sábado, 27 de agosto de 2011

Quebrando Paradigmas


A Saga de um Ultramaratonista

            Esta matéria é sobre como os corredores de rua podem quebrar paradigmas e, acima de tudo, algumas barreiras e limites impostos tanto pela própria natureza humana, quanto geográfica. Aqui, contamos um pouco sobre a saga de um ultramaratonista que rompeu seus limites fazendo aquilo que mais gosta: correr em prol de uma causa.
            Provavelmente, muitos de nós já ouvimos histórias semelhantes sobre algum atleta que participou de uma corrida para levantar fundos para uma determinada situação. Geralmente, este tipo de atitude está associado a grandes provas estrangeiras, como as famosas Maratonas de Londres, Nova York, Chicago e Boston.
            Nestas provas, as organizações disponibilizam parte das inscrições para algumas instituições que as disponibilizam para os corredores que se dispuserem a arrecadar determinado volume de recursos. Aqueles que conseguirem, ganham a inscrição, independente de alcançarem, ou não, os índices exigidos.
            Curiosamente, são nos grandes centros de países ricos e desenvolvidos, onde a prática da caridade nas corridas de rua é mais freqüente, o que demonstra que ainda temos muito que aprender com os nossos companheiros do asfalto do lado de lá.       
            No Brasil, provavelmente por problemas culturais e fiscais, isto ainda não acontece. Grande parte das iniciativas ocorre de forma individual e isolada, isto é partem dos próprios corredores, como Carlos Dias, ultramaratonista cuja saga será destacada logo a seguir.  
            Aqui temos também os atletas que participam de corridas em defesa de uma causa ou de uma organização não governamental, mas não significa que eles estejam realizando caridade, propriamente dita. É o caso, por exemplo, de competições intituladas como “Corrida contra o Diabetes”, “Largue o Cigarro Correndo”, “Meia Maratona EM movimento – pela esclerose múltipla”, “Dia da Saúde”, “Correndo pela vida e contra o crack”, entre outras.
            Só para se ter uma idéia de como estamos atrasados neste aspecto, segundo a Revista Contra Relógio (novembro / 2010), correr pela caridade é um aspecto chave para a Maratona de Londres.  Desde 2007, a prova entrou para o Guinnes Book como o maior evento arrecadador anual no mundo. Em 2010 foram aproximadamente R$134,4 milhões.
            Vale ressaltar que algumas destas provas, os corredores comuns participam conquistando um tempo classificatório, isto é, o famoso “índice”. Já os corredores da caridade, não precisam comprovar o tempo classificatório, mas devem fechar a prova dentro do limite de até 6 horas.
            No Brasil, segundo a própria Contra Relógio (CR), as iniciativas mais ousadas partem de alguns corredores mais determinados e corajosos. Foi o que aconteceu com o ultramaratonista Carlos Dias, cuja história merece ser relatada. Desde que decidiu cruzar o Brasil, se passaram 325 dias longe de casa. Ele percorreu 18.250 quilômetros, o equivalente a quatro vezes o percurso total norte-sul do território
brasileiro.
            Sua chegada foi triunfante. Carlos finalizou sua jornada às 15 horas do dia 13 de agosto de 2011 na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, onde aconteciam os eventos Brazil Sports Show. A chegada aconteceu sob emocionantes aplausos do público, que se emocionou ao ver o encontro do atleta com seu filho. Os dois não se viam há um ano. Dias cruzou a linha de chegada e, imediatamente, ajoelhou e abraçou a família.

  
            Dias decidiu realizar esta jornada por influência de uma visita que fez há três anos ao GRAAC - Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer. Segundo ele conta, quando visitou a instituição, ficou comovido com a história de cada uma delas. Daí ele teve a idéia de fazer essa parceria e doar todo o dinheiro arrecadado com a viagem.
            O atleta de 38 anos colocou a venda em seu blog cada quilômetro percorrido por dois reais, valor que vem sendo doado à instituição. Segundo o site do Brazil Sports Show, até o momento de sua chegada foram vendidos 2.480 quilômetros.
            Neste sentido gostaríamos de nos unir a ele e solicitar às pessoas que apóiem esta idéia, adquirindo o que puderem no seu blog http://www.carlosdiasultra.com.br/,  que também vale muito a pena ser visitado.
            Para quem gosta de números, na média, segundo o blog do próprio atleta, ele percorreu 56 quilômetros por dia, distância superior à de uma maratona. Da largada, que aconteceu no dia 24 de setembro de 2010, em São Paulo. Até o momento da chegada, Carlos passou por todos os Estados e o Distrito Federal.
            Dias cruzou mais de 2.500 cidades em seu trajeto, conhecendo diversos lugares e pessoas dos mais variados estilos, vivendo situações distintas e algumas aventuras. Abaixo algumas imagens desta jornada, realizada quando ele passou pela cidade de Uberaba-MG no Triângulo Mineiro.


           
            Ainda segundo o atleta, correr e andar, 18.250km, em 325 dias, não foi tarefa fácil, pois ele teve que juntar forças, além de contar com muitas pessoas que conheceu em cada pedaço do país. Seu ritmo médio foi de 5.5 km por hora, máximo 7 km por hora, corria mínimo de 8 horas e  o máximo que ficou na estrada foi 20 horas. Ao todo, Dias utilizou 70  pares de sandálias Crocs, 142 pares de meia, 5 mochilas, 2 óculos.
            Vejam um pouco dos detalhes jornada no vídeo “Chamada para a corrida contra o Câncer Infantil”:
            Que este relato sirva de inspiração e motivação para todos nós, corredores ou não, de que os limites e as barreiras estão aí para serem quebrados.

Um comentário:

  1. Muito boa a matéria. Eu já tinha visto o assunto em outros sites e Blogs. Você colocou muito bem a matéria e com certeza vai ajudar muita gente a tomar conhecimento desta façanha realizada por uma causa nobre. Parabéns pela divulgação.

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