domingo, 25 de setembro de 2011

1ª Corrida de Prevenção do Câncer de Mama



A Corrida e os seus Efeitos


             Este é um tipo de relato que poderia muito bem ser iniciado de trás para frente, isto é, da premiação. Isto porque, diferentemente de outras provas que já participei, a 1ª Corrida de Prevenção do Câncer de Mama realizou a premiação por faixa etária quase uma semana depois da realização da mesma, que aconteceu em um domingo ensolarado de setembro, isto é, no dia 18.09.2011.
            Esta inovação, gerada ou não por problemas na organização, foi ao mesmo tempo diferente e elogiada pelos atletas com direito ao pódio. Esta decisão, também, demonstrou uma grande responsabilidade por parte da agência organizadora.
            Com base nesta situação e, passada quase que uma semana após a realização da corrida, comecei a me perguntar: - Quais os efeitos de uma prova de corrida de rua sobre uma dada comunidade?
            Se pensarmos somente no curto prazo, seus efeitos terminariam no dia de hoje, isto é, em 24.09.2011, logo após a organização ter cumprido um dos itens descritos no regulamento: a premiação por faixa etária.
            Todavia, seus reais efeitos vão muito além, haja vista que o objetivo principal desta prova foi o de convidar os atletas, regulares ou não, a correrem por uma causa, além de despertar na população a importância da Prevenção do Câncer de Mama. Os depoimentos disponíveis nas redes sociais sobre os efeitos desta corrida como, por exemplo, a superação de algum tipo de desafio, é emocionante.

Câncer de Mama: A Importância do Diagnóstico Precoce


            O número de casos de morte por câncer de mama aumenta em todo o mundo, mas o quadro é alarmante nos países subdesenvolvidos, aonde as mulheres ainda novas chegam a morrer em decorrência desses tumores. Os dados integram um relatório internacional do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), publicado no periódico médico The Lancet.
            De acordo com o relatório, o número de casos de câncer de mama mais que dobrou no mundo em três décadas, de 641.000 casos em 1980 para 1,6 milhões em 2010 – um aumento que ultrapassa as taxas do crescimento populacional. No mesmo período, as mortes de mulheres por câncer de mama passaram de 250.000 para 425.000 por ano – dessas, 68.000 tinham entre 15 e 49 anos e moravam em países pobres. Quando se observou um crescimento menor foi sugerido que os exames preventivos, mais comuns nos países desenvolvidos, como a mamografia, exercem um efeito altamente positivo.
            Como forma de prevenção, os programas para a detecção precoce do câncer de mama estão em curso nos países ricos há muitas décadas. Diversos tipos de tratamentos para o câncer de mama também estão disponíveis para as mulheres dos países desenvolvidos.
            Todavia, são elas ainda que têm um maior acesso aos tratamentos e vacinas atualmente utilizadas. De qualquer forma, hoje se reconhece que o câncer de mama é altamente curável, mas, para isso, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais.
            Veja, clicando no link abaixo um vídeo com os idealizadores deste evento e, também o depoimento de sobreviventes do câncer de mama:

A Corrida, as Doenças Crônicas e o Câncer: O que tem a ver?


            Agora, o que a corrida tem a ver com tudo isso? Além de ser uma ótima forma de “fazer marketing” e, portanto, muito barulho, a corrida faz parte de nosso imaginário coletivo e, desde os nossos ancestrais tem sido uma das formas de demonstrar superação que está relacionada com a nossa capacidade de correr.
            Segundo uma recente publicação da British Medical Journal (BMJ) médicos do mundo todo deveriam prescrever a atividade física aos seus pacientes. Por prescrição entenda-se, inclusive, a descrição escrita e devidamente assinada e carimbada, assim como já é feito com os remédios.
            Esta é uma estratégia que faz parte do Global Physical Activity Plan, lançado em 2010 pela OMS, especialmente porque as doenças crônicas (hipertensão, tabagismo, diabetes, sedentarismo e obesidade), estão no topo do ranking das causas de morbidade e mortalidade e o estilo de vida tem tudo a ver com o quadro. Embora seja o quarto item da lista, a inatividade física influencia diretamente os demais e, também, pode implicar diretamente a incidência de outras doenças, a exemplo do câncer.
            Quase todas as principais causas de morte do mundo ocidental (doenças coronarianas, AVC, diabetes, depressão, hipertensão e, várias formas de câncer eram desconhecidas de nossos antepassados. Seria possível controlar e/ou reduzir estes males com um único remédio: a prática da atividade física, especialmente a corrida.

A Organização


            A organização dessa 1ª Corrida de Prevenção do Câncer de Mama foi impecável, em todos os aspectos, desde a retirada dos kits até a finalização da mesma. Além da causa principal, a inscrição nesta corrida também envolveu a doação, por cada atleta inscrito, de 2 kg de alimentos não perecíveis. Eu, juntamente com alguns colegas de trabalho, retirei o kit, de excelente qualidade e bom gosto, tranquilamente na sexta-feira pela manhã.
            É possível avaliar o impacto da organização de uma corrida de rua por meio do número de participantes e também pela adesão dos grupos de corrida e das academias. Essa corrida, vale registrar, foi um sucesso!

Foto de Fernanda Elisa: Pórtico de largada/chegada

 Foto de Fernanda Elisa:Tendas de Academia e Grupos de Corrida

Foto de Sandra Regina: Tendas de Academia e Grupos de Corrida
          
            Mais de 700 atletas inscritos para as modalidades de caminhada e corrida de 5 e 10 km, além disso, logo na chegada, já foi possível verificar a forte presença de várias academias e grupos de corrida, que montaram suas tendas próximas ao pórtico de largada/chegada.
            A organização realizou várias atividades paralelas ao evento. No dia 17/09/2011, às 17 h, por exemplo, foram realizadas duas palestras dirigidas aos coordenadores de assessoria esportiva. Uma com Robson Caetano, um dos maiores nomes do atletismo brasileiro, além de ser comentarista esportivo, jornalista e profissional de educação física. A outra foi com Maurício Storelli, assessor de imprensa da Rede Record de São Paulo. Robson Caetano, foi escolhido para ser o padrinho desta prova.



 Foto de Fernanda Elisa: O Atleta e Padrinho da Prova Robson Caetano

            Outras ações paralelas envolveram a apresentação da “Madrastra”, bateria percussionista dos alunos de medicina da UFGo; um aulão de Yoga; exames de ultrassom 4D e pontos de recolhimento de doações de perucas e roupas para a APCAM (Associação dos Portadores de Câncer de Mama). Um ponto alto e também inovador do evento foi a execução do Hino Nacional Brasileiro “ao vivo” com violão e na voz da cantora goiana Maria Eugênia.



Fotos Sandra Regina: Salão com os stands e local de retirada do kit pós-prova

Foto de Fernanda Elisa: A "Madrastra" - Grupo de Percussão da Medicina UFGo

            Veja clicando no link abaixo, um vídeo com alguns detalhes do clima da corrida, além de um depoimento do atleta Robson Caetano:

A Experiência da Corrida

Correr ou não correr: Eis a questão!


            A corrida é mesmo um esporte que faz parte do imaginário coletivo, digo isso pelo fato de que foi muito bom chegar ao local da prova e, aos poucos, observar os atletas chegarem e se reunirem para “bater um bom papo” antes da largada. Assim, também pude rever e cumprimentar vários de nossos companheiros do asfalto, habituais ou não.
            Esta é uma causa que, sem dúvida alguma, vale a pena correr, pois o câncer de mama pode afetar diretamente a mulher, mas, indiretamente, afeta toda a família, isto é, pais, irmãos, marido e filhos.
            Tanto vale a pena correr que, fiz minha inscrição online e antecipadamente, não somente pela causa, mas principalmente pela qualidade dos eventos realizados pela equipe organizadora.
            Apesar da importância desta corrida, pensei duas vezes antes de me dirigir para o local da largada. Daí o motivo deste subtítulo: Correr ou não: Eis a questão! A dúvida foi em função de que, uma semana atrás, talvez por ter forçado muito o ritmo em outra prova passada ou talvez, pelo excesso de treinamento, me vi com uma pequena lesão. O diagnóstico: uma contratura no gastrocnêmio direito, levou meu ortopedista a sugerir a interrupção da minha seqüência de treinos, além de realizar sessões de fisioterapia.
            Como estava me sentido bem e, sem dores, me propus a fazer um teste durante a sessão de aquecimento. Assim, se sentisse dores ou percebesse que não teria condições de finalizar os 10 km, para os quais estava inscrito, estava disposto a abandonar a idéia de participar da prova. Animei-me, pois, aqueci e nada senti. Todavia, mais à frente, aprendi que a corrida cobra caro de quem erra na estratégia.


 Foto de Fernanda Elisa: Aquecimento

            A largada estava prevista para as 8h30min e foi dada logo após a execução do Hino Nacional. Aqui cabe uma observação: a largada neste horário expôs fortemente os atletas aos rigores do calor e da baixa umidade relativa do ar em Goiânia nesta época do ano, apesar da organização ter oferecido um excelente serviço no fornecimento de água nos postos de hidratação ao longo de todo o percurso e, também, no pós-evento.

Foto de Sandra Regina: Largada
 
Foto de Sandra Regina: Largada

 Foto de Fernanda Elisa: Largada


            O primeiro quilômetro já foi bem seletivo, pois, incluiu logo de início uma forte subida. Pelos dados gerados pelo GPS, a corrida foi mesmo toda seletiva. (Distância no plano: 2,21 km; subindo: 4,01 km; descendo: 3,71 km). Senti-me muito bem durante a primeira metade da prova. Ao longo do percurso pude ainda rever, cumprimentar e desejar uma boa corrida para alguns companheiros novamente.
            Entretanto, na segunda metade da prova, a corrida veio me cobrar o seu preço. Comecei a sentir o músculo que estava lesado e tive que melhor administrar o meu ritmo. É nessa hora que a gente percebe que entre os atletas existe sim uma competição, porém, ela ocorre de uma forma sadia e ética. Digo isso em função de ter sido ultrapassado por um colega que corre num ritmo semelhante ao meu e que havia percebido a minha dificuldade. Ele só seguiu em frente após certificar-se que estava tudo bem e que eu havia reduzido o ritmo por estar lesionado.
            Assim, apesar destas limitações: sol escaldante e a lesão incomodando, consegui fechar a prova com um tempo de 41min54seg. Um tempo muito bom para meu condicionamento atual e que, certamente, poderia ter sido melhor, se tudo estivesse bem.



Fotos de Fernanda Elisa: Chegada

            Os resultados por faixa etária somente foram divulgados na segunda-feira (19.09.11). O meu tempo de prova me valeu o 3º lugar na faixa etária. Um prêmio excelente para o tamanho da ousadia.
            Veja, clicando no link abaixo, um vídeo com uma reportagem sobre este evento:
            Conforme informamos no início deste relato, a premiação para os ganhadores de cada categoria por faixa etária foi informada um a um, no decorrer da semana, contactados pela agência organizadora do evento e, convidados para participarem de uma Cerimônia de Premiação Especial que aconteceu no sábado  seguinte na República da Saúde, local especializado em alimentação e nutrição para atletas.

 Imagem: Carta Convite Especial

            Aqui, novamente registra-se o compromisso e grande responsabilidade da organização, na forma do reconhecimento, que apesar de simples, no mundo da corrida foi inovadora, de alto nível e bastante elogiada por todos os atletas.
            Chegando ao local da premiação, percebi que o “Chef” e proprietário, o Tony, é um grande amigo nosso, que foi um dos meus professores na PUC-GO no Curso de Administração.  Tive a oportunidade de receber o troféu diretamente de suas mãos. Na República da Saúde (quem gosta de um local agradável e de alimentos naturais, é um bom local para se conhecer), os participantes foram recepcionados e puderam confraternizar-se com um delicioso café da manhã.

Foto de Fernanda Elisa: Delicioso café da manhã na República da Saúde com integrantes também premiados do Grupo de Corrida Girmundo

Foto de Fernanda Elisa: Integrantes premiados do Grupo de Corrida Giramundo



Fotos de Fernanda Elisa: Cerimônia de Premiação Especial na República da Saúde com o Chef Tony
            Com toda certeza, este tipo de reconhecimento, exerceu um efeito muito maior do que se tivesse ocorrido no dia da prova, depois de um sol escaldante, às 11h30min da manhã daquele domingo, seria insuportável aguardar uma “maratona de premiações”.
            PARABÉNS aos organizadores pela demonstração de carinho e responsabilidade para com os atletas, que segundo o ultramaratonista Rodolfo Lucena “são seres exóticos que se somam a milhares de outros, seja na frente, no miolo ou na “rabeira” com o objetivo de formar a longa lagarta que vai afinando e encolhendo conforme avança”.
             São estes seres que povoam o nosso imaginário coletivo e alimentam as corridas neste Estado, no Brasil e, no resto do mundo.

Referências:


Linha de Chegada em http://www.linhadechegada.com
LUCENA, Rodolfo. Maratonando: desafios e descobertas nos cinco continentes – Rio de Janeiro: Record, 2006.
República da Saúde em: http://republicadasaude.com.br
Sports & Tracks Eventos Esportivos Diferenciados em: http://www.stracks.com.br

terça-feira, 20 de setembro de 2011

1ª Corrida Comemorativa do Vila Nova


Um longo de final de semana que virou prova

                O sábado foi marcado por um intenso calor, típico da região Centro-Oeste nesta época do ano. Todavia, ninguém poderia imaginar que no Domingo, dia 21.08.2011, a temperatura fosse cair tanto. Nem parecia que estávamos em Goiânia.
                Na sexta-feira, após o treino semanal com o Grupo Giramundo, marcamos de nos encontrar no domingo em uma praça do setor Jaó para realizarmos um longo de 18 km. Na data marcada, ao me dirigir para o local, ainda bem cedo, observei no trajeto uma equipe de balizamento de rua realizando os acertos finais na demarcação de um percurso de prova.
                Nunca imaginei que uma prova iria passar bem no quintal de nossas casas e nada sabíamos. Ao conversar com o pessoal da equipe descobri que se tratava da 1ª Corrida Comemorativa do Vila Nova, time de futebol da segunda divisão do Brasil, que congrega em Goiânia uma grande torcida, e que também mantém uma forte equipe de corrida, o “Vila Nova Running”.
                Levei a informação para o nosso pessoal e decidimos que tentaríamos participar também da prova, nos inscrevendo, preferencialmente, ou na “pipoca”. O desafio seria enfrentar o percurso de 8 km duas vezes, o que totalizaria 16 km, de forma que,  participaríamos da competição e, em seguida, faríamos o longo combinado.  Lá fomos nós para o local da largada, que ocorreria às 08h30min na sede deste time de futebol, que também é onde está a sede de seu estádio, o Onésio Brasileiro Alvarenga, o “OBA”.
                O percurso passaria pelos bairros da Vila Nova, Negrão de Lima, Jaó e terminaria no Centro de Treinamento (CT) deste time. Portanto, teríamos que deixar os carros no local da largada e, depois, teríamos que voltar de qualquer jeito para pegá-los novamente.

                Chegando lá, nos deparamos com vários corredores amadores, mas, também com vários corredores de elite da cidade, o que já dava indício de que a corrida seria levada a sério pelos atletas. Rapidamente, fizemos a inscrição no local e retiramos o nosso kit, composto simplesmente de camiseta comemorativa. Não havia número de peito e nem o uso do chip de cronometragem, de forma que teríamos que monitorar o nosso próprio tempo.
                Com mais de 200 inscritos, a prova contou com competidores profissionais, pais e filhos, atletas paraolímpicos, torcedores de outros times e, outros atletas mais “animados”. Além dos vários corredores de elite, também estava presente o corredor Valdemar Antônio de Oliveira, que é paraplégico, atleta profissional e o único representante do Estado de Goiás no Comitê Paraolímpico, que ocorreu no mês de maio, em Brasília, ocasião em que ele conquistou medalha de prata.
                A corrida não teve um percurso difícil. Veja os números: distância no plano: 2,48 km - subindo: 1,69 km e descendo: 3,83 km. Apesar de uma forte subida, passamos a maior parte do tempo correndo no plano ou descendo. Isso me permitiu alcançar um bom tempo e conseguir finalizar a prova com o tempo de 32min59seg, com um ritmo médio de 4,07min./km. Cabe aqui, elogiar a organização desta prova, pois o percurso foi muito bem balizado e sinalizado por cones e vários policiais e voluntários que se fizeram presentes. Havia dois postos de hidratação.
                Na categoria masculina, o prêmio foi para Luis Antonio Campos Junior, seguido de Davi Andrade e Paulo Sérgio dos Reis. Já na categoria feminina, quem chegou primeiro foi Vanda Carneiro Chagas, depois Daiane Barros e Antônia Barros. A Antônia é a nossa colega do Grupo Giramundo.

                Bom, este foi o primeiro percurso, isto é, o oficial, mas tínhamos o compromisso de fazê-lo novamente no sentido contrário para buscar os carros. Os colegas Ricardo e Laércio, ratificaram o compromisso do longão e fizeram o percurso comigo. A volta foi bem diferente, pois o percurso desta vez foi marcado por um maior volume de subida. Já cansados do ritmo forte empregado durante a corrida, consegui fechar estes 8 km com o tempo de 36min06seg, o que corresponde a um ritmo de 4,30min./km.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

10 Milhas Brasil - Etapa Brasília


Os Desafios de uma Prova de Revezamento


                A corrida tem mesmo lá os seus desafios e mistérios. Um deles está relacionado ao impacto do formato do percurso sobre o corredor, o que pode exercer certa pressão e, criar ou não, o estímulo necessário para a continuidade do exercício ou treinamento.
                Em revistas especializadas no assunto, já acompanhei relatos de atletas que conseguem passar horas e horas correndo em volta de uma pista de atletismo, ao redor de um parque ou de uma praça, ou, até mesmo, passar horas sobre a esteira de uma academia.
                É com esta introdução que gostaríamos de iniciar o nosso relato de participação de uma Prova que vem sendo realizada nas principais capitais do Brasil. Trata-se do Desafio 10 Milhas Brasil 2011. Fomos conferir e participar da etapa de Brasília, no dia 11 de setembro de 2011, para muitos, também uma data inesquecível, que nos lembra que a mesma mudou o rumo do mundo que conhecemos hoje.
                Para os praticantes de atividades esportivas, o Plano Piloto de Brasília é muito interessante, pois se coloca à disposição dos atletas, vários parques com toda estrutura adequada para atender as diversas necessidades. Assim, além das provas de corrida de rua, que ocorrem semanalmente na Capital Federal, é digno de citar ainda, que uma grande extensão do Eixo Rodoviário (Norte e Sul) ou simplesmente Eixão, como também é conhecido, fica fechado aos domingos para que atletas com suas famílias possam realizar os seus treinamentos e suas atividades esportivas.
                A prova 10 Milhas de Brasília foi disputada na categoria INDIVIDUAL MASCULINA e FEMININA, onde cada atleta corria 10 Milhas ou 16,09 Km;  na categoria DUPLAS MASCULINA, FEMININA E MISTA, onde cada atleta da dupla percorria 5 Milhas ou 8,045 Km totalizando 10 Milhas ou 16,09 Km .
                Acredita-se que uma medida maior que o quilômetro, como a milha, torna o desafio mais estimulante, pois, pode dar ao atleta a idéia de que o desafio está mais perto do fim, isto é, psicologicamente, somos conduzidos por uma referência de menor valor, o que dá a percepção de que correremos menos.
                Participei desta prova e arrisquei a me inscrever na modalidade individual. Para quem conhece Brasília, a prova foi realizada em no Eixo Rodoviário Sul (Eixão) em um dia muito quente e seco. Curiosamente, neste dia registrou-se a temperatura mais quente do ano na Capital Federal (33ºC) e, a umidade relativa do ar, girava em torno de 13%.
                Para agravar o quadro ainda mais, o evento coincidiu com uma série de queimadas (que pode ser observada na fumaça das fotos postadas) em alguns parques florestais próximos à cidade (típicas na região de cerrado nesta época do ano), como o que acontecia paralelamente à competição, no Parque Nacional de Brasília.

A Organização da Prova


                Conforme já era esperado, a exemplo do que ocorre com as provas do Circuito das Estações Adidas, Fila Night Run e Braskem Eco Run, a organização das 10 Milhas Brasil – Etapa de Brasília, foi impecável em todos os aspectos, isto é, desde a retirada do kit com o número de peito, realizado no sábado, até a entrega do chip de cronometragem no Domingo, serviços de guarda-volumes e entrega de kits pós-prova, como medalha e lanches (frutas em abundância).
                Além da excelente organização, na arena do evento estava também um stand muito animado da Puma com destaques para seus tênis de perfomance e também outros acessórios. Dentre as atividades no stand, que mesclaram atrações e serviços para alta performance, havia o desafio Fass Puma, para atletas que, naquela manhã, fizessem em menor tempo os 100mts rasos de corrida que fizeram a fama do grande corredor e recordista jamaicano Usain Bolt.
                Segundo o site da Revista O2, para esta prova haviam aproximadamente 3.500 corredores inscritos. Não houve atrasos. Em corridas deste padrão, uma idéia simples e muito prática é colocada em prática a cada prova. Trata-se da largada por baias de ritmo que, permite que tanto corredores iniciantes quanto os veteranos possam correr sem empurrões ou muitas ultrapassagens. Assim, procura evitar-se  acidentes e atropelos, separando os corredores de acordo com o seu ritmo.

Arena de Largada - Grande número de participantes
Foto: Fernanda Elisa

Correr Individualmente uma Prova de Revezamento.


                Apesar da corrida ter como atrativo a proposta de ter uma medida feita em milhas, durante o percurso as placas de orientação foram impressas em quilômetros. Assim, o efeito psicológico estimulante de participar de uma prova com a percepção de estar correndo menos, devido a uma marcação em milhas, acabou não ocorrendo, pelo menos comigo. Isso foi notório.
                Conforme destacado, tratou-se, na verdade, de uma corrida de revezamento. Participar de uma corrida desta natureza impõe vários desafios aos atletas, especialmente para quem optou correr na modalidade individual.
                Por exemplo, apesar de haver corredores dispostos a passar horas e horas realizando várias voltas sobre um percurso oval, ou até mesmo sobre uma esteira, na prática, já ouvi histórias de vários corredores que não gostam de ficar correndo em círculos, isto é, ter que correr 5 ou 10 km, tendo que completar  várias voltas sobre um mesmo percurso.
                A justificativa encontra-se no fato de que para estes atletas, a corrida ficaria psicologicamente muito entediante. Assim, para superar este tédio, seria preferível diversificar o percurso e, conseqüentemente os cenários, não importando a quilometragem alvo que desejam atingir. Corredores com este perfil encontram dificuldade para completar uma prova tendo que repetir o mesmo percurso mais de uma vez. Muitos atletas deixam de participar de provas com estas características. Não é culpa deles, pois na corrida, além do desgaste físico, ocorre também um desgaste mental comum em percursos longos, mas, que, também pode ser observado em percursos repetitivos.
                Como esta prova também era de revezamento, o circuito foi montado sobre o Eixão, na altura das Quadras EQS 110/111 ou SQS 210/211 de forma que lembra um circuito oval, dividido em dois trechos de aproximadamente 8 km, com a arena de chegada e largada localizada no centro do mesmo.
                Essa característica, do ponto de vista psicológico, acaba desgastando o atleta, especialmente aqueles que se aventuram na carreira solo, como eu. Sobre alguns, o desgaste pode ser maior. Sobre outros, menos.
                Ao correr individualmente, lembro-me de ter passado pela arena no ponto central, em torno de quatro a cinco vezes. Além do mais, logo após a realização do revezamento, você preocupa-se com o fato de que os atletas recém introduzidos na prova conseguem ultrapassá-lo com um ritmo mais forte, o que também, pode abalá-lo. Portanto, a opção de correr individualmente uma corrida de revezamento, exige uma boa dose de concentração e condicionamento.


Passagens pela Arena
Fotos: Fernanda Elisa

Experiência da Prova


                O Eixão tem uma característica natural e muito interessante, o que o torna muito agradável, principalmente no início da manhã. Conforme destacado anteriormente, aos domingos é um local perfeito para o running ou caminhada matinal. Por ser muito amplo, ameniza-se o ruído dos veículos e, por ser bem arborizado, é possível ouvir freqüentemente o canto dos pássaros, como os bem-te-vis, sabiás e periquitos. Estas características conseguem tornar a prova muito mais agradável. Dessa forma, durante a corrida, além do barulho imprimido pelo ritmo das passadas dos atletas, foi possível também ouvir o canto destes pássaros, que só eram interrompidos pelas sirenes do grupamento da Brigada de Incêndio dos Bombeiros em suas incursões para acudir as queimadas em alguns parques florestais próximos à cidade.
                Consegui largar junto ao pelotão de elite, por ter alcançado em provas anteriores um ritmo abaixo de 4min30seg/km. Em função do forte calor e da baixa umidade relativa do ar, procurei realizar a corrida dentro de um ritmo confortável, aproveitando para me hidratar em todos os postos de hidratação colocados a disposição.

 Arena de largada/chegada
Fotos: Fernanda Elisa
                Muitas pessoas possuem a percepção de que as provas em Brasília ocorrem em percursos planos, o que não é verdade. Já tive oportunidade de correr várias vezes na Capital Federal, em percursos de 5, 10 e até 21 km, tanto na Esplanada dos Ministérios, que consegue equilibrar a altimetria entre a descida e subidas, quanto no próprio Eixão, que induz a acreditar que o percurso é plano. Ele até pode parecer plano, mas não o é, enganando muita gente!
                Senti-me como se estivesse correndo sobre um percurso no formato de uma pista de skate, sem uma inclinação muito acentuada. A percepção foi a de que a arena de largada/chegada se posicionou na parte plana da pista. Assim, ora estávamos subindo, ora descendo. Confirmei esta informação quando baixei os dados do GPS, informados abaixo. Como se pode observar houve uma forte exigência das panturrilhas, pois o volume de subida foi muito maior.
Distância no plano: 3,06 km 
Distância subindo: 8,22 km 
Distância descendo: 4,68 km 

Abaixo, detalhes adicionais de meu tempo e ritmo nesta corrida:
Tempo:
01:07:09
Tempo Movimt.:
01:06:19
Elapsed Time:
01:07:09


Ritmo médio:
04:12 min/km
Avg Moving Pace:
04:09 min/km
Melhor ritmo:
02:57 min/km
Chegada - Finalizando a corrida
Foto: Fernanda Elisa
                Apesar da excelente organização, acredito que o fato de se utilizar como marcadores de quilometragem para a prova as milhas e não os quilômetros como foram utilizados, fosse mais interessante. Ao fazer desta forma, não houve a introdução de um elemento diferente das nossas corridas tradicionais, com condições de atuar positivamente no “motivacional e psicológico” dos atletas, conforme se acredita.
                Outro ponto a ser destacado é a questão dos congestionamentos de atletas no meio do percurso. A prova envolveu aproximadamente 3500 corredores sobre esse circuito quase oval e, mesmo sendo realizado em uma ampla avenida, como o Eixo Rodoviário Sul, foi inevitável haver os congestionamentos, especialmente nos postos de hidratação.
                 Outro fato comum, em provas desse tipo é que nos postos de hidratação, o elevado volume de copos descartáveis que são jogados sobre o percurso, atrapalha a corrida. Isso me chamou bastante a atenção, pois vários atletas, muitas vezes, precisavam diminuir o seu ritmo para pular ou se desviarem dos copos vazios jogados pelo chão. Entretanto, isso também não é culpa da organização e, muitas vezes, envolve mesmo é uma questão de Educação no Esporte!
                Os atletas que participam destas corridas, geralmente correm em busca de melhores tempos ou, de, simplesmente, participar e finalizar a prova. Como o segundo caso é maioria, acaba-se prejudicando os primeiros, também em função do congestionamento gerado por aqueles atletas que correm em um ritmo mais lento. Apesar de todos os inscritos terem o direito de participar, aqui cabe também uma questão de Educação na prática deste esporte! Acredito que à medida que o esporte se torna uma prática popular, essas questões vão sendo minimizadas.
                Para quem nunca participou de uma corrida de rua no Distrito Federal, vale a pena participar. Caso desejem obter maiores informações sobre as datas das corridas, visitem os sites abaixo:
Corredores de Rua do DF: http://www.cordf.com.br/
               
                Para quem gostaria de ver um flash sobre a cobertura desta prova, também vale a pena visitar o vídeo hospedado no seguinte endereço:
A Corrida e seus valores
Foto: Fernanda Elisa
Referencia: