sábado, 3 de setembro de 2011

6o Largue o Cigarro Correndo

O Vício do Bem

                Para a maioria dos fumantes, parar de fumar exige uma enorme força de vontade e mesmo assim exige-se muita força para enfrentar momentos de muita ansiedade e irritação, além do receio de ganhar peso e evitar as recaídas. Neste aspecto, a família e a comunidade exercem uma grande influência.
                Hoje, o arsenal colocado à disposição das pessoas que desejam abandonar o tabagismo é enorme, o que inclui várias técnicas, ajuda de um profissional médico e/ou psicológico, além de avançados recursos farmacológicos. Segundo Hughes JR (2000), o apoio comportamental, aliado ao tratamento farmacológico, pode aumentar em até 6 vezes a chances de sucesso no abandono do tabagismo. Programas de apoio como o “Eu Quero Parar”, do Laboratório Pfizer, oferece dicas comportamentais para evitar recaídas e situações de risco, além de incentivar o abandono desta prática perniciosa. Para quem deseja cessar este hábito, vale a pena se cadastrar no Programa: http://www.euqueroparar.com.br
                Milhares de pessoas tem buscado abandonar o cigarro em função dos incômodos e  constrangimentos que as restrições atuais impõem e, muitas conseguiram abandonar este vício simplesmente começando a correr.  A atividade física, também é considerada como um importante aliado contra o cigarro. Existem dados que apontam que a prática da atividade física leva os fumantes a fumarem menos. Além do que, os benefícios da corrida (físicos e sociais) como a sensação de bem estar após a prática da atividade física, o ambiente saudável, a vontade de se cuidar, etc., estimulam as pessoas a abandonarem o vício.
                Para a revista Runner’s World (outubro de 2009) é como se, no corpo humano, o cigarro e o exercício, por serem completamente antagônicos, travassem uma queda de braço! E mais, se você fuma e pratica a corrida, a atividade física “leva a melhor” neste confronto. Nesta edição da RW, também se encontra relatos de várias pessoas que conseguiram abandonar a prática do tabagismo, algumas com mais de 30 anos de fumante, correndo.
                Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, quando uma pessoa abandona este vício acontece o seguinte:
a)      Em 20 minutos a pressão sanguínea e pulsação voltam ao normal;
b)      Em 8 horas o nível de oxigênio se normaliza;
c)       Em 2 dias, o seu olfato já percebe melhor os cheiros e o seu paladar degusta melhor os alimentos;
d)      Em 3 semanas, a respiração fica mais fácil e a circulação melhora;
e)      Em 3 meses, a função pulmonar aumenta em 30%;
f)       De 5 a 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou e o risco de câncer de pulmão é a metade do de um fumante;
g)      Em 15 anos, o seu risco de infarto é igual ao de alguém que nunca fumou.
                É com esta introdução que parabenizamos a iniciativa dos organizadores da 6ª Corrida Largue o Cigarro Correndo, realizada no dia 28 de agosto de 2011. Uma boa e saudável proposta de mudança de hábito que pode ajudar muitas pessoas a terem um convívio melhor na sociedade com suas famílias, amigos, trabalho, etc..
                Neste aspecto, vale aqui ressaltar que a organizadora do evento utilizou, no cartaz da campanha para esta corrida, a figura do conhecido corredor goiano Celmo Rodrigues de 39 anos que também conseguiu abandonar o cigarro correndo, a dez anos atrás. 
                 Hoje, Celmo é um grande corredor da nossa elite de atletas e consegue fazer um percurso de 10 km em 35min48seg. O Celmo, que aparece com alguns integrantes do Grupo de Corrida Giramundo na foto abaixo, hoje é uma figura inspiradora não somente para seus filhos, mas, também, para muitos de nós. Vale ressaltar que o seu filho ficou em primeiro lugar na faixa etária, em sua categoria nesta mesma corrida.

                A largada da corrida ocorreu em frente ao Buriti Shopping em Aparecida de Goiânia. Os percursos desta edição foram de 1 km (atletas abaixo de 17 anos), 4 e 12km. Desta vez, eu consegui levar quase toda família para correr. Só não havia um percurso para meu pequeno filho, ainda com 7 anos.

                Logo na chegada já foi possível perceber a presença de vários corredores da elite goiana de atletismo. A maioria dos atletas inscritos, assim como eu, optou por correr os 12 km. A seguir, conto um pouco desta experiência.
                Do pórtico da largada já era possível avistar o longo e difícil percurso que teríamos adiante. O início foi marcado por uma longa descida, que posteriormente foi convertida em uma subida.
                Veja aqui um resumo das distâncias percorridas: Distância no plano: 3,42 km - Distância subindo: 4,53 km - Distância descendo: 4,16 km.
                Por isso, não fiz uma largada forte. Realizei uma corrida progressiva, tentando sentir a prova e me poupar no começo, tendo em vista o que enfrentaria na volta.
                Corrida muito bem balizada e organizada, com banheiros limpos e postos de hidratação em vários pontos da prova. Corri ao lado de alguns companheiros do asfalto, como os colegas Hugo e Laércio até os km 3 – 4, quando percebi que podia forçar um pouco mais. Participei de duas situações bem estratégicas entre os km 7 e 8 e outra entre os km 9 e 10, quando consegui forçar um pouco mais em duas situações de aclives, superando alguns atletas e, ainda finalizando a corrida num ritmo forte.
                Neste trajeto, mais uma vez confirmei que muitos atletas não correm simplesmente para si, mas, também para os outros, especialmente numa corrida desta natureza. Fiquei comovido, por exemplo, com uma atleta dos 12 km, que fixou em sua camiseta um dizer com o seguinte sentido “Corro para que meu pai pare de fumar”. Assim, na impossibilidade de seu pai realizar a prova, ali estava ela, dedicando-se e superando-se e sendo um exemplo para muitos!
                Pude perceber que alguns corredores de Elite se machucaram e tiveram dificuldades em finalizar a prova. Quando cheguei, e olhei o cronômetro, pude perceber que quase atingi meu Delta, que seria completar esta corrida em 48 minutos. Faltou pouco.
                A seguir, compartilho com vocês alguns detalhes do meu desempenho nesta corrida:
Tempo:                                00:49:28
Veloc. Média:                   14.5 km/h
Veloc. Máxima:                18.8 km/h
Ritmo médio:                    04h07min min./km
Melhor ritmo:                   03h11min min./km
                Diante destes números, cheguei a criar uma expectativa de que poderia alcançar o pódio, o que não se confirmou, pois fiquei em quarto lugar na faixa etária. Vale aqui ressaltar a excelente participação de nossa companheira do asfalto Antônia, do Grupo Giramundo, que alcançou o terceiro lugar na classificação geral feminino. Parabéns Antônia! Haja espaço em sua casa para tantos troféus!

                Todavia, mais do que o prazer de você conseguir subir no pódio, é a alegria de ver o seu filho lá e imaginar que sim: Ele pode chegar lá! Ficou em primeiro lugar em sua categoria, de até 17anos.


                Parabéns Thiago, que este exemplo de superação permaneça e o estimule a continuar correndo comigo!

Referência:
Hughes JR. New treatments for smoking cessation. C A Cancer J Clin 2000;50:143-151
Revista Runner’s World (outubro de 2009)
Sociedade Brasileira de Cardiologia

2 comentários:

  1. Muito bacana os comentários e citações sobre a importância de parar de fumar e, ainda, os efeitos provocados quando se deixa de fumar. Efetivamente a prática de atividades esportivas, entre elas a corrida, é uma das maneiras mais eficazes para se conseguir abandonar o vício do fumo. Conheço alguns companheiros que largaram o cigarro correndo. Parabéns mais uma vez pelo artigo e também para os integrantes do Grupo Giramundo que correram por uma causa.

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  2. Rene, obrigado pelos comentários. Hoje, quando conversamos com o Celmo, citado na matéria, ele acrescentou que tudo começou como uma brincadeira, ainda quando morava na roça. O seu pai também era fumante. Na época, ele conta que acendeu o primeiro cigarro para espantar os mosquitos e, dessa forma, aprendeu. Quando veio para cidade, descobriu o esporte e, abandonou o hábito. Mais uma vez, PARABÉNS para ele!
    Assim é a vida, muitos começam os vícios como uma brincadeira, que se torna muito séria no final. De fato, uma excelente causa para se correr, contra um vício pernicioso e que afeta milhares de brasileiros e, de certa forma, consentida pelo governo, que arca com milhões em tratamentos e hospitalizações futuras. É o BRASIL! Um forte abraço!

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