Qual o modelo ideal?
Os
calçados, de uma forma geral, se constituem de um aparato tecnológico criado
para melhorar a qualidade de vida do ser humano que, ao longo de sua evolução,
precisou se adaptar a diferentes tipos de terrenos e necessidades.
Nossos
ancestrais costumavam andar e correr descalços. Nos dias de hoje, pode parecer
um absurdo pensar na idéia de correr descalço, mas, há uma forte tendência
nesse sentido, inspirada principalmente pelas idéias lançadas pelo jornalista Christopher McDoughall, após o
lançamento de seu livro “Born to Run”. Ele defende a idéia de que com os pés
descalços, as pernas e os pés se ajustam “instintiva” e automaticamente, para
diminuir o impacto e, assim, reduzir o número de lesões.
Na
categoria de calçados, os modernos tênis de corrida também fazem parte de uma
evolução tecnológica criada para corrigir uma série de desvios em tipos de
pisadas e proporcionar aos atletas maior conforto, suporte, estabilidade,
simulação dos pés descalços (minimalistas), amortecimento para diferentes tipos
de terreno e, até mesmo, um melhor desempenho. São vários modelos tendo por
base estas necessidades.
No
meio de tantas opções, cores e marcas despejadas anualmente no mercado pela
milionária indústria do tênis, uma pergunta que naturalmente surge é: - Qual o modelo ideal? Para responder a
esta e outras perguntas relacionadas ao tema, deve ficar claro que não existe
um modelo universal ideal. Cada pessoa possui necessidades bem distintas umas das
outras. Essa é uma riqueza encontrada na diversidade do ser humano.
Assim,
o que é bom para um, pode não ser bom para o outro. Essa é grande uma verdade.
Não é porque um determinado modelo de tênis está em moda, que ele pode servir a
todas as pessoas. Recorre-se aqui àquela velha temática: o melhor a se fazer é experimentar! Portanto, o ideal é você,
pessoalmente, avaliar os diferentes modelos ou marcas.
Uma
série de fatores pode interferir nessa avaliação: o biótipo do atleta, a
postura, tipo de pisada, peso corporal, objetivos, se é para treinos ou provas
(em percursos curtos ou longos), tipos de terreno (asfalto, trilhas...) etc.
Acima
de tudo, é necessário exercitar o autoconhecimento. Para ajudá-lo nessa árdua
tarefa conta-se com o auxílio de técnicos, profissionais da área ou pessoas
mais experientes, além de diversos serviços relacionados a esse assunto que
encontram à disposição dos interessados na internet
ou em revistas especializadas.
Hoje se reconhece que o uso de um modelo de tênis adequado às necessidades
básicas do corredor, pode ajudar a evitar lesões, prolongar a sua vida na
prática do esporte e, ainda, melhorar o seu desempenho como atleta.
Os
modernos tênis de corrida fazem parte de uma evolução tecnológica, adaptada à
ciência do esporte para corrigir uma série de desvios em tipos de pisadas e
proporcionar aos atletas maior conforto, suporte e estabilidade.
São
vários modelos tendo por base o atendimento destas necessidades e o
oferecimento de uma nova experiência a quem pratica a corrida. O aumento da oferta e o surgimento de modelos
tecnológicos visam atender à crescente demanda de uma população cada vez mais
exigente para com a atividade física.
Entretanto,
são tantas opções, cores e marcas despejadas anualmente no mercado, que acabam
confundindo os corredores, iniciantes ou não. Responder à pergunta proposta no
início deste artigo pode parecer simples, mas não o é.
Como
não existe um modelo universal ideal, o grande segredo, então, está em
descobrir quais as suas necessidades básicas como corredor. Assim, o principal
objetivo deste artigo é o de ajudar os interessados a entenderem melhor esta
matéria para que possam a encontrar uma resposta para esta questão e, assim, realizarem
a melhor escolha na hora de adquirir um novo par de tênis.
Tenham
uma boa leitura!
A Evolução dos Sapatos Esportivos
O registro mais antigo sobre competições de atletismo data de 776 a.C., mas, é
certo que os esportes organizados, incluindo provas de pista e de campo foram
praticados muitos séculos antes. Desde as primitivas civilizações, o homem já
cultivava o gosto de competir, como forma de medir sua força, rapidez e
habilidade.
Os exercícios destinados a aprimorar ou a manter a saúde do corpo, decorriam da
própria luta pela sobrevivência. Forçado a enfrentar desde o início, inúmeros
obstáculos naturais e, mais tarde, o seu próprio semelhante, o homem apurou
seus instintos de correr, saltar e lançar.
Imagem 1. Figura rupestre de um homem primitivo correndo. |
Acredita-se que, da antiguidade até a Idade Média, os calçados serviam
apenas para proteção. Competir sem sandálias, com tiras de couro, era sinal da
força do competidor. Força, com certeza, foi o que não faltou para
Fidípedes. Segundo a lenda, no ano de 490 a.C., na Grécia Antiga, ele foi o
soldado designado para correr os 40 km entre o Golfo de Maratona e a cidade de
Atenas para anunciar a vitória do seu exército.
Foi somente no século 19 que os sapatos esportivos começaram a tomar a forma
que conhecemos hoje. Portanto, uma história ainda muito recente. Os primeiros
corredores começaram a utilizá-los a cerca de apenas cem anos. De 1890, quando
foi criada a primeira empresa especializada na fabricação de tênis, até os dias
de hoje,os modelos foram se tornando cada vez mais tecnológicos, leves,
arejados, resistentes e “inteligentes”. A evolução história das marcas
esportivas que conhecemos atualmente também é muito recente.
Na
cronologia descrita abaixo, estão elencados os principais eventos que
impactaram a evolução tecnológica das marcas e calçados esportivos:
1906 – O ex-garçom e imigrante inglês William J. Riley ao ajudar
pessoas com problemas ortopédicos cria a New Balance na cidade de Belmont, Massachusetts (EUA);
|
1906 – Rihachi Mizuno e o seu irmão mais novo, Rizo, inauguram a
primeira loja da Mizuno em Osaka (Japão);
|
1925 – Adolf e Rudolf Dassler criam a Gebruder Dassler Schuhfabrik;
|
1946 – Adolf Dassler utilizando lonas e borracha de artigos do
exército produz calçados de Trainning;
|
1948 – Adolf e Rudolf se separam e criam a Adidas e a Puma,
respectivamente;
|
1949 – Kihachiro Onitsuka funda, no Japão, a Onitsuka Tiger. Em 1977 a
empresa passa a se chamar Asics.
|
1972 – O treinador americano, Bowerman,
usa uma máquina de wafles para
criar um solado de corrida, que se transforma no primeiro modelo de tênis
Nike.
|
1986 – Surge o primeiro tênis com gel para a corrida, que dá a origem
para a série de modelos Asics Gel
Cushioning System;
|
1994 – A Nike começa a patrocinar grandes estrelas do esporte;
|
1998 – A Mizuno lança a atual versão da placa Wave, sistema com amortecimento e estabilidade em um único
componente;
|
2006 – É criado na Itália, o modelo Vibram FiveFingers, com base no conceito da corrida descalça;
|
Fonte: Revista Finisher – Edição
007 – 1º Aniversário – janeiro/fevereiro 2012
Tênis de Perfomance / Casuais e os Impostos
A
corrida ainda pode ser considerada uma modalidade esportiva barata de se
praticar. A maioria dos corredores não necessita realizar elevados
investimentos. Entretanto, quando se trata de adquirir tênis especializados
para a corrida, há uma grande variabilidade de marcas e modelos. O mercado oferece
aos praticantes diferentes materiais e tecnologias com uma grande variação nos
preços, o que torna a escolha ainda mais difícil.
Segundo a Runner´s World (A Guerra
dos Tênis), o motivo de alguns modelos serem tão caros no Brasil encontra-se no
fato de que, desde setembro de 2009, o governo aplica uma sobretaxa de 12,47
dólares a cada par proveniente da China. Esta sobretaxa é uma medida antidumping para proteger a indústria
brasileira. Os impostos no Brasil dificultam a vida de toda população que
necessita adquirir e importar produtos industrializados.
Para entender esta questão, é necessário diferenciar os tênis de “uso casual”
dos tênis de corrida, também chamados de alta perfomance. Uma parcela expressiva dos tênis fabricados e vendidos
no mercado brasileiro são os do tipo “casual”. Já os modelos de alta
performance só são produzidos em algumas fábricas na Ásia por questões
tecnológicas e de escala. A produção de determinado modelo de ponta é
concentrada em uma ou duas unidades no mundo para minimizar o custo de uma
mercadoria cara por natureza.
Assim, a medida antidumping acabou
por desencadear uma batalha entre a Abicalçados (Associação Brasileira das
Indústrias de Calçados) e empresas multinacionais e algumas nacionais, onde o
maior prejudicado é o corredor, que fica refém de modelos ultrapassados que
ainda são comercializados no país por preços elevados. Da época dessa matéria,
aos dias de hoje, a situação até que melhorou um pouco, mas a realidade ainda é
essa.
Para a Abicalçados, desde que a sobretaxa foi aplicada, as fabricantes
brasileiras criaram mais de 60000 novos postos de trabalho, sem contar as vagas
geradas na cadeia produtiva que inclui curtumes, tecelagens e fábricas de
maquinário e borracha. Para complicar a história, a medida também não foi
bem-vinda para as empresas brasileiras de material esportivo, detentoras das
marcas Penalty, Topper e Rainha, que
também importam mercadorias da Ásia.
Para
um corredor assíduo que troca de tênis a cada três meses, a aquisição de
equipamentos de ponta fica, cada vez mais, com o custo elevado, o que muitas
vezes leva o atleta a adquirir os modelos mais recentes fora do Brasil e com
preços muito mais acessíveis.
Tênis: Finalidades e Necessidades
Cada
modelo de tênis é desenvolvido para atender determinadas finalidades e
necessidades básicas do corredor, como a de competir, estabilizar o movimento ou
amortecer o impacto. Com base nestas necessidades, é possível classificá-los em
06 tipos diferentes:
Competição: Utilizados por
corredores em competição de pista ou de rua ou para treinos de velocidade. São
muito leves e atendem ao público voltado para resultados. Oferecem pouco
suporte para o calcanhar. Dispensam o amortecimento, estabilidade e
durabilidade em favor de um peso menor. São utilizados pelos atletas de elite
e de baixo peso em treinamentos de velocidades e provas.
|
Estabilidade: Proporcionam suporte e
controle do movimento. Foca nos diferentes arcos do pé, garantindo uma pisada
mais estável. Oferecem absorção de impactos reforçada no calcanhar e suporte
no centro dos pés.
|
Amortecimento / Neutros: Indicado para provas
mais longas e que dispensam o controle na rolagem do pé. Geralmente os
iniciantes sempre começam por aqui. Oferecem o máximo em amortecimento e absorção
de impactos em toda a planta do pé.
|
Mínimos: São feitos a partir de
materiais muito leves e que simulam os pés descalços. São extremamente leves
e flexíveis. Alguns pesam menos de 170 gramas, comparados com os 350 gramas
de outros tipos de tênis. Oferecem apenas o suficiente para proteger os pés
de objetos pontiagudos ou cortantes.
|
Perfomance / Treinos: Possuem certo grau de
amortecimento e suporte. Pesam menos de 280 gramas e se encaixam como uma
luva.
|
Trilhas: São apropriados para
correr sobre superfícies irregulares. Tendem a serem mais robustos, pelo
suporte adicional, altos (para protegerem os tornozelos), podem ser
resistentes ou inclusive à prova d’água e, freqüentemente, possuem ranhuras
no solado para uma melhor tração.
|
Os modelos
minimalistas surgem como uma nova tendência em tênis de corrida. Eles simulam a
corrida com os pés descalços e possuem como características o fato de serem
facilmente dobrados e torcidos pela sua leveza.
Imagem 2. Modelos de tênis mínimos |
Imagem 3. Modelo de tênis mínimos. |
Com
relação às necessidades do corredor, os modelos visam atender uma, das três
categorias de pisadas, ou a forma com que os pés tocam a superfície:
Supinada: Quando os pés tocam o
solo com a parte mais externa da sola.
|
Pronada: Quando o toque no solo
ocorre com a parte interna dos pés.
|
Neutra: Quando a pisada, desde o
toque no solo até a impulsão para o ar, acontece de maneira uniforme, ao
longo do solado dos pés.
|
Imagem 4. Arco dos pés, categorias de pisadas e tipos de tênis. |
Revistas especializadas em corrida, como a Runner´s, O2 e Contra-Relógio, oferecem anualmente “Guias de Tênis” com o
objetivo de comparar os modelos mais recentes no mercado e, assim, ajudar os
leitores a tomarem as melhores decisões. Os consultores destes guias,
geralmente levam em consideração o grau de amortecimento, flexibilidade e de
resiliência oferecidos pelos diferentes modelos.
A Tendência dos Tênis “Mínimos”
Uma das tendências de consumo mais recente no mercado de tênis,
foi o surgimento dos modelos conhecidos como minimalistas. Suas características
costumam ser exóticas. Tecnicamente, eles simulam uma corrida descalça. Eles
sugerem um movimento mais natural dos pés, o que desenvolve maior força, flexibilidade,
além de melhorar o equilíbrio via propriocepção.
Imagem 5. Modelo de tênis mínimo. |
Os defensores desta tendência argumentam que o uso de calçados “mínimos”, melhora
o desempenho, reduz as chances de lesões, estimula o tecido conjuntivo e
fortalece o tônus muscular. Há muitos prós e contras com relação a esta
tendência.
A
verdade é que o impacto da pisada com e sem tênis são diferentes. Com os modelos
minimalistas, o peso do corpo se concentra na planta ou no meio do pé. Com os
tênis convencionais, que possuem amortecedores, o peso recai sobre o calcanhar
que se apóia primeiro no solo.
Hoje
se sabe que o corredor muda a biomecânica da corrida de acordo com a dureza da
entressola do calçado. Esta mesma biomecânica, isto é, a forma como o atleta
corre interfere diretamente sobre o seu desempenho e no surgimento de lesões.
Não
há estudos suficientes que possam afirmar se é melhor ou pior correr com ou sem
tênis. Os adeptos da corrida com os pés descalços acreditam que os modelos de
tênis tradicionais atrapalham a capacidade natural do pé de absorver o choque,
fonte das principais lesões.
Para a maioria dos treinadores,
uma corrida com o modelo minimalista tem o seu lugar, como nas distâncias
curtas sobre uma superfície segura, o que pode dar aos pés maior força e
desenvolvê-los para uma passada mais rápida. Seja uma simples moda, ou
não, sem o suporte necessário, a distância ou a superfície da corrida freqüentemente
pode causar lesões, incluindo um grande número de fraturas por estresse.
Infelizmente, durante uma corrida, há
muitos riscos escondidos nas superfícies. São cacos de vidros, pedras ou
espinhos escondidos sob a grama. Há ainda que considerar as irregularidades de
piso, o que podem aumentar a severidade de alguns traumas. Não se pode esquecer
que os tênis modernos, possuem décadas de pesquisas ortopédicas, desenvolvidas
para demonstrar que determinadas tecnologias podem proteger os pés de grande
parte dos problemas relacionados à superfície.
Vale aqui ouvir a experiência de um grande corredor. Vanderlei Cordeiro de Lima
(ex-atleta de elite e medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas 2004), em
depoimento à revista O2, conta que, desde criança, nunca teve o hábito de
correr descalço. Ele usava o que existia na época. Na década de 80 ele ganhou
um tênis Nike de atletismo importado. Deste dia em diante, ele constatou que um
bom tênis pode melhorar muito o rendimento. Da mesma forma, um tênis ruim,
causando bolhas, dor ou irritação também pode prejudicá-lo. Neste depoimento,
Vanderlei arrematou: “um tênis bom ajuda, porém, de nada adianta um tênis bom
sem o devido treinamento”.
A
prática freqüente da corrida, independente do grau de estabilidade,
amortecimento e flexibilidade, pode desencadear um grande número de lesões em
função dos movimentos repetitivos. A civilização perdeu o hábito de andar
descalço. Vale lembrar que é importante passar algum tempo sem o calçado, ou
seja, é importante dar um alívio aos pés no final de cada dia.
A Influência do Tipo de Superfície
Quando
corremos, os pés chegam a suportar de duas a três vezes o peso do corpo a cada
passada. Um dos fatores que diminuem ou aumentam esse impacto é a superfície do
terreno. Quanto mais rígido, maior o impacto. Maior também a velocidade, pois
boa parte da força é devolvida aos pés, aumentando o impulso.
O
corpo vai ter de absorver essa energia e, por isso, é maior o risco de lesões
em pontos mais vulneráveis, como as articulações. Uma boa maneira de evitar ou
piorar lesões preexistentes é correr com modelos de tênis apropriados para cada
terreno e alternar o tipo de piso por onde se corre.
Por exemplo, o concreto é o mais
rígido entre os pisos. É o que oferece mais impacto e, portanto, o menos
indicado. Modelos de tênis com bom amortecimento, que ofereçam flexibilidade,
proteção contra o impacto e proporcionem maior conforto, já que o piso é muito
rígido, são os mais indicados. Por ser uma superfície que desgasta muito o
solado, procure produtos de boa qualidade e que tenham um material mais resistente.
Imagem 6. Concreto |
Imagem 7. Atletas treinando sob o concreto, a superfície mais rígida. |
Já o asfalto é o que mais se
assemelha com as condições de uma corrida de rua. Por ser bastante rígido, ele
devolve o impulso da passada e você pode desenvolver boa velocidade. Pode ser
usado em treinos de tiro e em longões. O tênis ideal precisa, conferir
amortecimento e flexibilidade. Deve ser feito com um tecido respirável. A
ventilação do pé é importante porque o asfalto, mais que qualquer outro piso,
absorve muito calor.
Imagem 8. Correndo sobre a manta asfáltica. |
A terra batida é considerada por
treinadores como o piso ideal para oferecer bom amortecimento. Todavia, não
“segura” tanto a passada. É favorável para se realizar treinos longos e de
intensidade. Para este terreno, o calçado deve ter um solado com boas ranhuras,
para garantir maior tração e diminuir a chance de escorregar.
Imagem 9. Correndo sobre o "chão batido". |
Para
esse tipo de terreno, alguns cuidados adicionais: Quanto mais larga for a sola,
maior estabilidade. O cadarço deve possibilitar um encaixe justo no pé e a
entressola deve ser macia para absorver o impacto de uma pedra ou buraco. O
tecido deve ser ventilado e possibilitar a saída de água (caso você passe por
um trecho molhado), mas também proteger o pé de galhos. Se o piso for muito
irregular, invista em um modelo específico para trilhas.
Já a areia é instável e submetem os
joelhos, tornozelos e quadril a um intenso movimento de torção. Como esse
terreno exige força de músculos que costumam ser negligenciados em outros tipos
de superfícies, treinar na areia é uma boa opção para desenvolver a força.
Também é o solo indicado para estimular a propriocepção (conscientização
corporal).
Imagem 10. Correndo sobre a areia. |
As
corridas sobre a areia devem ser curtas. Para algumas pessoas, os tênis
mínimos, que simulam os pés descalços, ou não usar nada pode ser a melhor
opção. Por ser mais macia, a areia não requer tanto amortecimento. Cuidado para
não machucar ou queimar a sola dos pés. Para quem se sente inseguro em correr
descalço, um tênis baixo e leve seria o ideal. Se correr perto do mar, dê
preferência a modelos com um bom sistema de saída de água.
Nas pistas de corrida, o terreno costuma
ser sintético e não traz muitas surpresas ou irregularidades, pois,
normalmente, não há buracos, raízes escondidas ou nem meios-fios. Na pista há
mais amortecimento que o asfalto, mas não é tão macia a ponto de provocar
instabilidade. É uma ótima superfície para realizar treinos de velocidade e
útil para quem precisa marcar a quilometragem exata. O material da pista é
feito especialmente para tracionar as travas das sapatilhas dos corredores de
alto desempenho. Se não é o seu caso, e você usa a pista para treinos, não
dispense o amortecimento e a estabilidade, especialmente se ela estiver
desgastada.
Imagem 11. Correndo sobre uma pista de corrida sintética. |
Na grama, a maior parte do impacto é
absorvida pelo chão em vez de voltar para a perna. Por isso, ela é uma boa
opção para quem quer gastar mais calorias e trabalhar a musculatura. Indicada
para treinos intervalados ou fartleks
(ritmos variados). Prefira modelos com ranhuras no solado e bom sistema de tração.
Por ser um terreno mais macio, a grama não pede tanto amortecimento, mas o
tênis deve oferecer boa estabilidade.
Imagem 12. Correndo sobre a grama. |
Já a esteira oferece uma superfície
amortecida, o que reduz o estresse nas costas, quadril, joelhos e pés. É um
caminho livre de obstáculos e uma boa opção para quem tem pouco tempo e para
quem quer controlar tempo de exercício, freqüência cardíaca e velocidade. Um
modelo de tênis mais simples e que ofereça bom equilíbrio, amortecimento e
estabilidade é uma boa opção.
Imagem 13. Correndo sobre a esteira. |
Qual a marca de Tênis Preferida?
Durante os meses de abril e maio de 2011, o “Jornal Corrida” conduziu uma
pesquisa para saber qual a marca de tênis preferida entre os atletas. Foram
entrevistadas 300 pessoas. Algumas foram abordadas na USP (Universidade de São
Paulo), outras em provas realizadas na capital paulista e 50% delas responderam
por meio de enquete nas mídias sociais.
Apesar
da pequena amostragem, é possível ter uma idéia das marcas mais utilizadas. Os
resultados encontrados apontam que Asics, Mizuno e Nike encontram-se entre as
marcas mais preferidas. Resultados semelhantes também são confirmados em outras
pesquisas. Isso não significa que elas sejam as melhores opções para você,
pois, muito desse desempenho comercial, pode ser atribuído a campanhas de
marketing bem sucedidas.
MARCA
|
PARTICIPAÇÃO
|
Asics
|
35 %
|
Mizuno
|
24 %
|
Nike
|
20%
|
Adidas
|
8 %
|
Saucony
|
5 %
|
Outras*
|
1 %
|
* Entre as outras marcas
estavam: Newton / Brooks / Puma / Reebok / Fila / Olympikus / KSwiss / New
Balance com 1% para cada uma delas.
No
meio de tantos modelos e marcas, qual seria mesmo o modelo ideal? Para
responder a esta pergunta, se deve deixar claro: não existe um modelo universal
ideal. O melhor a se fazer é conhecer as suas necessidades básicas como
corredor, conforme apontado anteriormente e, é claro, experimentar!
Para
ajudá-lo a realizar a melhor escolha, considere ainda as sugestões abaixo:
Conheça os seus pés. Como eles são? Normal, plano ou cavo? Conheça
qual o seu tipo de marcha, i.e, pisada. É neutra (alinhada), para dentro
(hiperpronação) ou para fora (supinação)? Além dos métodos observacionais que
um profissional da área pode lhe oferecer, hoje, conhecer o seu tipo de
pisada, isto é, se é pronada, neutra ou supinada, ficou mais fácil, pois
também há serviços disponíveis nas lojas especializadas, sites e
revistas que podem auxiliá-lo na escolha do modelo correto.
|
Ouça opiniões diferentes (amigos, revistas especializadas, internet). Quanto mais você souber,
menores serão as chances de errar.
|
Não se arrisque com marcas desconhecidas. Não vale a pena economizar
na qualidade do material. Também, nem sempre o modelo mais caro é o melhor.
|
Cuidados com os vendedores, eles se aproveitam da falta de experiência
de alguns corredores para oferecer produtos mais caros.
|
Os mais bonitos nem sempre são os melhores.
|
Teste o modelo desejado. Não adianta só ter as melhores informações
(revistas, internet, opiniões de terceiros...). É importante saber se ele é
de fato confortável e, para isso, você deve testá-los. Assim, mesmo que
compre pela internet, antes de adquirir o seu par de tênis, vá até uma loja e
teste o modelo desejado.
|
Olhe-o por dentro para descobrir possíveis defeitos de fabricação. Uma
costura ou uma borracha podem prejudicar seu desempenho e ferir os seus pés.
Não se arrisque. Não compre um tênis novo e vá testá-lo durante uma prova.
|
Pesquise os preços e até aproveite as promoções! Uma ótima forma de
economizar, sem abrir mão da qualidade, é adquirir os tênis de modelos
anteriores.
|
O melhor horário para testar um tênis é no fim do dia, ou após o
treino, quando o pé está mais inchado.
|
Como a corrida incha os pés, o indicado é sempre comprar um número
maior do que o que você está acostumado. Deixe pelo menos 1,5 cm de folga na
ponta para evitar apertos.
|
Experimente um tênis novo com o tipo de meia que você normalmente utiliza
durante a corrida.
|
É aconselhável ter modelos de tênis diferentes para atender as suas
necessidades. Tenha um para o seu treinamento específico, outro para realizar
os trotes, outro para competições. O que justifica possuir mais de um modelo
é o fato de que, cada tipo de terreno exerce um impacto diferente na corrida.
|
Com tantas dicas, é hora de colocar “os pés à obra”. O mercado dispõe de vários
modelos de tênis, com diferentes tecnologias e preços. Com certeza haverá algum
que se encaixará em seu perfil.
Infelizmente, salvo poucas exceções, a maioria das lojas de materiais
esportivos do Brasil não possui vendedores preparados para oferecer o melhor
conselho para a sua compra. Uma conversa com o seu treinador, colegas mais
experientes ou uma visita a um ortopedista, pode ajudá-lo a conhecer melhor o
seu tipo de “pisada”.
Hoje, há alguns serviços online que mostram os cuidados, preços médios,
onde encontrá-los e, até mesmo, como amarrar o seu tênis. Vale a pena
pesquisar. A seguir estão algumas sugestões:
Quando aposentar o seu velho companheiro de corrida!
Outro ponto importante está em determinar qual é a
durabilidade de um tênis. Tão importante quanto escolhê-lo é saber quando
aposentá-lo. Uma causa comum de lesões é correr com tênis desgastados. Alguns
sinais, como desgaste da sola, são bem claros. Entretanto, mesmo um tênis
parecendo novo pode já ter perdido grande parte da capacidade de amortecimento.
Em geral recomenda-se substituí-los entre 560-880 km de uso. Se você está
voltando de uma fratura por estresse, seria prudente aposentá-lo antes, isto é,
entre 560 e 640 km. Corredores pesados também podem ter que trocar o tênis mais
cedo. O ideal seria os corredores possuírem dois ou três pares para utilizá-los
alternadamente.
Um
ponto importante está em saber se, ao "descansar" o tênis, ele teria
mais tempo de recuperar sua capacidade de amortecimento. Alguns especialistas
afirmam que é preciso apenas seis horas. Outros sustentam que seriam necessárias
48 horas para o calçado recuperar seu amortecimento. Apesar da polêmica, há
outras razões para revezar dois ou mais pares.
Em um país de clima tropical, como o Brasil, os calçados tendem a ficar
molhados depois de um treino em dia quente e úmido. Ao revezá-los, eles terão
mais tempo para secar totalmente. Outro argumento é que, alternando tênis de
características um pouco diferentes, você alterna o estresse que seu corpo sofre
a cada treino.
Ainda se deve atentar para o uso do tênis no terreno para o qual ele foi
projetado. Por exemplo, um tênis de trilha, não deveria ser utilizado no
asfalto. Da mesma forma tênis que não são da categoria trilha, não duraria
muito se fossem usados em terrenos acidentados.
Uma
grande verdade é que, usar tênis de corrida inadequados, ou gastos, pode levar
a uma série de problemas na forma de lesões. Por isso, muito cuidado ao fazer a
sua escolha. Se sentir que algo está errado, descarte o modelo.
Mais
um ponto importante: ao descartar um tênis ou doá-lo, cuidado, especialmente se
você possui desvios de pisada e observar que ele gastou mais de um lado do que
o de outro. Pode parecer absurdo, mas, às vezes é melhor jogar o modelo fora, pois
poderá causar problemas àquele que o estará recebendo. Caso contrário, dê outra
finalidade ao velho par de tênis, como utilizá-lo para passeio, não permitindo
que ele seja utilizado para treinos ou corridas.
Para aqueles que gostariam de ouvir a opinião de um especialista no assunto,
sugerimos acessar ao vídeo produzido pela Oxigênio TV no link abaixo.
Nele, a Dra. Ana Lucia de Sá Pinto, fala sobre os principais aspectos que o
corredor deve levar em consideração ao comprar um tênis para corrida.
Esperamos
que estas sugestões sejam úteis.
Nos
vemos nas próximas corridas.
Fontes de Apoio:
http://www.webrun.com.br/home/guia/tenis
McDougall, Christopher – Nascido
para Correr: a experiência de descobrir uma nova vida; tradução de Rosemarie
Ziegelmaier – São Paulo : Globo, 2010.
tudo que você sempre precisou saber sobre tênis agora está aqui,super útil, esclarecedor, além de histórico.
ResponderExcluirMatéria excelente, difícil achar uma tão completa assim na internet, estão de parabéns!
ResponderExcluirmuito boa esta materia, li e reli 3 vezes, e falando em sapato de corrida, voces sabiam que o grande corredor tcheco EMIL ZATOPEK, campeão olimpico no começo de carreira fazia seus treinos em floresta com neve correndo de coturno militar pois assim se sentia mais rapido e leve quando usava sapatilhas de corrida.
ResponderExcluir