Algumas Questões sobre o Doping
O
triste episódio envolvendo o desportista Lance Armstrong joga mais luz sobre o doping.
Trata-se de uma questão hoje relacionada não apenas aos atletas profissionais e
de elite, mas, até mesmo, os atletas amadores. Todos buscam por uma “fórmula mágica”.
O
forte desejo de superação é tão antigo quanto a história do homem. Entretanto,
na sociedade moderna, a vitória precisa respeitar regras institucionalizadas,
além dos limites éticos e morais, como forma de impedir um ganho “artificial” e
garantir uma competição justa. No mundo do esporte, o doping consegue quebrar
todas estas regras.
O
doping consiste da violação de uma das regras do esporte competitivo. Por norma,
é eminentemente proibido o uso de
determinadas substâncias ou métodos que possam beneficiar o rendimento
físico, fazendo o atleta obter vantagem sobre seus adversários. Aqui, as palavras
“substâncias e métodos” conduzem a várias interpretações.
O
controle do doping é minucioso e se limita a análise química. Um teste positivo
não atesta intenção do atleta, mas, sim o contato de seu organismo com a
substância proibida. No esporte todo atleta é considerado culpado, até que se
prove o contrário.
Por
assim entender, sempre que houver um resultado adverso em controle antidoping,
o atleta terá o direito de um julgamento que seguirá uma seqüência hierárquica
institucional, culminando na decisão final do órgão máximo do esporte. No mundo
da competição de alto nível, é um longo e penoso processo, que abala não
somente a imagem do atleta, mas também, da sua equipe e patrocinadores podendo,
inclusive, levar ao término de sua carreira.
Voltando
à norma, recentemente li um artigo sugerindo que os termos “substâncias” ou “métodos”
são abrangentes e controversos. Com razão, os recordes de algumas décadas atrás
estavam em marcas que hoje seriam facilmente alcançadas por atletas amadores.
Uma parte se deve aos avanços técnicos e melhor condicionamento físico.
Entretanto, a outra parte pode ser facilmente atribuída aos avanços
tecnológicos.
Algumas
questões que se sobressaem dessa análise seria:
- Qual o real impacto da tecnologia nos recordes que superam limites aparentemente definitivos?
- Como artifício ou métodos, por que "essas tecnologias" não endossam à lista de doping?
É
fácil imaginar essa questão, tendo em mente, por exemplo, o primeiro homem que
surgiu em uma pista de saibro utilizando sapatilhas com tachas de prego, ou as
roupas tecnológicas dos nadadores de alta perfomance, o acesso a equipamentos inovadores,
permitindo que um grupo de atletas “eleitos” alcance um desempenho acima da
média.
Um
exemplo mais extremo está no caso do atleta sul-africano Oscar Pistorius, que entrou para a história dos Jogos Olímpicos de
Londres 2012 como o primeiro atleta amputado das duas pernas a competir nas
olimpíadas, utilizando próteses especializadas. É uma questão muito polêmica e
um caso genuinamente de superação. Apesar de ter sido bem colocado nos jogos, o
que teriam dito sobre as próteses se ele conseguisse conquistar uma medalha?
Outra
análise também nos leva a pensar sobre aquilo que hoje se entende por “indústria
do doping”. Sim, ela gera muitos dividendos. Fiscalizar e combater o doping envolve
custos elevados. Há vários atores envolvidos. Os escândalos, via de regra, não atingem
apenas os atletas, mas também os patrocinadores, os dirigentes, instituições
esportivas, a indústria farmacológica, médicos, entre outros.
Estima-se
que as vantagens financeiras obtidas pela indústria farmacológica, pelos laboratórios
de aplicação de testes, pelos médicos e "fiscais" do comitê
antidoping das organizações esportivas, podem ser maiores se o doping
permanecer na ilegalidade. Um possível controle social representaria a divisão
de recursos, o pagamento de impostos e a conseqüente responsabilização jurídica
e financeira. Não vamos entrar no mérito dessa questão.
Como
a história nos ensina, o maior prejudicado mesmo é o próprio atleta, que tem a
sua imagem de “detentor dos valores saudáveis, éticos e morais” deteriorada. Para
o atletas de alta perfomance, o alcance de um novo recorde gera elevados ganhos,
seja financeiro, na sua exposição positiva perante a mídia, ou na forma de
renovação de contratos de patrocínio.
A
verdade, é que nesse cenário de acirrada competição, ele pode sentir-se pressionado
para alcançar melhores resultados por parte de patrocinadores, técnico, fãs,
equipe médicas – muitas vezes com o consentimento silencioso deles. A pressão, pode
“induzi-lo” ao uso de alguma substância proibida. Portanto, esse assunto envolve
mais questões, além dos simples valores éticos e morais da boa conduta
esportiva, pois “mexe no bolso de muita gente”.
Fato
mais lamentável é que, a questão do doping não fica restrita somente ao pelotão
de elite e atletas de alta perfomance. Ela está presente também lá no pelotão
do fundo, com os atletas amadores ou intermediários. Começa com comprimidos
estimulantes, relaxantes musculares, uma substância para emagrecer, depois
outra para acelerar o metabolismo, o consumo de suplementos sem orientação
profissional e, depois..., sabe-se lá o que mais.
A
Contra Relógio (julho/2012) trouxe um interessante artigo sobre o tema,
alertando que o consumo de substâncias ilícitas entre os atletas amadores pode
ser bem maior do que entre os da elite. Hoje é muito fácil adquirir tais
produtos. Basta fazer uma busca rápida pela internet.
Como não há controle ou exames nas provas destinadas para este público, fica muito
difícil estimar o número de usuários.
O
fato é que, mesmo entre os atletas amadores há também certa pressão por
resultados. Seja para receber uma pequena premiação em dinheiro, um troféu de
classificação, uma possibilidade de subir ao pódio ou simplesmente uma pressão de
amigos, de sua assessoria esportiva, das equipes, etc. Isso pode levá-los a
fazerem uso de substâncias proibidas para melhorar o desempenho.
Entretanto,
não vale à pena arriscar e buscar o caminho mais rápido utilizando tais subterfúgios.
Quando colocados na balança, observa-se que os riscos impostos à saúde superam
as possíveis vantagens. Compromete-se o fígado, o rim, o sistema nervoso,
cardiovascular, respiratório, etc. Muitas vezes, é um caminho sem volta. Infelizmente
vivemos em um mundo dirigido por resultados. Assim, precisamos aprender a ser
pacientes e estabelecer objetivos de desenvolvimento em longo prazo.
Procure
sempre a orientação de um profissional (médico, nutricionista, fisioterapeuta,
educador físico, etc.) Dê a si mesmo tempo suficiente para se amadurecer como
atleta. Trabalhe o seu desenvolvimento aeróbico, melhore sua força e velocidade
no curso de alguns anos, e não em um curto período de 2 a 3 meses.
Bons
conselhos não faltam: não compensa seguir o caminho mais curto e colocar a sua
saúde em risco. Treinar corretamente, se alimentar bem e descansar, consiste no
grande segredo para se alcançar uma boa perfomance.
Fontes de Apoio:
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