pois, assim que o ônibus chegou ao local da largada, mal estacionou e descemos rapidamente para tentar tirar uma foto, quando, de repente, vimos que a largada da Maratona já havia sido dada. Foi um grande tumulto e nos dispersamos. Cada corredor tentou, à sua maneira, se infiltrar no funil de largada, junto aos outros 5.000 corredores que partiram para a grande jornada. De longe, ainda foi possível observar o grande maratonista brasileiro Marilson dos Santos que apadrinhou o evento desse ano.

                Impulsionados pelo estresse inicial, nossa largada foi marcada por um ritmo forte e uma tentativa de recuperação de posições. Estávamos juntos: eu e o Rene. Chegamos a ultrapassar vários corredores nesta fase e até a primeira metade da corrida.


                Entre os km 12 e 15 encontramos e cumprimentamos vários corredores de Goiânia e Brasília. Vimos também vários corredores de outros países como França, Itália, Argentina, Dinamarca, Alemanha, África, etc. Nesta altura, estávamos conseguindo imprimir um ritmo abaixo de 4:30 min./km. Aos poucos não vi mais meu companheiro Rene.
                Consegui manter este ritmo até o km 26, mesmo considerando que no km 22 enfrentamos uma forte subida na altura do “elevado do Joá”. Mesmo assim, consegui manter o ritmo e ainda ultrapassar vários competidores.
                Aqui vale uma observação. A organização do evento preparou várias surpresas para os corredores. Uma delas ocorreu no primeiro túnel. Foi uma experiência única percorrer esse trecho ouvindo uma música clássica e tendo nas paredes do túnel, uma projeção de imagens em movimento de corredores. Tudo isso patrocinado pela Light, a companhia elétrica local. Assim, onde apenas se ouve os roncos dos motores, foi possível ter esta sensação de um grande vazio em que se ecoava uma tranqüila música clássica ao fundo e, de longe, os estampidos das pisadas dos corredores. Tivemos a oportunidade de passar neste ponto por outros atletas além de alguns corredores militares que participavam dos Jogos Mundiais.
                Por volta do km 27, enfrentamos outra subida na Av. Oscar Niemayer onde tive que reduzir o ritmo. Enfrentei os primeiros 30 km desta prova, imprimindo um ritmo excelente e, ao mesmo tempo, me sentia confortável. Até este ponto a presença do público era mínima. Todavia, ao adentrar Ipanema, a presença do público de todas as idades incentivando e apoiando os corredores aumentou e foi muito emocionante. Por volta do km 32, ao me desviar para pegar um copo com água, em um dos postos de hidratação, senti uma câimbra na coxa esquerda. Então, tive que reduzir o ritmo para conseguir continuar correndo.
                O calor, umidade e o sol, marcaram um atípico dia de inverno carioca e proporcionaram um enorme desgaste físico. Ao adentrar em Copacabana, a presença do público incentivando os corredores aumentou. Por volta do Km 36, senti outra câimbra, agora  na coxa esquerda. Tive que novamente reduzir o ritmo para poder continuar na corrida. Nesta altura, a gente entende que não corremos por nossa própria causa, mas sim pelos filhos, pais, esposa, amigos e pelas pessoas que sempre nos apoiaram.
                Em certo momento, resolvi consultar o ritmo em meu GPS e também senti uma contração no pescoço. Ou seja, cada distração numa corrida como essa, precisa ser antes pensada devido aos momentos cadenciados. Toda energia está voltada para a corrida. Quando adentramos a Av. Princesa Isabel, saindo de Copacabana, fomos surpreendidos e recepcionados por uma banda marcial que executava algumas músicas para incentivar os corredores neste ponto crítico. Assim, mesmo sentindo uma forte exaustão, mantive-me forte na corrida e ainda consegui ultrapassar mais alguns corredores. Cheguei até o aterro do Flamengo, onde já sabia que o final da jornada estaria próximo. Após alguns minutos de corrida, uma voz gritou no meio da multidão: “-Faltam apenas 400 m!” Reuni todas as minhas forças e tentei acelerar. Mais um pouco, lá estava a linha de chegada, onde minha esposa me esperava. Exausto, com 03h14min55seg finalizei esta prova repleta de emoções e surpresas.



                Em provas desta natureza é muito comum os outros perguntarem: “- Qual foi a sua colocação? Em qual lugar você chegou? Na maratona, não importa muito qual o lugar você chegou, pois, o que importa mesmo é o desafio de vencer as próprias limitações e concluir todo o percurso, dentro de certo tempo previsto para cada faixa etária.
                A organização do evento foi excepcional, desde a retirada dos kits, até o encerramento. Os postos de hidratação, de gel repositor, de isotônicos e, de ajuda, funcionaram perfeitamente. O público prestigiou bastante, especialmente no último terço da corrida. Só para se ter uma idéia da grandiosidade do evento, destacamos alguns números interessantes: foram utilizadas 12 toneladas de tecido, 6.000 grades, 150.000 frutas, 450.000 copos d’água, 2.200 staffs, 80.000 alfinetes, 2.500 cones para balizamento, 32.000 saches de gel e 140 ônibus que fizeram o transporte dos corredores até a largada da maratona e da meia. A cidade, bonita e maravilhosa! Valeu muito à pena esta experiência! No ano que vem tem mais, no Rio de Janeiro e em outras cidades!
                Tudo foi perfeito, pois, nenhum bueiro “explodiu” com algum corredor por perto, mas infelizmente, a cidade do Rio deu provas que ainda não está pronta para sediar um grande evento como uma Olimpíada, mesmo tendo esta oportunidade de sediar os Jogos Mundiais Militares. Os congestionamentos ainda são grandes. No Aeroporto Santos Dumont, por exemplo, chegamos a ficar por 20 min. dentro da aeronave, aguardando uma escada chegar para desembarcarmos. Neste mesmo aeroporto não há uma única farmácia para atender uma emergência. Além disso, no dia de nosso embarque de volta, não havia um banheiro em funcionamento, salvo o do restaurante que, à essa altura, também ficou congestionado. Mesmo assim, a experiência fez justiça à cidade: foi maravilhosa!

7 comentários:

  1. Parabéns Nilo este Blog tem tudo para se tornar um local de passagem para leituras agradáveis e informativas àqueles que gostam e apreciam as notícias sobre corridas e esportes. O relato de nossa viagem ao Rio e sobre a Maratona ficaram excelentes. Renê

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Nilo. VC foi perfeito nas suas observações. Esta prova foi perfeita. Não sou regionalista, mas duvido que tenha outra prova tão bem organizada como esta. Se houver o troféu - MELHOR DO ANO/2011 - Sem dúvida a MARATONA DO RIO vence.

    Permita-me um comentário: Vcs caminharam muito na véspera da prova, cometeram um pecado que te cobrou um preço alto. Aposto que suas cãimbras foram pelas caminhadas. CORREDOR NÃO ANDA, todo corredor tem pavor de fazer caminhada. Nosso negócio é correr, somos fracos para caminhadas.

    ResponderExcluir
  3. Participei no ano passado da Maratona de Curitiba, onde o público é muito mais participativo, apesar das dificuldades do percurso. Entretanto, a Maratona do Rio realmente impressiona em vários aspectos. Você tem razão, não dá para misturar o maratonista com o turista. Pecamos e pagamos muito caro por isso. Que nos sirva de aprendizado!!!
    Abraços e obrigado pela visita.

    ResponderExcluir
  4. amigos do centro oeste !!! sou de campo grande - MS e corri a minha primeira maratona no RJ ( http://estivison.blogspot.com/ )

    venham participar da 3ª meia maratona internacional do pantanal. a inscrição é grátis e o desafio vale a pena.
    http://globoesporte.globo.com/ms/noticia/2011/07/saiba-como-se-preparar-para-correr-meia-maratona-volta-das-nacoes.html
    to seguindo o blog !!!

    ResponderExcluir
  5. Estivison, Parabéns pela conclusão de sua primeira maratona! É um desafio e tanto!!
    Obrigado pelo convite!
    Nós somos do grupo de corrida Giramundo de Goiânia que, atualmente conta com mais de 30 participantes. Destes, acredito que 5 aceitaraim o desafio de participar desta maratona. Vou convidár estes companheiros do asfalto para esta maratona.
    Já conheço Campo Grande e a considero é uma belíssima cidade! Quem sabe consiguiremos participar. Vamos verificar nossa agenda!
    Mais uma vez parabéns, um forte abraço e sucesso!!

    ResponderExcluir
  6. Nilão, no final do ano vou operar novamente o meu joelho, LCA, e no ano que vem quero voltar a correr forte e participar de uma maratona. Tenho certeza que as suas dicas serão de grande valia para uma corrida mais agradável e prazeirosa. Parabéns pelas conquistas. Abs!!!

    ResponderExcluir
  7. Élcio,a experiência de se correr uma maratona é muito intensa e, para nós, que não somos "profissionais da corrida", repleta de muita superação. Torço para que você recupere o seu joelho e volte logo a correr. Obrigado pelo feedback e um forte abraço!

    ResponderExcluir

Deixe aqui o seu comentário.