Corrida SESI do Trabalhador 2012
“... alguns saem de madrugada e se empenham a ganhar o sol. No verão
correm, trotam, transpiram, desidratam-se e finalmente cansam-se, só para
desfrutar do descanso. No inverno tampam-se, abrigam-se, reclamam, constipam-se
e deixam que a chuva lhes molhe a cara...”
Vídeo - Esses loucos que correm
Inicio
esta postagem citando passagens do vídeo “Esses
loucos que correm”. Convido todos a assistirem. Ele se encontra ao final do relato. Trata-se muito mais do que
um filme inspirador. O vídeo é a cara do corredor, que a partir de um simples
trote, transforma-se, na visão de muitos em um louco, pelas loucuras que faz. Correr na madrugada, debaixo de
chuva, ou viajar 200 km para correr somente 10, são algumas delas.
Esse
é o contexto ideal para falar sobre a Corrida
SESI do Trabalhador, realizada no dia 02 de dezembro de 2012 na cidade de
Anápolis-GO. Lá, se fez valer aquela cláusula presente nos regulamentos de
corrida de rua que muitas vezes passam despercebidos pela maioria dos
corredores: “a corrida se realizará
independente das condições climáticas...”
Um
dia de muita chuva. Assim foi a manhã deste último domingo, dia 02.12, no
entorno de Goiânia. Para muita gente, um domingo de chuva é propício apenas
para ficar em casa, comer “pipocas” e assistir a um bom filme. Mas não para um
grupo de loucos, digo, corredores, que se dispôs a acordar bem cedo e sair de
diferentes cidades do Estado de Goiás e se dirigir para a cidade de Anápolis, com
o objetivo de enfrentar mais esse desafio.
Imagem 1. Atletas se preparam para a largada. |
Como
se trata de um evento idealizado na figura do trabalhador, o mês de maio seria
o mais apropriado para uma corrida dessa natureza. Aliás, foi exatamente nesse
mês, na cidade de Goiânia, que as edições anteriores dessa prova foram
realizadas. Em 2012, talvez por problemas de agenda, a corrida foi transferida
para dezembro, tendo como pano de fundo a cidade de Anápolis.
Praticamente
sem divulgação, salvo pelo “boca a
boca” dos atletas e por meio de um blog criado para dar suporte ao evento, a
prova contou com a organização da equipe da Velox Sports, mas foi realizada
pela Federação da Indústria do Estado de Goiás (FIEG/SESI) e teve o apoio da
Prefeitura Municipal da cidade de Anápolis que, investiram alto e garantiram o
sucesso do evento, mesmo com muitas adversidades.
Coincidentemente,
nesse mesmo dia, foi realizada em Goiânia outra corrida de rua, na distância de
10 milhas (16 km), também organizada pela Velox Sports, o que acabou dividindo os
atletas. A corrida do trabalhador, entretanto, envolveu atrativos importantes
como um valor acessível de inscrição,
gratuitas para os trabalhadores na indústria e taxas de R$ 30,00 a R$ 40,00,
além de uma significativa premiação em
dinheiro, o que atraiu os atletas mais competitivos.
A
corrida contou com percursos de 10 e 5 quilômetros, nas categorias masculina e
feminina, com largada na portaria da Unidade SESI Jaiara às 8h. Era para ser um
dia de festa para os trabalhadores na indústria, se não fosse a forte chuva.
Imagem 2. Tendas montadas pelos patrocinadores. |
Imagem 3. Com o companheiro Edmilson - Os atletas se protegem como podem. |
Apesar
dessa adversidade, a corrida conseguiu reunir grandes nomes do atletismo goiano.
Essa presença maciça contribuiu para deixar a prova muito mais competitiva e
rápida, inclusive dentro das faixas etárias.
Para
os 10 km, os melhores corredores industriários, na categoria masculina e
feminina, receberam R$ 3.500,00, R$ 2.500,00 e R$ 2.000,00 para o primeiro,
segundo e terceiro lugar respectivamente, além de um troféu. Nesta mesma
categoria, para os 05 km a premiação foi de R$ 1.000,00, R$ 800,00 e R$ 500,00,
além de troféu.
A
premiação nos 10 km para atletas da comunidade em geral, na categoria masculina
e feminina, foi de R$ 800,00, R$ 500,00 e R$ 300,00, além do troféu. Já nos 5
km, a premiação foi composta por um kit esportivo (tênis de atletismo, camiseta
e short) e troféu para os três primeiros colocados.
Imagem 4. Com os companheiros do Grupo Giramundo |
Imagem 5. Com os companheiros do Grupo Giramundo |
A
corrida foi repleta de desafios, tanto para os atletas, quanto para os
organizadores do evento. Por exemplo, minutos antes do horário previsto para a
largada houve uma pane no fornecimento de energia elétrica, o que atrasou o
início em 34 minutos. Apesar da largada ter sido realizada à custa de um gerador
de energia, o sistema de som somente voltou a funcionar ao final da cerimônia
de premiação, prejudicando a qualidade do evento.
Mesmo
com tanta água, os participantes procuraram chegar cedo ao local. À medida que
chegavam, eles procuravam se proteger da chuva se agrupando debaixo das tendas
montadas pelos patrocinadores. Por lá, eles também procuravam se aquecer. O
espaço acabou ficando pequeno. De qualquer forma, independente das condições
climáticas, a largada ocorreu às 08h34min.
Imagem 6. Atletas se alongam sob as tendas. |
Deixando
os detalhes de lado, vale ressaltar que correr em Anápolis é sempre um grande
desafio em função da altimetria. As duas distâncias disputadas (05 e 10 km) exigiram
muito preparo físico e técnico dos atletas. Foram longas e intermináveis
ladeiras, típicas daquela cidade.
Imagem 7. Altimetria da prova |
Essa
foi mais outra corrida cujo percurso registrou 200 metros a mais, nas duas
distâncias disputadas. Atualmente, este é um dos pontos mais discutidos nos relatos
das provas brasileiras, especialmente as regionais. Uma corrida bem aferida entrega aos atletas exatamente aquilo que ela promete.
Se for uma prova de 10 km, que seja de fato 10 km. Um fato lamentável para uma
prova tão importante quanto essa.
Apesar
da chuva ser um elemento comum nesta época do ano e, estar sempre prevista nos
regulamentos das provas, na prática, muitos
corredores possuem pouca ou nenhuma experiência em correr sob condições
climáticas adversas. Anápolis foi um desses testes. Os corredores tiveram
que se sujeitar à chuva, ao frio, a altimetria desafiadora, ao risco de
hipotermia, além dos problemas técnicos da prova, citados acima.
Imagem 8. Chuva e desafios diversos ao longo do percurso. |
Imagem 9. Chegada, após 10,200 km. |
Com
tantos desafios, alguns corredores inscritos desistiram de participar. Foram até
Anápolis, mas, acabaram retornando para Goiânia sem correr. Outros sequer
saíram de suas camas. Entretanto, a vida de um corredor de sucesso é assim:
construída sobre desafios contínuos.
Esperamos
que em 2013, a Corrida SESI do Trabalhador possa proporcionar uma experiência
de corrida melhor para os atletas! Quem sabe com um belo dia de sol!
Não deixem de conferir o vídeo abaixo: Esses loucos que correm! Sintam-se representados nele.
Um
grande abraço e Boas corridas!
Fontes de Apoio:
Grande superação. Parabéns pelo belo relato. Só de ler já fiquei com vontade de sair correndo. Parabéns pelas belas fotos.
ResponderExcluirRene, que bom que gostou do relato!
ExcluirFaltou você por lá! Todos perguntaram se você iria correr esta prova.
Foi necessária muita superação para sair de casa nessa manhã de domingo para correr. Loucura de corredores mesmo!
Você mesmo sabe, os percursos anapolinos, de uma maneira em geral, são bem desafiadores.
Valeu a pena enfrentar mais este desafio!
Um grande abraço!
Nilo
Poxa, Nilo! Estou surpreso com a realização dessa prova, e olha que acompanho muito o calendário da cidade. Mas que bom, que mesmo tardiamente, o SESI não deixou de fazer esse evento, que é uma espécie de bonificação para os atletas que vivem da corrida. Mesmo não tendo tanta pompa, tem uma premiação que deixa muita corrida "grande" babando.
ResponderExcluirLi tudo o que escreveu e gostaria de fazer uma observação a respeito do percurso. Eu já desisti de creditar negativamente à organização de qualquer evento o fato do percurso divulgado não bater com meu GPS. Já vai fazer um ano que corro com GPS e não tive NENHUM percurso exato, sempre passa ou falta alguma coisa.
Na Meia Maratona do Rio eles chegaram a dar uma bronca nos atletas que vieram reclamar no Facebook, porque no GPS de nenhum de nós que reclamou o percurso de 21,195 bateu. Eles usaram o argumento de um artigo publicado na Revista The Finisher, onde o autor do artigo garante que todo GPS tem margem de erro e que para o percurso dar certo é preciso saber percorrê-lo, pois qualquer desvio ou curva errada pode dar diferença.
No meu GPS, por exemplo, o percurso deu 21,8 km. O percurso mais exato de Meia Maratona que corri foi o do Circuito Athenas, em São Paulo... todas as placas bateram com meu GPS, deu diferença de apenas 40 metros para completar os 21.195.
Abraços, amigo!
Sílvio, não desiste de reclamar não.
ExcluirDe fato é até normal haver um pequeno desvio (para mais ou para menos) na medição de um percurso, que pode ser considerado "aceitável" em função da tangência. Um exemplo de uma prova que exige muito o tangenciamento é a "Volta da Pampulha" Se largarem 20.000 corredores marcando com GPS, pode ter certeza, teremos 20.000 marcações diferentes da oficial. Algumas bem diferentes mesmo.
O grande problem mesmo está nas provas regionais, que não há muito comprometimento com a medição correta. Faz-se apenas o "aproximado" e vamos lá!
Mesmo em provas oficiais nacionais temos visto alguns problemas ocorrerem. Não é a toa que os jornalistas das melhores revistas de corrida do país estão levantando a bandeira sobre essa questão.
Separei alguns exemplos abaixo de provas importantes. Veja o que aconteceu com a marcação do GPS:
1. Maratona CAIXA do Rio de Janeiro (42,195 km) - 08.07.2012 - Distância percorrida 42,616 km
Correr quase 500 metros a mais em uma maratona não é mole não.
Entretanto, quando se quer, é possível entregar ao atleta o percurso contratado. Veja as provas abaixo:
2. Circuito de Corrida CAIXA 2012 (10km) - 11.11.2012- Distância percorrida 10,052 km
3. Asics Golden Four Etapa Brasília 2012 (21,1 km) - 04.11.2012 - Distância percorrida 21,120 km
4. 27a 10 Km Tribuna FM (10 km) - 20.05.2012 - Distância percorrida 10,086 km
São apenas alguns exemplos de provas que tiveram o percurso muito bem aferido. Infelizmente, se mesmo em provas importantes no Brasil temos problemas, imagine você como fica as provas regionais.
Um grande abraço e boas corridas!
Nilo