Corrida e Caminhada CRER 10 Anos
“As limitações
encontram-se apenas em nossas mentes. Se usarmos nossa imaginação, nossas
possibilidades se tornarão ilimitadas”.
Paolinetti
Às
pessoas que buscam por uma oportunidade de reabilitação e readaptação!
Quando
derrubaram as paredes do antigo Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho em Goiânia,
local de descasos e horrores que o Estado de Goiás tenta esquecer, se tinha dúvidas
de que conseguiriam apagar as marcas do passado! Ninguém imaginava que ali,
naquele local, se ergueria um dos maiores centros de reabilitação e readaptação
a portadores de necessidades especiais da América Latina.
Hoje,
o CRER (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique
Santillo) comemora 10 anos de atendimento prestado à sociedade. Ao longo
desse tempo, tornou-se uma referência em gestão e atendimento de excelência às
pessoas com deficiência física e auditiva. Segundo dados da instituição, nessa primeira
década, foram mais de 6,6 milhões de procedimentos realizados e cerca de 545
mil pacientes atendidos.
Nestes
10 anos, o CRER evoluiu em tamanho e competência. Ampliaram sua área construída
e os serviços prestados – reabilitação, internação, centro diagnóstico e
oficina ortopédica. Se expandiu o número de pacientes atendidos e, conseqüentemente,
o número de profissionais, o que o levou a avançar na área de ensino e pesquisa
e no aperfeiçoamento desses profissionais.
Atualmente,
a instituição está apta a receber pacientes com diferentes perfis e tem feito a
diferença na vida de milhares de pessoas. Conheço muitos deles. São pessoas
comuns que buscam por uma oportunidade de superação. O êxito dessa empreitada
está estampado no Índice de Satisfação do Paciente: 98% de satisfação global.
Tanta história, sucesso e superação tinham que ser comemorados, o que ocorreu
neste dia 23.09.2012 com a realização da “Corrida
e Caminhada CRER 10 Anos”.
Foto 1. Funil de largada. |
Conheça o CRER, assistindo ao
vídeo de comemoração de seus 10 anos:
Vídeo 1: "10 Anos do CRER"
A Corrida
A
prova reuniu os principais ingredientes para ser um grande evento: uma causa
mais do que nobre, uma empresa com experiência na organização de provas, kits de corrida diferenciado, percursos (arborizados)
de 5 e 10 km no Setor Jaó, um local diferente das corridas habituais em Goiânia,
distribuição de mais de R$10.000,00 em premiação, etc. Infelizmente, esse evento
deixou a desejar em vários aspectos, o que é uma triste constatação para uma
causa tão nobre.
A
promessa de uma experiência de corrida diferenciada reuniu diversos atletas de
Goiânia. A boa premiação também colaborou para atrair atletas de alto nível de
todo o Estado nas duas distâncias, o que deixou a disputa pelo pódio ainda mais
acirrada, mesmo na faixa etária.
De
tudo, o que mais me atraiu foi o percurso. Seria a primeira vez que eu participaria
de uma prova realizada literalmente no “quintal de casa”. É o lugar onde eu e
outros companheiros treinamos freqüentemente. O Setor Jaó é um dos bairros mais
tradicionais e bonitos da cidade. É também onde está um dos Clubes mais antigos
da Capital. Em termos de corrida, o local possui uma altimetria interessante, o
que permite simular diferentes situações nos treinos. Já cheguei a correr 21 km
no Jaó sem nenhum problema.
O
bairro é dividido em duas partes: a alta e a baixa. Sendo a parte baixa o Vale
do Rio Meia Ponte (ou o que sobrou dele). Costumamos dizer que correr em
Goiânia é um desafio altimétrico constante. No Jaó, por estarmos ao nível do
rio e por outros motivos, é possível desenhar um percurso relativamente plano.
Essa
seria então a oportunidade de sair do lugar comum, da porta dos shoppings e
testar o condicionamento em um percurso diferente. O Jaó é um local quase
plano, bonito, arborizado e sombreado. Passaríamos pelas avenidas Rio Branco,
Cristo Rei, Sucuri, Belo Horizonte e, também, a nossa Alameda Pampulha. Quantas
vezes pensei durante meus treinos: - um dia teremos a nossa versão da “Volta da
Pampulha”! Era a oportunidade de ver isso acontecer. O percurso ainda incluía
dois quilômetros dentro das dependências do Clube Jaó, onde se encontra um maravilhoso
lago.
Vídeo 2. Percurso da Corrida e Caminhada CRER 10 Anos.
Naquele
domingo, o dia amanheceu muito bonito. Fui trotando de minha casa até a
concentração dos atletas. A prova teria a sua largada, prevista para as 8 horas
da manhã, bem em frente do Clube Jaó. Até aí tudo bem. Entretanto, à medida que
me familiarizava com o ambiente, observei alguns problemas.
Apesar
do largo espaço disponível na entrada do clube, o pórtico de largada/chegada,
área vip, tendas para retirada de medalha e kits pós-prova foram concentrados muito
próximos um dos outros, o que deixou o funil muito apertado para caber todos os
atletas. A partir daí surgiram outros problemas que deixaram os participantes um
tanto irritados.
Foto 2. Atletas irritados pelo atraso da largada. |
Como
reza a boa prática e os costumes, os atletas se aqueceram e, faltando uns dez a
quinze minutos para a largada, começaram a se alinhar no funil. O espaço ficou tão
pequeno que todos se espremeram no local.
O
que os participantes nem sonhavam é que haveria outras atividades voltadas para
os atletas PNEs antes da largada principal, o que não só foi uma surpresa, como
também desconstruiu a idéia de uma corrida tradicional.
É
muito justo que a inserção dessas atividades fizesse parte das comemorações. No
entanto, seria mais lógico se, essa atividade extra, ocorresse bem antes ou
depois da largada da corrida. Entre as atividades se incluiu uma corrida de um
quilômetro para as crianças e para os atletas PNEs.
Essas
atividades atrasaram em 32 minutos a largada principal, o que deixou os atletas
inscritos, que já estavam aquecidos e perfilados para a largada irritados, na
medida em que eles perdiam o aquecimento realizado e ficavam expostos ao sol,
aumentando a sede, ou a vontade de ir ao banheiro.
Infelizmente,
nessa Corrida e Caminhada CRER 10 anos, não houve apenas um desrespeito total
para com os atletas, mas, especialmente para com os portadores de necessidades
especiais. A largada foi tumultuada. De maneira geral, os atletas que já se
encontravam afunilados para largar as 08 horas, ainda tiveram que esperar a realização
da prova das crianças e dos atletas PNEs (1 km), o que poderia ter sido
realizado em outro momento durante a prova, sem que nenhum atrapalhasse o
outro.
Foto 3. Preparação para a largada das crianças. |
Foto 4. Largada dos cadeirantes e PNEs. |
Como
os participantes da prova principal já estavam afunilados, os atletas PNEs,
inclusive cadeirantes, não conseguiam chegar ao pórtico de largada. A
organização, simplesmente, não previu essa situação. Poderiam ter reservado um horário
diferenciado ou um espaço apropriado para que eles pudessem se locomover
naquele lugar.
Foto 5. Largada dos atletas PNEs |
Eram
pessoas que estavam ali para darem provas de superação, mas que acabaram
ficando expostos com suas limitações no meio da bagunça generalizada. Adultos e
crianças, pessoas portadoras de diferentes necessidades, com muletas,
cadeirantes, etc. Um desrespeito total, principalmente com os pacientes do CRER:
os grandes homenageados naquela manhã de domingo.
Para
complicar, ao ser dada a largada, o marcador do cronômetro estragou e ficou parado
por aproximadamente 40 segundos, registrando o tempo de “00:00:01”. Muitos
atletas, ao finalizarem a prova, chegaram a pensar que haviam quebrado os seus
recordes pessoais, o que aumentou muito a irritação para com a organização.
Vídeo 3: Largada Geral: Corrida e Caminhada CRER 10 Anos.
Outro
ponto duramente criticado ocorreu no percurso de 5 km. Simplesmente não
colocaram água! Não havia pontos de hidratação, pois foram todos colocados de
forma equivocada no trecho dos 10 km. Nesses, havia água em abundância, deixando
quem se inscreveu nos 5 km, muitos deles estreantes no mundo da corrida, muito
decepcionados.
Hoje,
os participantes de corrida de rua são mais exigentes. Como clientes e
consumidores, exigem os seus direitos e aquilo que está escrito no contrato
(regulamento) da prova. Não adianta simplesmente “forrar” o portal de
largada/chegada com um tapete vermelho. Se o atleta investe um valor
considerado elevado por ele para correr “com segurança” e não recebe em troca,
sequer o básico, algo está errado. Ele tem o direito de se queixar.
Foto 6. Minha passagem pela reta final. |
Foto 7. Um dos momentos mais emocionantes de uma prova: A linha de chegada |
Chega
a ser trágico, pois até quem correu na “pipoca” reclamou. Reclamaram por terem
negado-lhes água no percurso, por terem sido impedidos de entrarem na parte do
percurso que passava dentro do Clube Jaó e, por isso, não fizeram os dois
quilômetros finais da prova. Os pipoqueiros que saíram para fazer cinco
quilômetros fizeram só três. Aqueles que queriam fazer 10 correram apenas 8 km.
Faltou quilometragem para eles! Só não
se pode reclamar da medalha, que, aliás, foi muito bonita mesmo! Essa nem os
pipoqueiros reclamaram.
Havia
gente reclamando de tudo. Outra grande reclamação foi a qualidade do asfalto
durante o percurso, buracos nas ruas, presença de quebra-molas, materiais de
construção, como areia, terra e britas esparramadas na pista, etc. Neste
quesito, a grande decepção mesmo foi o asfalto na área interna do Clube Jaó. Apesar
da vista para o lago, era remendos e mais remendos de um asfalto de péssima
qualidade. É melhor nem entrar em detalhes. Na hora de acelerar para a reta
final, os corredores tiveram que se segurar. Temos relatos de que atletas se
machucaram ao passar pelo trecho final.
Particularmente,
fui para a corrida para saber como seria participar de uma competição nas ruas onde
costumo treinar. Para mim, um dos pontos fortes dessa prova foi o percurso.
Costumo treinar por ali, saindo da parte alta para a parte baixa do setor. Na
prova foi o inverso. A organização conseguiu entregar aos atletas um percurso
relativamente plano. Para alcançar isso, sacrificou o ritmo da prova inserindo
vários “grampos” ao longo de grandes avenidas, que poderiam ter sido totalmente
incluídas no roteiro, o que não aconteceu.
Imagem 1. Percurso da Corrida e Caminhada CRER 10 Anos |
Continuo
afirmando que “Dia de Competição é também dia de Festa!” É dia de rever os
companheiros e confraternizar. Esse, de fato, é o ponto alto de qualquer evento
e, nesse sentido, encontramos muitos amigos.
Foto 8. Com os irmãos Frederico e Fernando |
Foto 9. Com o companheiro Odysseias |
Foto 10. Confraternização pós-prova com o colega Silvio |
Foto 11. Novamente com o Odysseias |
Foto 12. Grandes companheiros de corrida. Da esq.p/dir: Rene, Odysseias, Wagner, Sheyla, eu e o Silvio. |
Foto 13. Com os companheiros do Grupo Giramundo e o Sr. Francisco. |
Foto 14. Thiago e o maratonista e Medalhista de Ouro Paraolímpico Tito Sena. |
Foto 15. Com os companheiros João Honório, Fávaro e Silvio. |
Foto 16. Dois exemplos de disciplina e dedicação: Fávaro e Sr. João |
Muitos atletas se queixaram. Menos
eu. Eu
não posso me queixar de um aspecto: tive a oportunidade de receber os amigos
para correr com eles no quintal de minha casa!
Um
grande abraço a todos!
Parabens Nilo, pela corrida e bela descricao de todos os fatos que aconteceram, infelizmente nao pude ir nessa, porem na proxima estaremos juntos, abcs.
ResponderExcluirValeu Advaldo,
ResponderExcluirCorrida é isso aí! Pode parecer tudo igual mas, cada uma tem a sua história.
Com certeza estaremos juntos nas próximas!
Abraços!
Nilo
Nilão....simplesmente show de bola o seu blog....sábias palavras relatas com sinceridade e simplicidade.........precisamos desta voz ativa no dia a dia dos atletas........Valeu.....Estamos juntos agora...firme e forte.........abraços.............FERNANDO LINO
ResponderExcluirValeu Fernando, obrigado pelo apoio.
ResponderExcluirEstaremos juntos em várias outras corridas!
Um grande abraço!
Nilo