quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Corrida do Fogo Trindade 2011


Uma Prova de Fogo

                Os praticantes de corrida de Rua possuem muitas histórias pitorescas para relatar, algumas delas podem ainda ser muito engraçadas. Uma dessas histórias aconteceu comigo e com alguns companheiros do asfalto, durante a Corrida do Fogo, realizada no dia 23 de janeiro de 2011, na cidade de Trindade, que pertence à região metropolitana de Goiânia. A corrida teve percursos de 4 e 8 km. 
                 Trindade é uma cidade muito religiosa e um local onde está localizada a segunda maior basílica do país que, durante todo o ano, reúne milhares de católicos não somente do Estado de Goiás mas de todos os Estados. É também onde,  em julho, ocorre ainda a secular romaria ao Divino Pai Eterno.
                Quem organizou esta corrida foi um jovem corredor, o Wellington, morador desta cidade, que com o apoio de seu pai e sua tia, também sua madrinha, “bateu” à porta de várias agências organizadoras de eventos para conseguir os recursos mínimos necessários para realizá-la. De tanto insistir, ele conseguiu, ao seu modo, o apoio da Polícia Militar, Bombeiros e o apoio voluntário da Sistime que cedeu os chips de cronometragem.

                A corrida foi bem divulgada, tanto no site da Sistime, quanto pelo próprio organizador que se prontificou em fazer um “corpo-a-corpo” durante as provas locais para convidar verbalmente aqueles corredores que cruzaram o seu caminho, como eu, por exemplo. Com tanto barulho, o evento acabou atraindo a atenção de vários atletas amadores e de elite, contando inclusive com participantes do Distrito Federal.
                O lado insólito e engraçado desta história foi a maneira como chegamos ao local da largada. Eu e mais três colegas do Grupo Giramundo havíamos combinado de ir juntos em meu carro. Encontramo-nos domingo pela manhã e nos dirigimos para Trindade.

                O problema foi que o único ponto de referência que tínhamos, além da cidade, era o nome de uma rua e uma simples referência para o local da largada, que ocorreria nada mais, nada menos, do que no “Bar do Negão”. Lá fomos nós, direto para o centro da cidade, certos de que chegando lá, observaríamos cones com demarcação do percurso, uma grande movimentação e muito barulho. Para nós, estaria tudo certo!
                Fomos direto para o centro da cidade. O fato é que, em nosso caminho, não vimos nenhum vestígio do percurso. Achamos tudo muito estranho. Perguntamos para alguns moradores locais se pelo menos eles conheciam o tal “Bar do Negão”. Para nossa decepção, ninguém conhecia. Perguntamos também se alguém sabia da existência de alguma corrida de rua na cidade e, para aumentar ainda mais o nosso desespero, pois já eram quase 8 h da manhã (hora programada para a largada), ninguém também sabia.
                Para nossa sorte, um morador local nos sugeriu para dirigirmos para outra parte da cidade, mais contígua à Goiânia. Neste momento, lembrei-me que estava com um GPS veicular. Inseri os dados da rua e deixamos ele nos levar. Passamos pelos locais mais improváveis de se imaginar entre a periferia de Goiânia e Trindade, que compreendia ruas de terra muito esburacadas. Para nossa surpresa, avistamos uma faixa com uma pequena movimentação de pessoas. 

                Conseguimos finalmente chegar no “Bar do Negão”. Para nossa sorte, tudo lá também estava atrasado e ainda tivemos tempo de realizarmos um aquecimento prévio.
                Lá tudo era realizado de forma muito simples. As inscrições foram realizadas na hora e no próprio local. Foi muito positiva a iniciativa da Sistime ter cedido voluntariamente os chips de cronometragem.


                Quando nos atentamos para os detalhes, apesar da boa vontade dos organizadores, observamos que tudo era muito improvisado. Por exemplo, havia uma fila onde os atletas faziam as inscrições e quem coordenava esta tarefa era o próprio pai do organizador. As medalhas de participação foram doadas por algumas agências a partir de sobras de corridas passadas. O único banheiro disponível era o do “Bar do Negão” que, após a noitada de sábado estava insuportável no domingo. O pódium de premiação dos atletas foi montado sobre engradados de cerveja do bar.

                Apesar de todo improviso, dois aspectos chamaram bastante a atenção: o envolvimento das crianças do bairro e o percurso de 8 km da corrida. Antes da largada principal houve uma corrida somente para as crianças. Houve a participação de vários corredores mirins locais, sendo esta uma excelente iniciativa no estímulo à prática esportiva. Já o percurso de 8 km, apesar de não ter sido muito bem balizado, o que gerou certa preocupação para os corredores, foi muito difícil, pois envolveu longas ladeiras do bairro.





                Ao final, tudo terminou bem, mas também de forma muito improvisada. Finalizei a prova com o tempo de 32min21seg, o que corresponde a um ritmo de 4,02 min./km. Com este tempo fiquei no terceiro lugar na faixa etária e tive a honra e o prazer de subir sobre o “engradado” de cerveja para receber uma medalha de outra competição passada.

                Que este relato, sirva de inspiração para que, os corredores  estejam cada vez mais preparados para enfrentarem as situações inusitadas que surgirem no caminho. Eu e os demais colegas levamos esta empreitada com muito bom humor e percebemos que a maior dificuldade é não ter iniciativa. Parabenizamos o Wellington pela iniciativa.

4 comentários:

  1. Esta corrida foi muito legal mesmo, corrida típica de Bairro com organização e apoio sem estar focada no "lucro". Corremos pelo prazer de correr. As crianças que estavam por lá,(havia também uma caravana de algumas crianças de Senador Canedo, que fazem parte do Projeto de Iniciativa Esportiva daquele município)algumas correram até com os pés descalço e vibravam pelo fato de participar daquela corrida. Nós do Grupo Giramundo vibramos também ao ver e sentir como é uma corrida em que o mais importante realmente é correr. Parabéns pelas lembranças desta inusitada corrida.

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  2. Rene,você tem razão! São com estas experiências que nós exercitamos a humildade e conseguimos superar os desafios.Ver o envolvimento e a alegria daquelas crianças que, mesmo correndo descalças, estavam totalmente envolvidas com a atividade foi muito comovente. Lembro-me também que esta corrida atraiu a atenção de alguns atletas de Brasília, que também participaram desta prova e que tivemos a oportunidade de revê-los durante o Circuito Sol Net em Brasília! A corrida é mesmo assim, a gente vai fazendo companheiros ao longo do "percurso"! Um forte abraço!

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  3. Nilo, amei a matéria, estava lá participando no dia e foi muito divertido, é muito bom sair as vezes da rotina da comodidade e se divertir um
    pouco com improvisos como estes, durante a cor-
    rida fiquei sozinha no percurso e nem sabia o caminho de volta.Depois que passa a gente vê como
    valeu a pena.
    Abraços

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  4. Andreia, experiências como estas que passamos não podem cair no esquecimento. Depois de tanto sufoco e improvisação, hoje podemos falar que aprendemos mais um pouco sobre lidar com os desafios e as situações inusitadas que aparecem em nosso caminho! E, claro, depois de passado tudo isso, dar umas boas risadas Que bom saber que você também estava lá!
    Um forte abraço!

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