Começando o ano com o Pé Direito
Por mais que se repita o treino, cada dia será diferente!
Em 04 de janeiro de 2013, ainda
durante as férias, realizei o primeiro treino de corrida do ano. Depois de alguns
dias totalmente parado, a escolha não poderia ter sido melhor. A cidade
escolhida para fazer este treino foi Campos do Jordão-SP, ponto de encontro de atletas
de elite, quando se preparam para as grandes competições.
A cidade reúne alguns quesitos
que a tornam especial para a melhora no desempenho dos atletas, pois, além da
altitude, acima de 1.600 metros do nível do mar, ainda proporciona tranqüilidade,
ar puro e um clima muito agradável. Sem sombra de dúvidas, é o prenúncio de que
esse será um ano especial, pois, conforme verão, comecei com o “pé direito”,
apesar de algumas dificuldades.
Uma delas foi o de ter assumido
o risco de enfrentar recentemente o Desafio dos 100 km, entre os dias 25 a 31
de dezembro, o que me custou a unha do dedão do pé direito, que compromete meu
desempenho na corrida até o presente momento. Outra foi o cansaço, ocasionado
pela mudança de rotina e os deslocamentos de viagem, durante as férias com a
família.
Na tarde do dia 04, depois de
ficar de “molho” em pousadas e hotéis por dois dias consecutivos de chuva
intensa, fazendo paradas estratégicas no litoral sul do Rio de Janeiro (Paraty
e Angra dos Reis) e depois, Ubatuba, decidi seguir viagem até Campos do Jordão.
Apesar do curto trajeto, foi uma
viagem tensa e estressante. Realizar a impressionante subida da Serra do Mar,
entre as cidades de Ubatuba e Taubaté, debaixo de chuva torrencial, não foi
nada fácil. Para completar, a chuva não deu tréguas, mesmo quando subimos a
Serra da Mantiqueira e dificultando ainda mais a nossa viagem.
No meio do caminho, após uma
rápida estiagem, tivemos oportunidade de conhecer São Luis do Paraitinga, uma
cidade histórica que está passando por uma reconstrução em seus prédios
coloniais, como os casarões e igrejas, em função dos danos sofridos em 2010 pela
enchente do rio que corta a cidade.
Nossa chegada em Campos do
Jordão também foi tensa. Com a chuva, presenciamos vários acidentes na estrada.
Apesar da dificuldade e do cansaço, conseguimos chegar ao final da tarde e nos
instalar em uma pousada local. Descobri que havia naquela cidade uma ciclovia
ao longo de uma antiga estrada de ferro. Era a ocasião certa para ficar quieto:
cansado, estressado, cidade tranqüila e calma, clima agradável, etc.
Entretanto, negociei com minha família e reuni forças para fazer uma corrida
leve, tendo como objetivo descarregar um pouco do cansaço.
A cidade estava toda molhada e ainda,
chuviscava. Enquanto me aquecia, verifiquei bem atrás de um “Posto Ipiranga”,
uma pista de atletismo. Avistei alguns atletas treinando. Após conversar com
alguns deles, confirmei que poderia fazer o meu treino por lá, sem ter que ir à
ciclovia, que possuía uma superfície bem irregular.
Entrei na pista na mesma direção
em que estava um grupo de 06 atletas locais. Era uma pista de atletismo
municipal, simples, feita de saibro e que passava por reforma. Em alguns
pontos, se via restos de construção, buracos e lama, pelos quais tínhamos que
desviar. Entrei no circuito, junto com os outros atletas com o objetivo de “rodar”
de 8 a 10.000 metros apenas. Ao final, vocês entenderão o porquê, sem perceber,
eu acabei fazendo 10.000.
Imagem 1. Pista de Altetismo Municipal em Campos do Jordão-SP. |
Imagem 2. Pista de Altetismo Municipal em Campos do Jordão-SP. |
Imagem 3. Pista de Altetismo Municipal em Campos do Jordão-SP. |
Imagem 4. Pista de Altetismo Municipal em Campos do Jordão-SP. |
Na pista, à medida que me
aquecia, consegui imprimir um ritmo mais rápido. Coloquei algumas voltas nos
demais, que pareciam apenas trotar. Após ter corrido cerca de 3 a 4.000 metros,
percebi que um jovem casal havia acabado de chegar e entraram na pista para
treinar.
Eles optaram por correr no
sentido contrário ao nosso. O atleta se protegia com um capuz de um agasalho do
tipo “corta-vento”. Ao cruzarmos pela
primeira vez fui saudado por ele. Pelas passadas, percebi que não eram atletas
comuns.
Apesar de corrermos em direções
opostas, estávamos num ritmo parecido. Encontrávamos sempre na mesma cabeceira.
Após ter se aquecido, ele tirou o capuz. Sua fisionomia não me era estranha!
Logo sua esposa saiu da pista para fazer exercícios educativos. Procurei manter
o mesmo ritmo e continuamos nos encontrando na mesma cabeceira, no mesmo ritmo.
Somente após algumas voltas foi
que pude perceber que, aquele atleta diferenciado era simplesmente um dos melhores
corredores brasileiros de fundo: o maratonista Marilson Gomes dos Santos. É
interessante ver como ele corre fácil. Uma biomecânica perfeita. Passamos um
pelo outro, várias outras vezes.
Os demais atletas, ao
finalizarem seus treinos, foram se retirando. Nós ainda continuamos no mesmo
ritmo. Apesar da pista permitir a manutenção de um ritmo mais forte, percebi
que já estava chegando ao meu limite. Ele, apenas trotando, com uma passada
métrica. Não resisti e acabei “mexendo” com ele. Disse: - Isso porque você está
apenas trotando!
Não houve resposta. Continuamos
correndo. Mais algumas voltas, alcancei meu objetivo dos 10.000 metros. Desliguei
meu cronômetro. Saí da pista e ainda continuei a observar sua biomecânica por
mais algumas voltas. Um dos atletas locais confirmou que aquele jovem casal,
além de outros atletas ilustres, costuma aparecer por lá com certa freqüência.
Revendo algumas matérias sobre
corridas, descobri que alguns atletas costumam passar uma temporada em cidades
com elevada altitude, como forma de melhorar o desempenho no esporte. O próprio
Marilson já havia feito isso em Campos do Jordão, pelas características da
cidade apontadas no início desse texto, na ocasião em que se preparava para a
Maratona de Nova York, da qual é
bi-campeão.
Este foi meu primeiro treino de
2013. Ficará marcado para sempre. Na pista, pude confirmar que o treino é muito
diferente, apesar da situação precária que a mesma se encontrava naquele dia.
Mesmo com as adversidades, que incluiu o cansaço, a unha comprometida, o
estresse, os buracos, a chuva e a lama, concluí os 10.000 metros em 41min56seg.
Uma marca parecida com as alcançadas em dia de prova.
Imagem 5. Resumo do treino. |
Finalizei o treinamento
energizado e consciente de que 2013 têm tudo para ser mesmo um grande ano. Deixei
o nosso atleta finalizar o seu treino tranquilamente. Ao ir embora, ainda
cruzei com ele mais uma vez e pude desejar um ótimo ano de corridas e muito
sucesso!
Sem sombra de dúvidas, guardarei
em minha memória de corredor esta tarde mágica, em que pude treinar ao lado de
um dos melhores atletas brasileiros no mundo da corrida de longa distância.
A ele nossa admiração e que, de
fato, possa ter um excelente 2013!
Boas Corridas!
Show de bola teu post, amigo ! Parabéns.
ResponderExcluirIvana, muito obrigado!
ExcluirEspero que você tenha também um Excelente 2013!
Um grande abraço!
Nilo
Ficou ótimo o post. É muito bom poder observar atletas como ele. Voce teve um grande privilegio em correr com um dos melhores corredores. Muito sucesso pra vc em 2013.
ResponderExcluirRenata, boa tarde!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo feedback.
Realmente foi um grande privilégio.
Quem sabe, um sinal de que 2013 será de fato um grande ano.
Que seja um grande ano para todos nós!
Um grande abraço e boas corridas!
Nilo
PARABENS amigo,,, vc é o exemplo de um ATLETA com conhecimento de um escritor de corridas,,, ficou ótimo seus relatos.. abraço forte, sds.. logo nos vemos nas pistas..
ResponderExcluirGrande Companheiro Doni,
ExcluirObrigado pelo feedback.
Você também é um Grande exemplo de atleta, e atleta de elite, diga-se de passagem!
Estarei em Trindade por ocasião da Corrida do Fogo.
Espero vê-lo por lá, meu amigo!ilo
Um grande abraço e que os ventos soprem a nosso favor em 2013!
Nilo
DONIZETTE TRINDADE
ResponderExcluirShow de pedestrianismo Nilo resende, Marilson é o cara !!! tenho uma foto com ele, agora correr com ele , mesmo que seja no trote dele é demais !!!
ResponderExcluircorridaderuams.blogspot.com.br
Olá Rodrigo!
ResponderExcluirEssa experiência foi mesmo incrível! Puro lance de sorte!
Foi muito bom ver a técnica empregada pelo Marilson, um de nossos melhores representantes no mundo da corrida. Pude aprender bastante, só de vê-lo correr naquele dia.
Como ele corre fácil!
Um grande abraço e boas corridas!
Nilo