sábado, 17 de dezembro de 2011

Antartic Ice Marathon 2011

Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito.
Martin Luther King. Jr.
Antartic Ice Marathon 2011

                Maratonistas e corredores de longa distância de todo o planeta buscam se desafiar constantemente seja com uma corrida na selva, em elevadas altitudes ou em pleno deserto. Entretanto, o que leva alguém a encarar um desafio realizado em um ambiente insólito, onde em algumas épocas do ano o sol brilha por 24h, onde as tempestades de neve são constantes e a velocidade do vento pode chegar até a 200 km por hora, onde a temperatura pode chegar a - 30º C e onde nem mesmo um inseto consegue sobreviver?
                Esse é o cenário da Antartic Ice Marathon que reúne duas das provas mais difíceis do mundo: uma maratona e uma ultra de 100 km no gelo, considerada como o percurso mais frio do mundo e, obviamente, reservada apenas para os atletas de endurance mais resistentes. Em nosso imaginário, a Antártica representa esse grande desafio, a última fronteira selvagem a ser conquistada. Cada corredor tem seus motivos individuais para tentar superá-la.

Foto 1. Ambiente inóspito onde nem os insetos conseguem sobreviver.

Foto 2. Temperatura que chega a - 30 graus C e rajadas de vento de até 200 km po hora

                Essa introdução pode soar muito familiar para você, e com razão. Esse desafio, já foi mostrado para todo o Brasil em uma série de reportagens, veiculada pelo Programa Fantástico da Rede Globo, intitulada Planeta Extremo, realizada pelo jornalista e ultramaratonista Clayton Conservani, que participou de uma das edições dessa prova.
                Ele participou desse desafio ao lado do atleta carioca Bernardo Fonseca que, na época, venceu os dois desafios: a maratona e a ultra. Na ocasião, participaram 40 atletas provenientes de 16 países. Convido a quem não viu esse episódio, transmitido pela Rede Globo, que acesse o link abaixo para ter uma pequena dimensão das dificuldades enfrentadas pelos atletas:


                A Polar Running Adventures, agência organizadora desse desafio e que também organiza a North Polar Marathon, antecipadamente recomenda para quem desejar participar tanto da maratona quanto da ultra, a não esperar realizar um bom tempo de prova, em função de que o vento proveniente do Pólo pode variar de 10 a 25 nós.
                Eles também adiantam: “Esqueça os pingüins e a multidão aplaudindo ao longo do percurso. Nenhum pingüim sobrevive nesse lugar. Confie apenas em você mesmo como fonte de motivação junto à natureza indomável”.
                Alison Hamlett, jornalista e fotógrafa da Revista Runner’s World participou da edição de 2011 da Antarctic Ice Marathon. Para ela, há incontáveis provas inspiradoras e desafiadoras ao redor do planeta, mas essa é a “mãe de todas”, pois, nenhuma outra se aproxima em termos de condições extremas.
                Em seu relato, Alison conta que sua aventura começou às 22h do dia 29.11.11, a partir de Punta Arenas, no sul do Chile. A viagem durou cerca de 4horas e meia até chegar ao acampamento de Union Glacier, que fica aos pés das montanhas Ellsworth.

Foto 3. Acampamento em Union Glacier

Foto 4. Chegada dos atletas no Avião Illusion

Foto 5. Avião Illusion e estruturas de apoio

                Entre os atletas de 2011, havia uma atmosfera muito positiva. Alguns deles já haviam corrido mais de 100 maratonas, outros eram pessoas simples e outros, desejavam correr uma maratona em cada continente e, assim, tornarem-se membros de um grupo seleto: o Seven Continents Club.
                A maratona foi realizada no dia 01.12.11 às 11h da manhã. Participaram 32 atletas provenientes de 17 países. O percurso foi demarcado com bandeirolas laranjadas.  Os atletas tinham que percorrer o mesmo percurso por três vezes. Todavia, a superfície uniforme se desfazia, à medida que o dia esquentava e o sol derretia a neve, fazendo com que a segunda volta fosse mais difícil do que a primeira, o que drenava bastante a energia.

Foto 6. Percurso da maratona e da ultra

                Para ela, sem referência alguma na paisagem, correr em uma linha reta por apenas 8 km já era uma grande batalha física e mental. Os postos de hidratação e ajuda, estavam localizados a cada 10 km. Eles surgiam no horizonte como um ponto negro e oferecia irresistíveis oportunidades para comer, beber e descansar.

Foto 7. Chegada

                Veja a classificação, com os tempos dos três primeiros colocados da 7ª edição da Antartic Ice Marathon:
Masculino:
1. Clement Thevenet (FRA) - 3:47:07 hrs
2. Alvin Matthews (USA) - 4:38:19 hrs
3. Matthew Von Ertfelda (USA) - 4:52:58 hrs
Feminino:
1. Yvonne Brown (GBR) - 4:26:10 hrs
2. Emer Dooley (IRL) - 4:41:30 hrs
3. Alison Hamlett (GBR)- 4:46:39

                O corredor francês estabeleceu um novo recorde para a prova. Uma mulher da Grã-Bretanha chegou em segundo lugar. O terceiro lugar ficou com um americano e o quarto e quinto lugar com outras duas mulheres, inclusive o de nossa jornalista da Runner’s World. As mulheres cada vez mais vêm conquistando o seu espaço e demonstrando uma forte resistência para as provas de endurance.
                Em seu relato, Alison acrescenta que às 10h da manhã seguinte, apenas 05 ultra-coredores participaram dos 100 km em condições climáticas muito piores do que a da maratona. O mesmo francês que ganhou a maratona, fechou os 100 km em 12h09min06seg, registrando outro recorde da prova nessa distância.
                Obviamente, tudo isso tem um peso financeiro. O pacote completo para o registro nesta maratona, o que inclui uma jornada de cinco dias, com acomodações, vôo em jato privado da cidade de Punta Arenas no Chile para o acampamento Union Glacier, não fica por menos de 9.900 euros.  Se você é um desses corredores que gosta de se desafiar, prepare-se, pois, em 20 de novembro de 2012 será realizada a 7ª edição da Antartic Ice Marathon.
                Para quem não se encontra preparado para uma maratona, também pode participar de uma meia-maratona realizada nesse período no mesmo local. Basta se inscrever na White Continent Half-Marathon. E, para quem não está preparado nem para a meia, há ainda uma corrida, parecida com a nossa family run. Trata-se da Antarctic Mile.
                Portanto, aí está uma boa sugestão para aqueles que buscam fortes aventuras.

Fonte


Revista 02 – Outubro de 2011 – No 102


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