Tradição e Polêmica: dois ingredientes fundamentais para agitar a corrida de rua mais importante do Brasil.
A corrida de rua mais tradicional do Brasil, a São Silvestre, é também uma das mais polêmicas. Desde que foi realizada pela primeira vez, em 31 de Dezembro de 1924, já passou por diversas mudanças.
Conforme já registramos anteriormente nesse blog, somente quem já correu uma SS para saber do que estamos falando. Enquanto que, para muitos é apenas mais uma corrida de rua, a mais tradicional, diga-se de passagem, para outros, assume diferentes dimensões, de cunho emocional e até espiritual. Outros já a percebem apenas como um grande teatro.
Estive lá em 2010 e, independente das opiniões divergentes, a SS é de fato uma corrida muito emocionante. Ela é o palco de encontro de milhares de corredores de rua provenientes de todo o Brasil e, também, do mundo, que se reúnem na Avenida Paulista em São Paulo para celebrar o último dia do ano, fazendo aquilo que mais gostam: correndo.
Foto 1. Chegada triunfante na Av. Paulista em 2010 |
Foto 2. Chegada ritmada: Congraçamento entre atletas de todo o mundo (2010) |
Entretanto, em 2011, sem nenhuma dúvida, no mundo da corrida de rua não houve uma prova mais polêmica do que a São Silvestre. Tudo começou quando os seus organizadores decidiram modificar drasticamente o seu percurso, em função da área de dispersão, na Av. Paulista que, além de ter atingido a sua capacidade de suportar pessoas, também interferia na preparação do Réveillon dos paulistanos.
Milhares de atletas de todo o Brasil, manifestaram a sua indignação, gerando controvérsias e debates sem fim. Criou-se até uma SS Cover, com 300 participantes, que percorreu o percurso tradicional, como forma de protesto. Hoje sabemos que há muito mais coisas importantes na SS que deveriam ser mudadas. Não cabe discuti-las agora, nesse momento. Todavia, com relação ao percurso, os organizadores não se abriram ao diálogo, mantendo-se firmes em seu posicionamento.
Paradoxalmente, a SS também é uma das provas brasileiras que mais passou por mudanças, desde o seu surgimento. Inicialmente era realizada a noite, nos momentos que antecedia a virada do ano, quando os corredores chegavam concomitantemente com a queima de fogos. Entretanto, desde 1989, a prova passou a ser realizada às 17h (15h15min somente para as mulheres).
A quilometragem e o percurso também já foram modificados outras vezes. Em um período, os corredores subiam a Av. Consolação, em outro, a Av. Brigadeiro, para depois entrarem triunfantes na Av. Paulista.
Durante a sua fase nacional, houve uma supremacia dos atletas paulistanos por 16 anos. Em 1945, a Corrida de São Silvestre deu um importante passo para o seu desenvolvimento, além de se tornar ainda mais competitiva ao aceitar representantes da América do Sul. Entretanto, somente em 1991 foi estabelecida a distância atual de 15 km, para atender os desejos da IAAF e poder integrar o calendário de provas de rua. A partir daí, a competição passou a se chamar Corrida Internacional de São Silvestre.
Posso me considerar um privilegiado, por ter corrido o percurso mais tradicional e gerador de toda essa polêmica ainda durante o ano de 2010. E, em meu modo de ver, quem correu, correu.
Apesar de vários fatores interferirem nos resultados de uma prova, como o dia, o clima, a temperatura, o horário, considero que é o percurso que faz e que define a fama da prova e, obviamente, a torna tradicional.
Para entender o que estou falando, basta imaginar fazer uma volta da Pampulha em outro lugar de Belo Horizonte. Da mesma forma, há várias São Silvestres realizadas no Brasil, inclusive em outros países de América do Sul. Entretanto, aquela SS, cuja chegada triunfante ocorria na Av. Paulista, principal avenida paulistana, após a subida da Av. Brigadeiro, era diferente! Em 2011, essa cena não irá se repetir.
Foto 3. Atletas chegando de forma triunfante na edição de 2010 da SS |
Mesmo com tantas polêmicas, as inscrições para a SS 2011, ficaram rapidamente esgotadas. Foram mais de 25.000 corredores inscritos. Eu e o colega Rene somos um deles! Sem falar de outros tantos “pipocas”, que farão a corrida pelo simples prazer de correr e participar da grande festa.
A edição de 2011 da SS tem tudo para ficar na história. Marilson dos Santos, um de nossos melhores representantes e, favorito para ganhar a prova, além de ser responsável por estarmos em equilíbrio com os quenianos em termos de vitórias nessa competição(são 12 vitórias para o Quênia e 11 para o Brasil), está sendo seriamente desafiado por atletas estrangeiros.
Foto 4. Chegada triunfante de Marilson Santos durante a edição de 2010 da SS |
A organização já confirmou a inscrição de representantes do Quênia, Etiópia e Tanzânia, com marcas expressivas em provas da IAAF (Federação Internacional de Atletismo). Alguns integrantes da elite masculina chegaram a correr abaixo de uma hora nos 21 quilômetros, como os quenianos Kisorio Matthew (58min46s) e Martin Lel (59min56s).
Além disso, temos um recorde de inscritos. Apesar de tudo, a mudança do percurso deixa a prova mais rápida, há uma grande expectativa de quebra de recordes (eu também quero quebrar o meu!). Também teremos um excelente horário de largada (17hs).
Viajarei para São Paulo no dia 27.12.11, onde encontrarei o colega Rene. Lá, participaremos de uma nova SS. Não aquela que conhecemos anteriormente, mas, uma nova prova, onde também esperamos quebrar o nosso recorde pessoal nos 15 km.
O pensamento positivo de todos vocês será muito importante para o nosso desempenho!
Tenham todos um Excelente 2012!
Fonte:
http://www.presskit.com.br/remoto_template_processa - em 21.12.2011
Revista Contra Relógio – Ano 19 – Outubro de 2011.