quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Circuito Nacional de Corrida do Carteiro – Final Brasília – DF

Circuito Nacional de Corrida do Carteiro – Final Brasília – DF
            
            A participação de meu filho no vestibular da Universidade Católica de Brasília (UCB) no último dia 30.10.2011, foi o que me motivou a participar da final em Brasília do Circuito Nacional de Corrida do Carteiro.
            Como teríamos que levá-lo à Brasília para realizar a prova, procurei no calendário de corridas local, uma que se encaixasse nesta data e, esta final do Circuito do Carteiro se encaixou perfeitamente em nossas necessidades.
            Chegamos em Brasília no sábado à tarde. Tivemos tempo para descansar, rever os familiares e, ainda, participar de um belo jantar na véspera da prova. No sábado mesmo já estava de posse do kit da prova, composto por uma camiseta, uma squeeze e um boné. A largada estava prevista para ocorrer a partir das 09h do Domingo. Saímos um pouco mais cedo pela manhã, deixamos nosso filho na universidade e chegamos ainda cedo no local da corrida.
            A agenda do evento estava repleta de atividades e incluía além da prova dos adultos (10 km), uma corrida infantil (2 km), esta última com a largada prevista para as 08h30min.

Uma Corrida “Casca Dura”


            Chamo essa corrida de “casca dura”, pois o que na verdade quero dizer é que essa é uma prova de elevado nível técnico em todos os sentidos, isto é, não somente pela grande quantidade de atletas de elite participando, como também pelo percurso altamente seletivo.
            A largada ocorreu na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, de onde fomos até o Memorial JK (aproximadamente 5 km de subida) e, depois retornamos para a Esplanada (outros 5 km de descida). Portanto, um percurso bem seletivo, envolvendo 5 km de subida e outros 5 de descida.

Foto 1. Arena de concentração
            Logo que cheguei à arena de concentração e, comecei a observar os atletas presentes, percebi que este seria mais um grande desafio. Esta questão da observação é interessante, pois, conseguimos reconhecer os atletas competitivos pela “grossura da canela”.
            Assim, os atletas com a “canela fina”, enquadram-se entre os atletas mais competitivos e, o que vimos naquela manhã, logo que chegamos, foi vários corredores com a canela fina, utilizando seus  tênis mínimos, ou de perfomance.
            Foi a partir desse momento que procurei responder para mim mesmo a seguinte pergunta: - Porque você corre?
            Obviamente, grande parte destes atletas de perfomance não estava ali somente para superarem um desafio pessoal ou de melhorar a sua qualidade de vida, mas, sim, estavam ali em busca dos mais de R$70.000,00 reais em prêmios distribuídos nas diversas categorias que seriam premiadas.
            Além da categoria geral, haveria ainda 03 categorias na faixa etária infantis, 12 categorias masculinas adulta, 10 categorias femininas adulta, além dos portadores de necessidades especiais, isto é cadeirantes, deficientes visuais, deficientes físicos andantes do membro inferior (DMAI) e os deficientes físicos andantes do membro superior (DMS). Além de todo esse prêmio ainda seriam sorteadas 04 motocicletas para os atletas presentes.
            Portanto, não foi a toa que este evento reuniu tantos “canelas finas” provenientes de todo o país, uma vez que esta corrida também foi realizada nas principais cidades do território brasileiro, em um circuito nacional. Além disso, não é em qualquer corrida de rua que podemos encontrar os corredores quenianos, como o que ocorreu aqui. De acordo com os dados disponibilizados pela organização, um total de 894 homens e 305 mulheres se inscreveram, além das crianças e portadores de necessidades especiais.
            Fiquei feliz de encontrar dois companheiros do asfalto provenientes de Goiânia assim que me dirigia para pegar o chip de cronometragem. À medida que me dirigia para a arena central do evento, fomos sendo contaminados pela atmosfera festiva e grandiosidade na organização desta corrida. A idéia de abocanhar algum prêmio era tentadora, mas diante de tantos atletas de elite presentes, sabíamos que não teríamos a menor chance. Essa idéia pode ter influenciado bastante o meu ritmo de prova, o que será visto a seguir.

Foto 2. Colocando o chip de cronometragem

Foto 3. Colocando o chip de cronometragem

A Corrida


            Com o chip de cronometragem em mãos, avaliei que teríamos tempo suficiente para nos prepararmos para a prova, isto é, poderíamos tranquilamente realizar tanto o aquecimento, quanto o alongamento e, assim, o fizemos, junto com os “canelas finas” e seus tênis mínimos.

Foto 4. Aquecimento

Foto 5. Aquecimento

Foto 6. Aquecimento ao lado de um Companheiro do Asfalto de Goiânia

Foto 7. Aquecimento   
            
             Não houve nenhum atraso e, às 08h30min iniciou-se a largada da categoria infantil. Neste momento, ainda estava realizando os meus preparativos finais para a prova. Se há alguma coisa incentivadora nestas provas de rua é ver tanto as crianças quanto os deficientes físicos participarem em suas categorias.
            É incrível observar a superação destes corredores que, diante de tanto esforço e determinação, conseguem fazer qualquer tempo dos atletas de elite virar fumaça. Daí, o porquê de eu acreditar que para a prática da corrida não há limites. Essa é outra história, que oportunamente, ainda pretendo desenvolver: A corrida e os seus limites!
            Posteriormente, durante a cerimônia de premiação e, também, verificando as fotografias, observei que aquelas crianças (de 08 a 14 anos) conseguiram correr os 2 km definidos em seu percurso, com um tempo menor do que 5 minutos. Inacreditável. Um tempo e tanto para nenhum corredor de elite colocar defeito.

Foto 8. Chegada da Categoria Infantil

Foto 9. Chegada da Categoria Infantil
  
            Um pouco antes das 09 horas, horário determinado para a grande prova, houve a largada para os atletas portadores de necessidades especiais. Neste momento, já estávamos alinhados no funil, aguardando o momento de nossa largada, o que aconteceu logo, com uma grande queima de fogos e balões de gás com as cores amarela e azul, utilizadas pela Agência de Correios & Telégrafos.

Foto 10. Largada dos Portadores de Necessidades Especiais

Foto 11. Largada dos Portadores de Necessidades Especiais
Foto 12. Largada do Pelotão Geral

Foto 13. Largada do Pelotão Geral

Foto 14. Largada do Pelotão Geral

            Dada a largada, lá fui eu, tentando me desvencilhar dos corredores um pouco mais lentos. Como sabia que a primeira metade da prova, isto é, os 5 km iniciais, seriam caracterizados por uma forte subida, procurei forçar o ritmo mas, sem comprometer o condicionamento, uma vez que teria que ter reservas de energia para a forte descida que viria a seguir.
            O percurso estava muito bem demarcado e não houve economia nos postos de hidratação durante a corrida. Como a temperatura estava agradável, realizei minha primeira hidratação no quilômetro quatro. A subida, de fato foi contínua e difícil, com dois tops importantes: logo após a rodoviária e chegando ao Memorial JK.
            À medida que subia, lembrava que do outro lado da cidade, estava meu filho prestando vestibular, o que me deixou dessa vez, muito comovido e imaginando que a grande maratona dele estaria apenas começando.
            Apesar da dificuldade da subida, consegui desenvolver um bom ritmo na subida, chegando a fazer os quilômetros iniciais a 4:09 min./km, mas mantendo na média o ritmo de 4:30 min./km. Lembro-me que entre os quilômetros 3 e 4 consegui passar por um corredor cadeirante, o que também me deixou inspirado e me deu um pouco mais de forças para forçar o ritmo. Todavia, ainda enquanto subia, entre os quilômetros quatro e cinco (os mais difíceis de toda a prova), observei lá do outro lado da avenida o carro madrinha conduzindo os primeiros atletas de elite que já faziam a sua forte descida.
            Quem conhece Brasília, sabe que a Esplanada dos Ministérios (Via S1 e N1 Leste) é uma larga avenida com um enorme canteiro central por onde ficam a rodoviária, a Torre de TV, o Clube do Choro, o Centro de Convenções, o Museu do Índio e o imponente Memorial JK, e que compõe o eixo central do avião planejado por Oscar Niemayer para o Plano Piloto.
            Senti-me aliviado quando venci a subida e passei em frente ao Memorial JK, pois sabia que, a partir dali a corrida ficaria mais favorável. Foi a primeira vez que participei de uma corrida com uma forte altimetria negativa no final. Já li sobre a Maratona do Chile e sei que lá há esse tipo de altimetria, isto é, os corredores enfrentam certa dificuldade no início, mas, nos quilômetros finais são premiados pela descida. Aqui, com certeza, ocorreu algo parecido; cinco quilômetros iniciais difíceis e, outros cinco não fáceis, mas sim favoráveis.
            Vejam a seguir os detalhes de altimetria e quilometragem de todo o percurso da prova:
Altitude Inicial, mínima, máxima e final: 1067 m 
Subidas acumuladas: 320 m 
Descidas acumuladas: 322 m 
Maior inclinação: 3.9 % 
Menor inclinação: -3.5 % 
Distância no plano: 1,67 km 
Distância subindo: 4,18 km 
Distância descendo: 4,50 km 

            Os mais experientes dizem que é mais possível um atleta se lesionar na descida do que na subida. Hoje, não tenho a menor dúvida disso. Apesar disso, como já havia sofrido bastante na subida, procurei forçar um pouco mais o ritmo na descida e, assim o fiz, procurando melhorar meu tempo médio de prova.
            Mentalmente, o elevado nível técnico desta corrida refletiu negativamente no meu desempenho e, como havia corrido forte no domingo passado, realizei esta prova forçando, mas sem me desgastar bastante. Hoje sei que, apesar de ter forçado um pouco mais o ritmo, poderia ter feito um pouco melhor, pois apesar de ter feito uma boa subida, não deveria ter me contido tanto na descida.
            Vejam abaixo os detalhes dos ritmos médios alcançados em toda a prova:
1)      1,00 km 00:04:04  0 0
2)      1,00 km 00:04:15  0 0
3)      1,00 km 00:04:32  0 0
4)      1,00 km 00:04:37  0 0
5)      1,00 km 00:04:52  0 0
6)      1,00 km 00:04:10  0 0
7)      1,00 km 00:04:05  0 0
8)      1,00 km 00:04:04  0 0
9)      1,00 km 00:03:57  0 0
10)  1,00 km 00:04:05  0 0
11)  0,35 km 00:01:20
            Durante toda a prova, tentei encontrar meus companheiros do asfalto de Goiânia, todavia, não consegui encontrá-los. O percurso de toda prova foi de 10 km 350 mt, portanto, 350 metros a mais do que o previsto.
            Na reta final, ainda consegui dar um sprint final até o portal de chegada, onde fui recepcionado por minha esposa. Finalizei a prova com 44 minutos, um tempo maior do que eu havia previsto para a prova, o que, sem dúvida alguma, reforça o elevado nível técnico do percurso.
Foto 15. Minha Chegada

Foto 16. Minha Chegada



             O grande vencedor da prova, com o tempo de 30min45seg foi o atleta Damião Ancelmo de Souza, o pastor de cabras que, segundo a revista O2 virou campeão do ranking brasileiro de meias-maratonas. O queniano chegou em segundo lugar, logo atrás de Damião, com o tempo de 30min47seg.

Foto 17. Chegada de Damião Ancelmo de Souza - O vencedor

Foto 18. Ainda Damião Ancelo de Souza

Foto 19. Chegada do Queniano


            A organização da prova foi excepcional. Parabéns aos Correios nesta etapa final de Brasília, que acertou em todos os detalhes, isto é, desde a seleção do locutor. Este conseguiu, por exemplo, reunir as crianças presentes para recepcionar a chegada dos atletas cadeirantes e, também, dos três primeiros colocados, o que foi muito emocionante.

Foto 20. Crianças prontas para recepcionarem os cadeirantes e os primeiros colocados

Foto 21. Crianças recepcionam Damião Ancelmo

            Ressalta-se também a existência de um grande aparato de apoio aos concluintes, formado por uma competente equipe médica e para-médicos prontos para atender aos corredores, desgastados pelo forte ritmo imposto na prova.

Foto 22. Equipe de médicos e para-médicos em atendimento

Foto 23. Equipe de médicos e para-médicos em atendimento

            Para mim, mais uma prova realizada, de elevado nível técnico e, da qual, voltaria a participar novamente.
            Para meu filho, enquanto planejamos nossas corridas por esse Brasil afora, mal ele sabe que a sua maratona pela vida universitária está só começando. Vale ressaltar que, nesta terça-feira à tarde, nós recebemos a notícia de que ele havia passado neste vestibular. PARABÈNS! Filho, siga sua maratona!

Foto 24. Mais um Desafio

2 comentários:

  1. Parabéns Nilo! Começar uma prova com 5 Km de subida não é fácil não. Medalha merecida. Valeu. Abs.

    ResponderExcluir
  2. Valeu Rene! Essa prova foi mesmo de elevado nível técnico. Mais um aprendizado. Um forte abraço!
    Nilo

    ResponderExcluir

Deixe aqui o seu comentário.