quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Perfil de Atleta

Convidado Especial: Silvio Caetano

 
A prática da corrida vem transformando a vida de milhares de corredores em todo o mundo. Hoje se reconhece que a prática regular dessa atividade proporciona uma série de experiências positivas seja no plano físico, quanto no psicológico. Saúde, bem estar e motivação estão entre elas.

Começar a correr não é nada fácil, pois é necessário muita, muita, mas muita, determinação! Todos que hoje correm, um dia tiveram de quebrar várias barreiras tanto para começar, quanto para permanecer correndo e usufruindo dos benefícios da atividade.

Se por um lado a corrida nos proporciona coisas tão boas, o que podemos devolver para a sociedade a partir disso? Mais do que correr 5, 10, 21 ou até mesmo uma maratona, talvez esse possa ser o nosso maior desafio, isto é, qual o legado que deixamos? Ajudar o próximo com exemplos de inspiração e humildade, pode ser um bom começo.

Pensando nesta questão, Companheiros de Corrida, entrevistou o atleta goiano Silvio Caetano. O Sílvio ainda não é um atleta de elite, mas com certeza, nos inspira com seus exemplos de garra e determinação. Há cinco anos, ele era apenas um sedentário, como a maioria da população.
 
Imagem 1. Sílvio correndo na Capital Federal.
 

Em 2013, com dedicação e trabalho sério, avaliando os erros do passado e se preparando, Silvio vem alcançando resultados incríveis na forma de recordes pessoais, fazendo uma das coisas que mais gosta: correr!

Qual o seu segredo?  Confira a seguir!


1. Qual a sua idade?

R.: Tenho 42 anos.


2. Quando e por que começou a correr?

R.: Minha história com a corrida começou há cinco anos, quando tinha 37 anos. Na época passava por problemas pessoais. Era completamente sedentário, com cerca de 20 quilos acima do meu peso, não conseguia dormir direito (roncava muito) e andava meio deprimido. Não tinha nenhum problema de saúde, mas minha mãe era cardiopata e meu pai teve um tumor na próstata. Minha esposa sempre foi uma mulher bonita e que se cuidava. Minha “ficha” caiu e resolvi que não queria envelhecer dentro de um grupo de risco.

Nessa época, incentivado pela minha esposa, comecei a fazer caminhada. Era um momento só meu em que conseguia colocar meus pensamentos no lugar. Fazia-me muito bem andar por ruas que a gente só costumava andar de carro.

Foram quase dois anos nessa rotina. Houve uma pequena perda de peso, mas não conseguia correr, pois meu joelho doía muito. Com o passar do tempo e, incentivado por pessoas que corriam numa pracinha perto da minha casa, ensaiei meus primeiros trotes. Intercalava-os com a caminhada. Quase fui ao delírio quando consegui correr meu primeiro km.

A partir de então comecei a evoluir. Em 2009 resolvi fazer uma dieta por conta própria e parei de comer “besteira”. Emagreci cerca de 10 kg em apenas um mês. Com a atividade física, a melhora no físico transpareceu. Mais magro, foi só uma questão de tempo aumentar as distâncias. Quando menos vi, em meados de 2010, eu já corria cerca de 5 km todos os dias.

No final de 2010, resolvi me matricular numa academia para ter um acompanhamento profissional. Incentivado por um professor, que se tornou um grande amigo, participei, em Janeiro de 2011 da minha primeira prova. Fiz o percurso de 4 km e, para a minha alegria, fiquei em segundo lugar na minha faixa etária. Primeira corrida, primeiro pódium. Ali eu selei minha aliança com a corrida de rua. De lá para cá, só tenho colecionado alegria: Ajuda profissional, mudanças no meu físico, na minha saúde, mais disposição, muitos e muitos amigos... Participei de muitas corridas mais famosas do Brasil e tenho uma coleção enorme de medalhas e vários prêmios por desempenho na minha categoria. São incontáveis provas de 5, 10, 15 e 16 km. Já corri seis meias-maratonas e, agora, me preparo para correr minha primeira maratona.


3. Além de correr, você tem outras atribuições. Como é a sua dedicação à corrida?

R.: A gente tem que fazer uma verdadeira ginástica para conciliar a atividade com os afazeres diários. Sou uma pessoa simples e um pai de família de hábitos caseiros. Mas tomei uma decisão: Tirar duas horas do dia para mim. Nessas duas horas me desligo do mundo. Guardo meu celular e vou fazer o que gosto: Treinar. O dia tem 24 horas! Se eu tirar apenas essas duas para mim, não vai prejudicar ninguém.

Durante a semana é mais difícil correr na rua. Moro num local de trânsito meio complicado e perigoso. Saio do trabalho e vou direto para a academia; não abro mão da musculação. Atualmente faço meus treinos de velocidade na esteira durante a semana. Aos fins de semana, faço os meus longões. Assim eu consigo conciliar força, velocidade e volume.

 
4. Você é orientado nesta atividade? Como?

R.: No começo de 2011, quando comecei a participar de eventos de corrida, eu fazia parte de um grupo da minha academia. Por falta de incentivo o grupo se dissipou. Passei então a ser um “atleta solitário”; treinava sozinho, ouvindo conselhos de amigos atletas veteranos, compartilhando experiências, lendo revistas e artigos relacionados. Sou meio auto-didata.

O aumento de volume (distâncias) e a participação frequente, em provas, me custou um preço: Passei os anos de 2011 e 2012 lutando com uma periostite tibial, popularmente conhecida como canelite. É uma inflamação no tecido que reveste o osso da canela (tíbia). Fiz acompanhamento com ortopedista, troquei os tênis, que foram muito bons, mas já pensava que era algo genético, porque ela sempre voltava.

No começo desse ano (2013), percebi que o problema estava passando e, aos poucos comecei a evoluir nos treinos, aumentando o volume. Só que agora era meu corpo que estava chegando no limite máximo de resposta. Como eu entrei o ano pretendendo correr minha primeira maratona, resolvi fazer algumas mudanças: Procurei meu nutricionista para me fazer um plano alimentar específico e contratei um personal, amigo, para fazer minha preparação física. A primeira parte do meu treinamento não era bem a corrida, e, sim, a redução do meu percentual de gordura. Somado a isso, eu precisava de um trabalho profissional para definição de musculatura.

Meu personal tem feito um ótimo trabalho. Além da musculação tradicional, ele introduziu um pouco de exercícios pliométricos, além de orientações a respeito dos treinos de corrida. Nossa meta é melhorar a força e a resistência física para provas difíceis e só então aumentar o volume de km rodados. O resultado deu certo: Seguindo a dieta rigorosamente e as planilhas de treino, em apenas dois meses emagreci 8 kg. Com isso o resultado nas provas de corrida foi conseqüência, consegui melhorar minha marca nos 10 km em quase 4 minutos e, nos 21 km baixei meu tempo em 8 minutos. Tudo isso sem chegar à fadiga muscular, comum nos atletas que costumam apertar muito o ritmo para ter um melhor desempenho no tempo.


5. E o seu futuro como corredor, o que você pensa?

R.: Meu objetivo atual é correr minha primeira maratona. Minha estreia será em São Paulo, no dia 06 de Outubro de 2013. Estou me preparando bastante: Treinando muitas subidas, treinando debaixo de sol quente e de temperaturas variadas; sempre seguindo essa ordem: Força, resistência e volume.

Mas meu objetivo maior é envelhecer com saúde, fazendo o que gosto. A vida passa muito rápida e temos que tirar o melhor proveito dela. Conheço muitos atletas idosos e eles me dão muita motivação para continuar.


6. O que você diria para quem esta iniciando agora?

R.: Meu conselho para os iniciantes é que não percam o foco, mas que sejam sempre prudentes. Muitas pessoas confundem superação com imprudência e saem por aí fazendo maluquices e expondo seus corpos a riscos desnecessários.

Eu tive que aprender a duras penas que um atleta não consegue em um ano, o que atletas experientes levaram 10 anos para conseguir. Nosso corpo tem limites e eles precisam ser respeitados.

Façam exames médicos regularmente. A corrida é um esporte democrático, prazeroso e de resultados rápidos para o corpo, mas só uma avaliação médica vai me indicar a que tipo de intensidade eu posso levar meu corpo.

Se você faz caminhada, vá evoluindo aos poucos para a corrida. Busque a ajuda profissional, se quer melhorar seu desempenho e sempre escute conselho de atletas mais experientes; eles são um ombro forte para os iniciantes.

                   Um grande abraço a todos e bons treinos!
 
Imagem 2. Silvio durante uma prova realizada no Rio de Janeiro.
 

 

 

 

 

7 comentários:

  1. Valeu demais, Nilo, por abrir esse espaço para os atletas contarem suas experiências. Se eu alcancei tudo o que sou, é graças a exemplos como o seu: Um grande atleta, humilde e que não mede esforços para popularizar o esporte que tanto amamos.

    Ler esse blog é sempre um grande deleite e me sinto muito lisonjeado em ver minha história publicada aqui.

    Abração, amigo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sílvio, muito obrigado por ter compartilhado conosco a sua experiência na corrida! Também agradeço por suas palavras!
      Na vida, assim como na corrida, nada vem de graça e os resultados vem na exata medida de uma dedicação pensada, estratégica e que respeite os limites! Você encontrou o caminho, com a sua experiência, dedicação e boa orientação!
      Antes de começarmos nessa atividade, havia muitas barreiras que nos separavam daquele primeiro passo, mas, conseguimos superá-las. É aquilo que você falou, 2 horas de dedicação dentro de um dia, às vezes é mais do que o suficiente.
      Mais uma vez obrigado e Parabéns pelos resultados alcançados!
      Um grande abraço e Sucesso sempre!
      Nilo

      Excluir
  2. Realmente é uma história inspiradora, que nos motiva e nos dá animo para continuar sempre.
    Parabéns ao Silvio por nos contar sua evolução e a você Nilo que nos presenteou com essa linda história.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Renata, bom dia!
      A história de vida e superação do Sílvio é realmente inspiradora. Às vezes pensamos que, na corrida, algumas coisas, acontecem somente conosco, o que não é verdade. Para chegar até o aqui, o Sílvio precisou superar muitas barreiras. Muitas vezes falamos que não temos tempo para isso ou para aquilo. Nesta matéria ele nos mostra que quando se quer de fato fazer algo, se consegue arranjar um tempinho, nestas 24 horas do dia. Que possamos seguir o seu exemplo, com muita garra e determinação.
      Um grande abraço para você e boas corridas!
      Nilo

      Excluir
    2. Obrigado, Renata!

      Os resultados de uma vida saudável vão muito além de apenas um condicionamento físico. Tenho lido e ouvido muitas histórias de superação desde que adotei esse esporte como estilo de vida. É tudo muito inspirador!

      Abraços!

      Excluir
  3. E aí Nilo, blz.

    Bacana esse espaço para os corredores dizerem suas experiências.

    Parabéns Silvio Caetano.

    As histórias muitas vezes se repetem, apenas mudam as idades, pesos, endereços e tênis iniciais .. hehehe

    Estou com 4 anos de corrida e agora sinto o que li uma vez " são 4 anos para o corpo se adaptar em nível celular".

    Com muita leitura e cuidado para não subir no volume de treino, agora me vejo mais preparado e suportando mais os treinos fortes.

    Estou com o Silvio, nos preprarmos hoje para uma velhice saudável é o maior objetivo !!!

    Como fiz 30anos agora, comecei no atletismo master, competição de pista, de cara adorei e quero continuar.

    Maratona ainda não bateu a vontade de fazê-la, quem sabe entre 1 a 2 anos.

    Abraços, bons treinos a vocês.

    Rodrigo Augusto
    corridaderuams.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Rodrigo!

      Bons treinos aí... quem sabe numa dessas corridas do país a gente não se cruza.

      Abração!

      Excluir

Deixe aqui o seu comentário.