Maratona Caixa do Rio de Janeiro 2013

A primeira vez é sempre muito especial

               Por ser um evento especial, participar de uma maratona pode mudar a vida de alguém, para sempre. Para o treinador americano Hal Higdon, completar uma prova desse porte poderia ser comparado a uma colação de grau ou uma formatura que dá ao concluinte o direito de obter um título: Fulano de tal, maratonista!

Vídeo 1. Maratona do Rio de Janeiro 2013

 

              Para esse conhecedor do assunto, há três diferentes objetivos a serem considerados quando alguém decide correr uma maratona: concluir, melhorar e vencer. Para os iniciantes, concluir deveria ser o objetivo mais apropriado.

                Os números sugerem que cerca de 40% dos inscritos em uma prova desse nível são formados por atletas iniciantes. Para eles, concluir a prova deve equivaler à vitória e, portanto, este deveria ser o objetivo mais importante, não importa qual seja a marca de tempo desejada: seis, cinco ou quatro horas. Uma estratégia mais conservadora durante a estreia seria mais bem indicada.

                Um atleta mais experiente, por outro lado, pode ter como objetivo melhorar uma marca alcançada previamente, o que não é nada fácil, pois há que se trabalhar muito para que isso se torne realidade. Por último, vencer geralmente é o principal objetivo para os corredores de elite, um pequeno percentual desse universo.

Imagem 1. Atletas perfilados para a largada.

               Seja qual for o seu caso, a maioria esmagadora dos maratonistas voltam para casa apenas com uma medalha no pescoço, uma camiseta alusiva ao evento e algumas experiências obtidas na prova, boas ou ruins, o que dependerá em grande parte do objetivo estipulado.

                É com essa introdução que iniciamos esse relato sobre a maratona do Rio de Janeiro, realizada neste dia 07 de julho de 2013.

Imagem 2. Largada

                Quando o assunto é maratona, poucas provas no Brasil são tão propícias para uma estreia, como a prova do Rio. Isso não se deve somente à conhecida beleza cênica de seu percurso, praticamente plano e predominantemente na orla marítima, o que deu à prova carioca o “status” de uma das mais belas do Brasil e, talvez, do mundo.

                Não foi à toa que em 2012 ela se tornou a maior prova brasileira na distância. Esse número cresceu em 2013. Grande parte desse crescimento pode e deve ser atribuído ao excelente nível da organização da prova, que vem demonstrando em várias situações o grande respeito para com os atletas.

                Paralelamente à maratona, ainda é realizada uma meia maratona (21,1 km) e a Family Run de (6 km). Segundo dados disponibilizados pela organização, em 2013 os três eventos juntos reuniram aproximadamente 15.000 participantes. Confira:

EVENTO	HOMENS	MULHERES
MARATONA	3230	700
MEIA	4386	2842
FAMILY RUN	1561	2029

                 

                   Se os resultados das pesquisas apontados por Hall Higdon estiverem corretos, podemos inferir que aproximadamente 1.570 atletas, de ambos os sexos nesta maratona, eram estreantes.

                Particularmente, estive nessa maratona pela terceira vez. Voltar ao Rio para esta prova foi uma grande oportunidade de rever amigos e “conhecer” pessoalmente, alguns com os quais tinha contato somente pelas redes sociais. 

Imagem 3. Primeiros quilômetros da maratona

                Dentro do atletismo, há entre os corredores muitas histórias. Ouvi algumas delas, como a de um corredor baiano, que teve que andar no km 20 devido a uma câimbra e ainda assim concluiu a prova com 2h40min; conheci uma experiente atleta mexicana, mas que estreava no Rio; uma iniciante americana, que escolheu o Rio para fazer a sua estreia; e teve também um iniciante brasileiro que, por falta de tempo, fez o seu único longão durante um treino que durou 4 horas sobre uma esteira (30 km). Histórias incríveis!

                Independente de seu objetivo e de sua experiência como maratonista, isto é, seja um atleta iniciante, experiente ou de elite, o que torna esse grande evento tão especial somos NÓS! Somos cada um de nós que damos o tom para a Maratona do Rio!

                Muitos devem se lembrar de uma frase utilizada no ano passado pela organização: “42 km não são para qualquer um”! Trata-se de uma distância que requer respeito, independente de onde você estiver (seja uma prova ou um treino, em ladeira abaixo ou acima). Um bom plano de ação (boa preparação, ritmo, alimentação, equipamentos, suplementação, hidratação, etc.) muitas vezes pode não ser o suficiente. 

                Por mais que você esteja preparado, há outros fatores que podem afetar o desempenho! É que o atleta também precisa ter um pouco de sorte! Acordar inspirado, ter uma boa noite de sono ajuda bastante. Porém, outro fator determinante são as condições climáticas daquele dia, especialmente a temperatura.

                Com relação a esse ponto, no Rio, tudo pode acontecer, como de fato aconteceu. Esta bela cidade litorânea mostrou a sua verdadeira “cara e vocação”! Mesmo nos últimos instantes de inverno, os dias que antecederam a corrida pareciam mais um típico dia de verão. Ao contrário da edição de 2012, que choveu durante toda a corrida, em 2013 a temperatura elevou e se tornou no maior desafio para os atletas, estreantes ou não.

                O clima ainda estava ameno quando os atletas chegaram à Praia do Recreio (22º C). Porém, já na largada, os termômetros registravam 24º C. O céu permaneceu claro o tempo todo e a temperatura chegou facilmente aos 28º C já no meio da prova.

                A organização proporcionou todas as condições para que todos fizessem uma boa corrida, como de fato o foi, com pontos de hidratação bem distribuídos ao longo do percurso, com água gelada e isotônico oferecido em saquinhos para maior comodidade dos atletas. Parabéns à Spiridon e a Dream Factory, organizadores desse evento.

                Entretanto, em 2013, o clima fez toda a diferença para o desempenho, colocando barreiras para que os iniciantes de concluíssem a prova dentro do tempo previsto e que, os mais experientes superassem as boas marcas das edições passadas.

                De qualquer forma, foi uma excelente corrida! Uma experiência e tanto! Conforme pode ser observado abaixo, no grupo de elite, o Brasil quebrou uma hegemonia dos africanos e voltou a vencer tanto na maratona, com Giomar dos Santos (42 anos), quanto na meia com Altobeli Santos da Silva. 

DISTÂNCIA	MASC.	MARCA	FEM.	MARCA
42 Km	Giomar P Silva	2:18:02	Letay Hadushi	2:40:18
	Willy Kimutai	2:18:11	Rose Jepchumba	2:41:34
	Jonathan Kipkorir	2:19:40	Pamela Anisomuk	2:43:30
21 km	Altobeli S Silva	1:04:00	Ednah Mukhwana	1:16:08
	Elya Sidame	1:04:05	Catherine Yuku	1:16:14
	Giovane dos Santos	1:04:13	Meseret Biratu	1:16:21

                Parabéns aos nossos atletas!

                Abaixo uma avaliação geral da corrida.

Avaliação Geral da Corrida (1-péssimo 2-ruim 3-regular 4-bom 5-excelente)
QUESITOS	NOTA	OBSERVAÇÃO
1.Inscrição	3	A taxa do ônibus deveria estar embutida no valor da inscrição. Não deveria haver tickets. Todos os atletas inscritos (com chip e número de peito) deveriam poder embarcar sem a necessidade do ticket.
2.Retirada do kit pré-prova	4
3.Acesso	3
4.Banheiros Químicos	2	Insuficientes na largada. Suficientes na chegada.
5.Largada	5
6.Hidratação	4	Faltou água nos quilômetros finais.
7.Percurso	5
8.Sinalização	5
9.Segurança/Isolamento do Percurso	4	Em Ipanema e Copacabana, observaram-se pessoas atravessando a avenida (com cadeiras de praia, carrinhos com suprimentos para barracas, etc.) na frente dos corredores.
10. Staffs	5	Os staffs estão de parabéns. Sempre animados!
11.Participação do público	3	Boa no Leblon, Ipanema e Copacabana. Excelente no corredor de chegada.
12.Chegada/Dispersão	5	Sem tumulto
13.Entrega do kit pós prova	5
14.Qualidade do kit pós prova	4	Gatorade, água e frutas (banana e maçã)
15.Camiseta	4
16.Medalha	4	Bonita e menos robusta do que a do ano anterior.
17.Divulgação dos Resultados
MÉDIA	4,11

                Certamente que uma corrida desse porte, também possui pontos a melhorar. Lembramo-nos de alguns e esperamos contribuir para que as próximas edições possam ser cada vez melhores!

                Em 2013, a retirada dos kits foi realizada em outro local, o que acabou pegando alguns atletas “desavisados” de surpresa, especialmente aqueles que de outras cidades que desembarcaram no aeroporto Santos Dumont. Para eles, a estrutura do MAM era muito mais favorável! Desta vez montou-se uma estrutura em uma área contígua onde seria montado o pórtico de chegada da prova, no próprio Aterro, mas muito longe do aeroporto. 

                 Além disso, o local escolhido, não contava com área suficiente para estacionamento. Apesar da agilidade dos staffs houve congestionamento no sábado, nos horários de pico, gerando filas e constrangimento pelo fato de alguns atletas terem que aguardar sob o sol.

                Outro ponto a melhorar está em disponibilizar um maior número de banheiros químicos na área de largada. Os momentos que antecedem qualquer prova são sempre críticos para o atleta e geram muita ansiedade.

                É comum os atletas se programarem para ir ao banheiro pela manhã. Entretanto, na véspera dessa prova, muitos acordaram muito cedo (03 ou 04 horas da manhã). Depois, ficaram presos em um ônibus barulhento por mais uma hora. É de esperar uma maior necessidade de uso destas instalações químicas. Infelizmente, houve muita fila o que gerou transtorno e o aumento crescente da ansiedade.

                No mais, esperamos que aqueles que ali estiveram tenham gostado da prova e também alcançado os seus objetivos nesta edição da Maratona CAIXA do Rio de Janeiro! 

Imagem 4. Medalha da edição 2013

                Um grande abraço a todos e, boas corridas!

Fonte de Apoio:

www.maratonadorio.com.br