sábado, 28 de abril de 2012

6ª Maratona Brasília de Revezamento


6ª Maratona Brasília de Revezamento

Correr nos ensina a desafiarmo-nos. A ir além de onde jamais imaginamos que pudéssemos chegar. E ajuda a descobrir do que somos feitos. É isso que somos. E é isso o que importa.
PattiSue Plumer, corredora olímpica norte-americana

                Eleita pela Revista Runner’s World como uma das melhores provas do Brasil, a Maratona Brasília de Revezamento, já está em sua sexta edição. A prova conta com percurso oficial para uma maratona (42, 195 km) devidamente aferidos pela CBAt, sendo realizada exclusivamente na forma de revezamento e comemora, em grande estilo, o aniversário de Brasília, que completa, nesse ano, 52 anos.

Foto 1. Correr nos ensina a desafiarmo-nos

Foto 2. "Correr nos ajuda a descobrir do que somos feitos".

                 Organizada competentemente pelo Correio Brasiliense, consegue envolver e “mexer” desde os amigos e familiares de todos os níveis, até os atletas de elite e amadores, os grupos de academias e das assessorias esportivas da Capital Federal. A cada edição registra-se aumento no número de participantes.
                A corrida, já fazia parte das comemorações do aniversário de Brasília, entre os anos de 1991 e 1998, porém com competidores individuais. Em 2007 a prova conseguiu reunir 4.026 participantes e passou a ter equipes com dois, quatro ou oito atletas divididas nas categorias masculina, feminina e mista, além da categoria adaptada se revezando em um percurso entre a Esplanada dos Ministérios, L2 Norte, Setor de Embaixadas, Vila Planalto e Praça dos Três Poderes. 

Foto 3. "Correr, nos permite a ir além de onde jamais imaginávamos chegar."

                Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília é uma das mais belas e modernas cidades do país, cuja história começou há muito tempo atrás, ao ser profetizada em Turim, na Itália, pelo padre salesiano João Bosco. Diz a história que ele sonhou com uma grande civilização que iria nascer entre os paralelos 15 e 20, exatamente no local em que Brasília foi construída.
                52 anos depois, ao nos deparamos com essa “grande civilização” nos perguntamos: na verdade, o que temos para comemorar? Encravada no centro do Estado de Goiás, a cidade vem atraindo a atenção de todos os brasileiros em função de reunir em um só local, a elite da corrupção no setor público brasileiro, o que vem gerando centenas de manifestações populares de quem não se conforma com o “status das coisas”.
                Quem esteve na Esplanada dos Ministérios nessa data pode ver um pouquinho de tudo isso que escrevo. Essa edição da Maratona misturou-se com milhares de manifestantes que, dignamente se reuniram na Esplanada dos Ministérios, lutando pelo direito coletivo de não sermos mais enganados.
                Entretanto, como tudo na vida, sempre há exceções. Nesse sentido, até que temos algo a comemorar, afinal de contas, Brasília, sendo um espelho de tudo o que é bom ou ruim dentro de nós, é de todos os brasileiros! É uma cidade cosmopolita e que sempre recebeu de braços abertos todos aqueles que por lá se aventuraram.

Revezamento: um grande desafio, onde correr é apenas um detalhe!

                Uma prova de revezamento com mais de 5000 participantes requer uma organização de alto nível. Nesse sentido, a estrutura montada pelo Correio Brasiliense para essa edição é digna de nota. Tudo no seu devido lugar: uma grande arena de largada/chegada, grande quantidade de staffs para orientar e monitorar a segurança da prova, baias de diferentes categorias para os atletas de cada equipe permanecerem enquanto aguardam a sua hora de entrar na pista, duas zonas de transição muito bem delimitadas, postos de hidratação a cada 3 km, guarda volumes, etc.

Foto 4. Estruturas montadas para a corrida. Nesta foto, nossa área de transição (2 atletas).

Foto 5. Portal de chegada e largada mais ao fundo da imagem. Ao lado direito, áreas de transição.

Foto 6. Minha passagem pela área da transição. Completando a primeira volta: - É Pedreira!!!

Foto 7. Chegada de um atleta da Equipe do Cruzeiro

Foto 8. Áreas de transição.

                Montar uma equipe de revezamento requer muita habilidade e coordenação por parte de treinadores e atletas, especialmente diante de um percurso tão exigente e técnico como o dessa prova.  Nessa prova, por exemplo, a primeira etapa do percurso envolveu mais descida do que a última etapa, que exigiu muito mais do corredor.
                Assim, o capitão ou coordenador de cada time, além de ter as habilidades de liderança necessária, precisa também conhecer bastante seus atletas para poder alocá-los adequadamente ao longo do circuito. Portanto, um grande desafio por si só, onde correr é apenas um detalhe. 

Foto 9. Momento de um revezamento. Necessidade de sincronização entre os atletas.

Foto 10. Outro revezamento.

Foto 11. Outra transição realizada sem perda de tempo.

Foto 12. Tensão entre os atletas que aguardam seus pares.

Foto 13. Momento de ansiedade dos atletas que aguardam pelo revezamento.

Foto 14. Mais tensão.

                Nas equipes com 8 atletas, cada um cumpriu obrigatoriamente meia volta do percurso, onde 4 cumpriram a distância de 5.760m (1a etapa) e 4 a distância de 4.789 m (2a etapa). Nas equipes com 4 atletas, cada um cumpriu uma volta completa do percurso de 10.549m. Nas equipes com 2 atletas, cada um cumpriu duas voltas completas e consecutivas no percurso, totalizando 21.098m, sendo obrigatória a passagem pelo tapete da cronometragem eletrônica (leitura do chip) nas duas voltas.

Imagem 1. Percurso oficial da prova com duas áreas de transição distintas ao longo do percurso.

                A prova de revezamento requer também por parte da equipe de atletas, independente da categoria, muita coordenação. É preciso conhecer o preparo e capacidade de cada colega, estar atento na zona de transição para entrar na pista e fazer o revezamento na hora certa. Infelizmente ainda é muito comum ver atletas chegarem à zona de transição e perderem muito tempo, procurando o colega com o qual fará a transição.
                Com tanto apelos assim, não poderíamos ficar de fora. Eu e o companheiro Ricardo, optamos por participar dessa belíssima prova na categoria de dupla, cada qual sendo responsável por percorrer uma “perna” de 21.098 m. Eu, retornando de uma lesão. Ele, se preparando para correr uma maratona.
                Além de uma bela prova, muito bem organizada e com percurso certificado pela CBAt, a distância atende a cada uma de nossas necessidades e, pode ainda ser considerada como um treinamento de luxo.
                As provas na distância de 21 km, o percurso de uma meia maratona, são as que mais crescem em número de participantes tanto no Brasil como no exterior. Conseguir completar uma “meia” confirma que esta distância não é tão ingrata como uma maratona, que exige do atleta uma preparação prévia e muito mais complexa. Pude comprovar isso na prática, pois consegui finalizá-la mesmo sem treinar adequadamente por dois meses.

A Prova

                Geralmente, as corridas de rua são realizadas aos domingos. Essa não! O dia 21 de abril de 2012 caiu no sábado. Assim, os atletas puderam sair um pouco da rotina e correrem em um dia diferente. A velha desculpa do compromisso matinal aos domingos não “colaram” para essa prova.
                Foi um dia bonito e ensolarado na Capital Federal. Muitas atrações e festividades estavam programadas para a Esplanada dos Ministérios, palco da corrida e de onde foi dada a largada. Quem esteve lá naquela manhã, pode ver no céu azul de Brasília, mais de 15 balões sobrevoando a região. O dia prometia muita festa! Nós participamos da melhor parte, fazendo aquilo que mais gostando: correndo! 

Foto 15. 52 anos: Uma bela festa!

Foto 16. Balões coloridos preparam para subir.

                A prova em si pode ser considerada como uma “pedreira”. O percurso é muito técnico e exigente, especialmente em um dia ensolarado como foi este! Para quem corre, participar de uma corrida de revezamento na categoria solo ou em dupla sobre um percurso longo como foi esse, é um grande desafio. Para ter um bom desempenho, o atleta lida com o fator psicológico constantemente.
                O desafio mais significativo é a sensação de “dejavu” e o desgaste de ter que repetir uma cena, especialmente numa situação que envolve esforço, como o ato de correr. Ter que enfrentar aquela subida novamente, ter de passar pela zona de transição entre os quilômetros 4 e 5, ter de esperar pelo posto de hidratação que está no km 9, etc., são exemplos típicos dessa corrida. Além disso, para quem está nessa situação, ainda tem-se que lidar com o fato de corredores mais descansados e que acabaram de entrar na pista, o superar a todo o momento, acentuando o desgaste. Portanto, participar de uma corrida dessa natureza requer uma boa dose de equilíbrio.
                Tive sorte. Como capitão e primeiro atleta de nossa equipe, fui o primeiro a ir para a pista e lá estava eu na linha de largada que se deu às 8h em ponto. Digo sorte devido ao fato de que pude aproveitar um pouco mais o frescor da manhã. Procurei correr com cuidado, tentando sentir meu corpo e as reações de minha perna direita, que ainda se encontra em recuperação. Fui para prova tendo uma idéia do percurso, mais não sabia dos desafios que nós iríamos enfrentar: poucas descidas, subidas muito longas, muito sol, pouca sombra ao longo do circuito, etc.

Imagem 2. Altimetria do percurso.


                A maior “pedreira” quem pegou mesmo foi o companheiro Ricardo, que saiu para a pista por volta das 9h40min. Se o sol e o calor judiaram de mim, imagina ele que permaneceu no circuito até as 11hs aproximadamente. Foi uma prova que exigiu muita força, resistência e preparo físico e mental.
                Diante tantas dificuldades, ficamos satisfeitos com os nossos resultados. Como uma equipe, mantivemos uma boa média de, aproximadamente, 1h40min para concluir o percurso. Foi um teste e que aumentou ainda mais a nossa experiência ao ter participado da 6ª Maratona Brasília de Revezamento. 

Foto 17. Ao lado do companheiro Ricardo.

Foto 18. Prontos para novos desafios!

                Para mim, completar mais esse desafio me proporcionou maior confiança para esquecer um pouco a lesão e continuar seguindo em frente com corridas de média e longa distância. Para o companheiro Ricardo, o certificou para enfrentar uma maratona em breve.
                Esse é mais um mistério e um novo aprendizado. Correr nos ensina a desafiarmo-nos. A ir além de onde jamais imaginamos que pudéssemos chegar. E ajuda a descobrir do que somos feitos.

Fonte: 
Revista Runner's World - Edição 38 - dezembro de 2011

2 comentários:

  1. Parabéns por terem participado nesta prova de excelente qualidade e organização. Com certeza correr uma prova de revezamento exige um pouco mais de dedicação e controle. Vocês foram muito bem. Vou me organizar para poder participar no próximo ano. Quem sabe formaremos uma equipe um pouco maior. Abraços.

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    1. Rene, sua experiência conta muito numa prova com esse perfil. Seria muito bom tê-lo conosco. Podemos ter no próximo ano uma ou mais equipes competitivas para fazer bonito no "Planalto Central".
      A prova, sem nenhum defeito. Percurso balizado pela CBAt e muito bem organizada. Não foi a toa que a Runner's World (Ed 38 - dez 2011)a elegeu como uma das melhores provas do país.
      Um grande abraço!
      Nilo Resende

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