domingo, 7 de outubro de 2012

Vício do Bem?



Vício do Bem?

                Duas palavras antagônicas, dois extremos: vício e bem. Afinal, o mau e o bem poderiam se correlacionar? Segundo o Dicionário Aurélio, o vício é um defeito grave que torna uma pessoa ou coisa inadequada para certos fins ou funções. Seria uma inclinação para o mal. Uma conduta ou costume nocivo ou condenável. Assim, fica a indagação: há um vício do bem?
                Nada mais apropriado para um artigo que pretende abordar a relação entre o tabagismo e a atividade física, dois termos completamente antagônicos. Neste texto serão apresentados dados sobre a indústria do tabaco, além de como a atividade física pode contribuir para resgatar o tabagista, isto é, aquele que faz uso do tabaco.


Imagem 1. A corrida como aliado no combate ao tabagismo.


                Já se ouviu muito falar de que a corrida é um vício do bem. Isto porque grande parte dos corredores fica tão acostumados aos benefícios e ao prazer que correr proporciona que chegam a se viciar na corrida. Contudo, a prática desse esporte é muito mais do que isso. Ele também pode ser muito eficaz como atividade de resgate para alguém que está entregue ao vício pernicioso do tabaco.
                Independente da porta que se entrou para o mundo da corrida, com o passar do tempo, seus adeptos tendem a se entregar à mesma, tal qual um vício e, passam a utilizar grande parte de seu tempo se ocupando somente com aquilo que está relacionado ao esporte. Elas passam a fazer parte de uma “tribo”.
                Nesse ponto, o praticante entra em um terreno perigoso, pois como se sabe, tudo em excesso, como um vício, deixa de fazer bem, podendo prejudicar, seja na esfera social, seja na prática da própria atividade esportiva, na forma de lesões ou overtraining. Como tudo na vida, um pouco de cuidado e moderação não fazem mal a ninguém.


Conseqüências do Tabagismo

                O tabagismo é um vício de fato, com repercussões em todo o organismo. Atinge da pele até os órgãos internos. O envelhecimento precoce, a diminuição do colágeno e prejuízos na circulação periférica, são as principais conseqüências externas.
                Do ponto de vista cardiovascular, a prática do tabagismo pode levar ao infarto agudo do miocárdio ou ao tromboembolismo pulmonar, além de desencadear ou agravar a hipertensão arterial. Para os pulmões, é a principal causa da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), além de aumentar o risco de se desenvolver ou morrer por tuberculose. No sistema nervoso se cria uma intrincada rede de dependência para com as substâncias utilizadas no preparo do cigarro, especialmente a nicotina.
                O abandono do tabagismo constitui medida fundamental e prioritária na manutenção da saúde e na prevenção primária e secundária da aterosclerose - uma doença inflamatória crônica do endotélio (tecido que reveste as artérias) e uma das principais causas de mortalidade cardiovascular (infarto e derrames). A dislipidemia (concentração elevada de colesterol LDL-C no sangue), a hipertensão e o tabagismo estão entre os principais fatores de risco para a aterosclerose.
                Entre os métodos de suporte para quem deseja abandonar esse vício, os mais efetivos são: a abordagem cognitivo-comportamental (motivação, estímulo e acompanhamento) e a farmacoterapia (nicotínica e não-nicotínica). Não é objeto desse artigo abordar o tratamento medicamentoso como alternativa ao abandono dessa prática.
                O tabagismo é mesmo um vício pernicioso. O fato é que o fumante não inala somente nicotina. Se fosse assim, os adesivos transdérmicos contendo essa substância alcançariam uma grande taxa de sucesso no resgate de fumantes, o que não acontece. Estima-se que o fumante inale  mais de 4000 substâncias químicas ao fumar. Além da dependência química, o cigarro cria uma dependência psicológica, que é a pior delas.
                O tabagismo ainda pode desencadear ou agravar o diabetes mellitus, além de ser uma das causas do aumento da incidência de câncer de boca, faringe, pulmão, entre outros. Os dados ainda atribuem ao uso do cigarro 45% das mortes por infarto do miocárdio, 85% das mortes por DPOC (enfisema), 25% das mortes por doença cérebro-vascular (derrames) e 30% das mortes por câncer.  90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes. O cigarro mata cinco milhões de pessoas anualmente no mundo. No Brasil são 200 mil mortes anuais. Se a atual tendência de consumo se mantiver, em 2020, serão 10 milhões de mortes por ano e 70% delas acontecerão em países em desenvolvimento.
                A indústria do tabaco joga diariamente milhares de dependentes químicos nas redes públicas de saúde para tratamento médico. O Estado os acolhe e, tratar esses pacientes sai muito caro. Nem todos os impostos arrecadados conseguem superar os gastos necessários com o tratamento dos tabagistas.
                As leis de restrição ao fumo parecem não impactar na produção de tabaco no país. Com base nesses dados seria de se perguntar por que não se proíbe de uma vez por todas a fabricação e o comércio de fumos e derivados do tabaco no Brasil? Essa é uma questão complexa e que envolve uma rede intricada de grupos empresariais e políticos interessados na produção e comércio do fumo (grupos econômicos poderosos, famílias...) e, principalmente, depende da boa vontade do Estado.


A Indústria do Fumo

                A produção de fumo sempre foi uma atividade importante no Brasil, especialmente agora.  A produção anual de todos os tipos de folhas de fumo foi de aproximadamente 867 mil toneladas na safra 2010/11. A maior parte dela se dá nos estados do Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná - cerca de 96%. Os 4% restantes são produzidos nos estados da Bahia e Alagoas, na região Nordeste. Estima-se que a produção de fumo seja a fonte de renda de mais de 186 mil famílias nesses estados.
                Atualmente o Brasil é o segundo maior país produtor e o maior exportador de fumo do mundo, ficando atrás apenas da China. É uma indústria que paga muitos impostos, com 78,74% de carga tributária. Só em 2010, o desembolso com tributos chegou a R$ 9,3 bilhões. Portanto, além dos elevados impostos arrecadados na produção e comercialização interna dos derivados do tabaco, o país também arrecada mais impostos na fase de exportação desse artigo.
                Curiosamente, embora o número de fumantes tenha caído no Brasil, passando de 16,2% da população adulta em 2006 para 15,1% no ano passado, a indústria do fumo continua crescendo. O consumo em queda não teve impacto no faturamento do setor, que inclusive cresceu em 2010 frente a 2009: R$ 16,992 bilhões ante 16,944 bilhões, segundo estimativa da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afulra).
                No mundo, o consumo de tabaco permanece estável, com 20% da população mundial (Homens 38% e mulheres 10%). Em termos absolutos, o número de fumantes gira em torno 1,1 bilhão em nível mundial, destacando uma tendência específica ao aumento do consumo entre os jovens, especialmente mulheres jovens da América Latina, Europa e algumas partes da Ásia. Infelizmente, as vítimas dessa indústria não são somente os fumantes, mas também todos aqueles que inalam a fumaça produzida pelos usuários.
                Com relação às táticas de marketing, para aumentar o faturamento de um produto que literalmente mata os seus consumidores, a indústria utiliza de vários artifícios. Filtros, propostas de baixo teor de nicotina, associação do produto a saúde (ela é mesmo ardilosa), desenhos animados, propaganda em eventos esportivos para jovens, sempre aliando imagens de beleza, sucesso, liberdade, poder, inteligência, juventude, frescor, desejos, superação, vitórias e outros bons atributos.
                Nos países em que há leis de proteção a saúde pública, as companhias de cigarros se especializaram em práticas de marketing de guerrilha, atuando em pontos de venda com layouts sofisticados voltados ao público jovem. A promoção e o marketing desses produtos junto aos jovens são essenciais para que a indústria mantenha suas vendas.


E quem desejar parar de fumar?

                Para a maioria dos fumantes, parar de fumar exige uma enorme força de vontade e determinação. O processo é lento, complexo e sujeito a várias recaídas, pois além da dependência química, há também uma dependência psicológica. 

Imagem 2. É proibido fumar

                Ainda assim se exige muita força para enfrentar momentos de ansiedade e irritação e o receio de ganhar peso ou evitar as recaídas. A família e a comunidade exercem uma grande influência nesse processo de abandono à prática do tabagismo.
                Sugere-se que o tabagista siga alguns passos durante a tentativa de abandonar o cigarro, como: uma profunda reflexão, pois a decisão tem de vir dele; um forte esquema de hidratação; maior gasto de energia com caminhadas e outras atividades físicas; mudança de rotina; evitar situações de risco, como bares e uso do álcool e; cuidados com a fome exagerada.
                O arsenal colocado à disposição das pessoas que desejam abandonar o tabagismo é enorme. Inclui várias técnicas, ajuda de um profissional médico e/ou psicológico, além de avançados recursos farmacológicos. Segundo Hughes JR (2000), o apoio comportamental, aliado ao tratamento farmacológico, pode aumentar em até 6 vezes a chances de sucesso no abandono do tabagismo.
                Programas de apoio como o “Eu Quero Parar”, oferece dicas comportamentais para evitar recaídas e situações de risco, além de incentivar o abandono desta prática perniciosa. Para quem desejar, vale a pena se cadastrar no Programa: http://www.euqueroparar.com.br.



A Corrida como Aliado

                Milhares de pessoas têm buscado abandonar o cigarro em função dos incômodos e constrangimentos que as restrições atuais impõem e, muitas conseguiram abandonar este vício fazendo uma coisa muito simples: correndo. 
                A atividade física é considerada um importante aliado contra o cigarro. Os dados apontam que a prática de exercícios leva os fumantes a fumarem menos. Além do que, os benefícios da corrida (físicos e sociais) como a sensação de bem estar após a prática do esporte, o ambiente saudável, a vontade de se cuidar, etc., também estimulam as pessoas a abandonarem o vício.


Imagem 3. O ambiente saudável da corrida estimula as pessoas a abandonarem o vício.

                Para a Revista Runner’s World (outubro de 2009) é como se, no corpo humano, o cigarro e o exercício, por serem completamente antagônicos, travassem uma queda de braço! E mais, se você fuma e pratica a corrida, geralmente a atividade física “leva a melhor” neste confronto. Nesta edição da RW, também se encontra relatos de várias pessoas que conseguiram abandonar o vício, algumas com mais de 30 anos de fumante, correndo.
                Cronologicamente, veja o que acontece com as pessoas, quando se abandona este vício, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia:


Em... (tempo)
EFEITOS DO ABANDONO DO CIGARRO
20 minutos
A pressão sanguínea e pulsação voltam ao normal;
8 horas
O nível de oxigênio se normaliza;
2 dias
O olfato já percebe melhor os cheiros e o seu paladar degusta melhor os alimentos;
3 semanas
A respiração fica mais fácil e a circulação melhora;
3 meses
A função pulmonar aumenta em 30%;
5 a 10 anos
O risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou e o risco de câncer de pulmão é a metade do de um fumante;
15 anos
O risco de infarto é igual ao de alguém que nunca fumou.


                A corrida é um “santo remédio”. Como atividade física, é considerada a mais completa de todas as atividades e, também, a que proporciona os maiores benefícios. Não é por acaso que os médicos prescrevem a atividade física para a manutenção da saúde e para o auxílio no tratamento de diversas doenças: hipertensão, diabetes, dislipidemia, etc. No abandono do tabagismo também.
                Atualmente, graças à corrida, milhares de pessoas já conseguiram abandonar completamente o vício do cigarro. Outras estão nesse caminho. Como adjuvante na cessação do tabagismo a prática da corrida age por vários e diferentes caminhos. O principal deles é a redução dos riscos. Veja as principais vias que isso acontece:

Fortalecimento do sistema respiratório: O tabaco é responsável pela elevação da pressão sanguínea, pela diminuição da oxigenação nas células e por inflamações nos alvéolos pulmonares — que estimulam a formação de muco e secreções e limitam a capacidade respiratória. O exercício age de forma contrária: ao abrir as vias aéreas e aumentar a ventilação do corpo, ele estimula a oxigenação, diminui a pressão sanguínea e favorece a eliminação das secreções.

Força de vontade: A corrida promove transformações físicas e fisiológicas. Ela amplia o fôlego, a resistência muscular e aeróbica, o que reforça significativamente a auto-estima.

Na crise de abstinência: A nicotina ativa a liberação da dopamina, neurotransmissor responsável pela função de motivação e recompensa. A corrida libera substâncias que preenchem os receptores de dopamina quando se corta o cigarro. Além disso, a atividade física regular ameniza os efeitos da abstinência, pois estimula a liberação de endorfinas no cérebro que têm a função de promover bem-estar e relaxamento, o que distrai a mente.

Na luta contra a balança: O receio de engordar freqüentemente leva os fumantes a adiarem a decisão de largar o cigarro. O ganho de peso está associado à melhora do paladar e à ansiedade, o que motiva a uma ingestão maior de alimentos calóricos (principalmente doces), a fim de estimular liberação de serotonina, um neurotransmissor como a dopamina responsável por estimular a sensação de bem-estar e prazer. Nesse caso, além do bem-estar e relaxamento, a corrida colabora na redução e/ou manutenção do peso do praticante.

No treino: Os fumantes possuem um VO2 máximo menor, ou seja, uma menor capacidade de aproveitamento do oxigênio como energia, com reflexo no desempenho físico mais fraco, maior cansaço e falta de fôlego proporcionalmente ao número de cigarros fumados. A corrida melhora significativamente esse parâmetro de desempenho.

                Mesmo diante de tantos benefícios, é preciso ter muita paciência, pois os progressos alcançados podem ser lentos, pois cada caso é um caso. O tempo de adaptação e de transição da caminhada para a corrida depende de fatores como a idade e o grau de envolvimento de cada indivíduo com o cigarro.
          Independente de qualquer coisa, além de uma avaliação clínica prévia com o seu médico, recomenda-se realizar os testes necessários para que seja determinada a capacidade física individual e a intensidade de treinamento que deverá ser preconizada para cada pessoa.
                   Boas Corridas!

Fonte de Apoio:

Hughes JR. New treatments for smoking cessation. C A Cancer J Clin 2000;50:143-151
Revista Runner’s World (outubro de 2009)
Sociedade Brasileira de Cardiologia
IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Arquivos Brasileitos de Cardiologia - Volume 88, Suplemento I, Abril 2007

9 comentários:

  1. Excelente texto que aborda um problema muito sério e mostram uma das melhores soluções para a superação e consequente melhora da qualidade de vida. Parabéns.

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  2. Rene, obrigado pelo feedback.
    Sem dúvida alguma, apesar das restrições e proibições quanto ao uso do cigarro em lugares públicos, o tabagismo ainda é um problema muito sério no Brasil.
    Felizmente, temos bons exemplos de praticantes do esporte, como a corrida, para nos inspirar e motivar a levar uma vida mais saudável. Nesse aspecto, a corrida tem se mostrado muito mais do que um simples esporte que melhora o condicionamento físico. Ela atua fortemente no componente psicológico do seu praticante.
    Esse talvez, seja um dos caminhos pela qual milhares de pessoas já conseguiram abandonar completamente o vício do cigarro correndo.
    Vamos continuar correndo e disseminando essa idéia!
    Abraços!
    Nilo

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  3. Corro de 22 a 48 minutos (desculpe-me os números quebrados: mania de velho) quatro a cinco vezes por semana. Por conta disso, consegui largar o cigarro. No entanto, neste meio tempo, descobri algo maravilhoso: os charutos. Após uma boa corrida, a primeira coisa que faço quando chego em casa é me hidratar e comer umas duas bananas (outra mania). Vou pro banho e depois, já sentado na minha cadeira de balanço, acendo o meu "puro". Creiam, amigos, é um dos grandes prazeres da vida. Nunca senti qualquer prejuízo aos meus treinos por causa dos charutos. Não estou defendendo o tabagismo, só acho que é um exagero demonizá-lo.

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    1. Fico feliz que a corrida tenha lhe feito tão bem.
      A idéia em torno do texto é que, para a grande maioria das pessoas, o tabagismo faz mais mal do que bem, especialmente devido a química do cigarro.
      Muitos corredores também já morreram correndo. Entretanto, apesar da corrida às vezes expor o nosso coração ao seu limite, tem nos feito mais bem do que mal.
      Um dos pontos positivos na experiência adquirida com a idade é saber discernir onde se encontram os limites entre o bem e o mal.
      Um grande abraço e boas corridas!
      Nilo Resende

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    2. Amigo, você me surpreendeu positivamente ao não vir com algum sermão antitabagista chatíssimo. Disseste bem: "saber discernir os limites entre o bem e o mal". Quando comecei a correr, o primeiro "mal" que eu achei por bem combater foi minha compulsão por comer. Também cuidei de comer mais vegetais. Foi aí que eu descobri a banana, que virou objeto de culto. Também senti necessidade de levar uma vida mais regrada em termos de horários, principalmente no que tange à hora de ir dormir e de acordar. Fumo pouco. Uma cigarrilha após as refeições - e só. Os charutos eu deixo pro fim de semana, caso aconteça alguma ocasião especial. Um abraço do "companheiro de corrida".

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  4. Respostas
    1. Obrigado, amigo. Num de seus posts antigos, eu pus um comentário falando que eu estava procurando um filme sobre corrida que vi na década de 1980 e que muito me impressionou. Pois bem, eu o achei. Está aqui: http://www.imdb.com/title/tt0079366/. Fala de um presidiário condenado à prisão perpétua que recorre à corrida para aguentar a dura vida na prisão. É uma fita pra TV e difícil de ser achada. Sinceramente? Muito melhor que "Carruagens de Fogo". É a minha recomendação. Mais uma vez agradeço sua paciência.

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    2. Ver a cena final do filme ao som dos Stones foi demais! Uma grande indicação!
      Abraços!

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  5. Eu não esqueci do comentário não! O problema é que eu gostei tanto da temática do filme que estava també tentando encontrá-lo. Que bom que conseguiu. É uma raridade. Afinal de contas é da década de 70. Agradeço por disponibilizar o link. Parece que o filme trata sobre a corrida de "milha", muito comum nos EUA. Quero assistí-lo. Quando o fizer darei um feedback. Vou colocá-lo na minha listagem de filmes recomendados!
    Abraços!

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