Correr parece uma atividade
simples. Mas não é! Para muitos, basta usar uma roupa confortável, um par de tênis
e sair trotando por aí. Por esse ângulo, pode até parecer simples, mas a
corrida, seja em treinos ou durante as competições, precisa ser feita com
segurança!
Em se tratando de segurança, uma
pesquisa recente entrevistou um grupo de corredores solicitando que eles respondessem
a seguinte questão: O que mais os
preocupa durante os treinos? Vocês imaginam qual foi o item que mais se destacou?
Os resultados da pesquisa revelou
que, o melhor amigo do homem, também
pode ser o maior inimigo do Corredor! A grande maioria dos entrevistados, 44%, revelou que o que mais os preocupa
são os CÃES SOLTOS nas ruas e no
percurso onde os treinos são realizados! Vejam abaixo os resultados detalhados
da pesquisa.
O QUE MAIS PREOCUPA OS
CORREDORES DURANTE OS TREINOS
|
|
44
%
|
Cães
soltos
|
21
%
|
Grande
fluxo de veículos
|
20
%
|
Não
há nenhum problema
|
5
%
|
Presença
de indivíduos suspeitos
|
4
%
|
O
ruído urbano
|
1
%
|
As
condições atmosféricas
|
1
%
|
Ausência
de um celular
|
0,5
%
|
Correr
sozinho
|
De fato, correr não é nada fácil!
Se não bastasse a força de vontade, para vencer as barreiras impostas pelo
sedentarismo, o peso, as dores, a idade, o ritmo, as condições de saúde, além
da falta de tempo, de equipamentos e de um local adequado, eis que a SEGURANÇA,
especialmente com cães e veículos no percurso, surge como o grande vilão para o
sucesso de uma boa corrida, seja nos treinos diários ou durante as competições!
O resultado da pesquisa poderia
até causar surpresa, mas, hoje não o faz. Por mais de uma vez, já fui vitima de
um ataque canino enquanto corria. Outros companheiros do meu grupo de corrida também.
Poucos atletas possuem acesso à
áreas seguras de treino, como as pistas de corrida. Como a grande maioria dos
brasileiros, treinamos na rua, em praças ou em parques públicos. Ambientes
hostis para os dias em que vivemos. Estamos constantemente expostos à
diferentes situações de perigo. Perigos iminentes rondam diuturnamente a rotina
de treinos de um corredor, a cada rua que passa.
À medida que adentramos ao mundo
da corrida, desenvolvemos mecanismos próprios para nos proteger dos veículos ou
indivíduos suspeitos na área de treino. Redobrar a atenção e correr, no contra
fluxo dos carros é um deles.
Porém, quando corremos por aí, é
comum observar algumas pessoas, especialmente idosos ou até mesmo crianças,
caminhando com os seus cães de diferentes tamanhos e raças despreocupadamente. É
interessante observar que, muitas delas, não teriam condições sequer de segurar
os seus cães, caso eles decidissem correr em alguma perseguição.
Para agravar ainda mais o quadro,
é cada vez mais comum, ver como algumas pessoas saem a passear com os seus cães
de grande porte, como os das raças Rottweilers, Pit Bulls, Filas, entre outros,
sem utilizar nenhum equipamento de proteção, especialmente a focinheira, numa
clara situação de IRRESPONSABILIDADE!
É comum ouvir destas pessoas,
quando abordadas, a seguinte informação: -
Ele é tão manso! Nunca mordeu ou atacou ninguém! Até que chega o dia
quando, uma criança, um idoso ou até mesmo um corredor, como qualquer um de
nós, passa ao lado deles e é atacado.
Foi o que aconteceu recentemente,
quando fui testemunha de uma das cenas mais horríveis de um ataque de um
cachorro da raça Pitbull sobre um de meus companheiros de corrida! Uma cena de
horror inesquecível, para mim e para ele, mais ainda!
O Fato:
... foi uma noite de agosto desse ano. Éramos três companheiros
treinando naquele dia. Um deles, estava cerca de 200 metros atrás de nós.
Corríamos por um local habitual, considerado seguro, um bairro residencial de
ruas largas e amplas. De repente, escutamos muito barulho e gritos de socorro
do colega retardatário. Paramos e tentamos entender a situação, quando o vimos
no chão, com o pitbull raivoso sobre ele. Foi uma longa luta de braços e pernas
dele, tentando, a todo custo, evitar que o cão o mordesse. Nada do que
tentávamos, era capaz de aliviar a situação. Nem os donos do “bicho”, que
apareceram em seguida, conseguiram tirar o animal de cima dele. Até que, o
outro companheiro, corajosamente, teve a ideia de atirar uma pedra sobre o cão,
que desistiu do companheiro que já estava no chão e passou a atacá-lo. Por fim,
os donos do animal conseguiram dominá-lo. Eles ainda comentaram: - nossa! Esse
cachorro é tão bonzinho! Ele nunca atacou ninguém!
A situação:
Estávamos em um ritmo maior, quando passamos correndo na frente de uma casa. Os donos
haviam saído e deixaram o portão aberto. Quando o colega retardatário passou,
um pouco mais lento, o cachorro o atacou por trás, derrubando e dominando-o. Por
sorte, depois de uns cinco minutos de luta, ele não recebeu nenhuma mordida
lesiva, mas levou seis pontos em sua cabeça, que se feriu durante a queda.
Muitos podem falar que mês de agosto
é mês de azar! É o mês do cachorro louco, etc. Este episódio coincidentemente
ocorreu em agosto, mas poderia ter ocorrido em qualquer outra ocasião e em
qualquer outro lugar do mundo. Acreditem, NÃO
FOI ACIDENTE!
Foi uma contravenção penal,
prevista no artigo 31 da Lei de Contravenções Penais que diz (Grifos nossos):
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de
pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela, animal perigoso:
Pena – prisão simples... ou multa...
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
a) na via pública, abandonar animal de tiro, carga ou
corrida, ou o confiar à pessoa inexperiente;
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança
alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
segurança alheia.
Portanto, companheiros, aí está!
O que mais pode nos preocupar durante as corridas, isto é, os cães soltos ou
conduzidos nas vias públicas, pondo em risco a segurança alheia, nada mais é do
que um CRIME COMUM, de acordo com a
Legislação Brasileira, com uma penalidade de até dois anos de prisão e multa.
Isso significa que, infelizmente,
enquanto essa Lei (DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941), que é
anterior a atual constituição, não for modificada, casos parecidos como esse
não será tratado como CRIME GRAVE
contra a pessoa.
Graças a Deus, com exceção de um
trauma psicológico severo, que levou o companheiro a abandonar os treinos, nada
aconteceu, mas muitos já perderam até a vida em situação semelhante.
Fiquem atentos! Redobrem suas
atenções, inclusive com os cães de pequeno porte! Uma mordida no calcanhar pode
deixa-lo incapacitado (a) por vários meses, comprometendo todo o seu calendário
de corrida.
É nosso desejo que nada lhe
aconteça, mas se ocorrer um caso semelhante, o melhor a fazer é procurar
socorro rapidamente, identificar o cão e o seu dono, mas, nunca deixe de ir à delegacia e lavrar um TCO (Termo
Circunstanciado de Ocorrência).
Essa é a única ferramenta que
temos hoje para que os donos desses animais os guardem com a devida RESPONSABILIDADE!
Corra, com segurança!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário.