A importância de um técnico
Uma
prova eletrizante. Talvez um dos episódios mais espetaculares dos Jogos Olímpicos
de Londres 2012. Assim foi a brilhante disputa pelo ouro olímpico na prova dos 10.000
m durante as olimpíadas.
Todos
esperavam pela confirmação dos atletas africanos no pódio, o que não ocorreu! O
seu desfecho surpreendente nos fornece inúmeras questões para reflexão. A mais
importante delas é a importância de um técnico, um bom técnico, diga-se de
passagem.
Como
atleta amador, não tenho o acompanhamento de um técnico durante os meus
treinamentos, mas reconheço a importância deles por tentar tornar mais leve, a
difícil arte de retirar o máximo, isto é, o potencial de cada atleta.
Em
se tratando de olimpíadas, não se trata de qualquer atleta, mas sim, os da elite
mundial. Após o britânico Mo Farah ter conquistado a medalha
de ouro e, o americano Galen Rupp, a medalha de prata, a
imprensa esportiva anunciou: - Houve uma quebra da hegemonia africana! Entretanto,
o episódio significou muito mais do que isso!
Imagem 1. Mo Farah (ouro) e Galen Rupp (prata) nos 10.000 m |
Farah conseguiu fazer uma prova espetacular.
Os quenianos, etíopes e eritreus, mesmo agindo com táticas de trabalho em
equipe bem que tentaram frustrá-lo, forçando-o a ter que quebrar o seu ritmo freqüentemente.
Eles não conseguiram intimidá-lo.
Ao
final da prova, enquanto todos prestavam atenção em Farah, ninguém havia percebido que um atleta americano, Galen Rupp havia conseguido fazer um
belíssimo sprint final, deixando os
atletas africanos para trás, conseguindo chegar em segundo lugar e, assim conquistar
a mais do que merecida medalha de prata.
Não
há que se falar em quebra da hegemonia africana, afinal de contas, o atleta somalês-bretão
Mo Farah nasceu em Mogadíscio, na Somália,
país que há muitos anos enfrenta uma guerra civil. A “República da Somália” é
um país localizado no “Corno” da África, fazendo fronteira com o Quênia no
sudoeste, com o Iémen no norte, o Oceano
Índico a leste e com a Etiópia no oeste.
Pouca
gente sabe que o britânico Mo Farah e
o americano Rupp possuem uma coisa em
comum. Eles possuem o mesmo técnico, Alberto Salazar e receberam,
praticamente, a mesma preparação. Mais do que isso, Salazar ainda treinou os atletas americanos Dathan Ritzenhein e Matt
Tegenkamp, 13º e 19º lugares nessa mesma prova.
Imagem 2. Alberto Salazar: Um trabalho muito bem feito! |
Assim,
se algo chama a atenção nesse episódio, esse algo é a figura de Salazar. O grande destaque daquela
noite. Salazar nasceu em 1958 em Cuba. Como muitos cubanos, ele também
emigrou para os EUA com sua família e, por lá, se tornou um atleta e, também,
um cidadão americano. A história de Salazar
e de Farah é parecida. Ambas envolvem
muita superação!
Salazar é conhecido no mundo da corrida por
seu grande desempenho em três maratonas consecutivas de Nova York no início dos
anos 80, onde estabeleceu o recorde de 2h08min13seg em 1983, além de seus
recordes em provas de pista nos 5.000 m (13min11seg) e 10.000 m (27min25seg) em
1982 em Estocolmo e, em Oslo, respectivamente.
Com
esses e outros excelentes resultados em desempenho, Salazar tornou-se uma lenda viva nos EUA. Durante sua carreira como
atleta ele se sobressaiu em distâncias que variavam de 2 até 54 milhas. Ele,
por exemplo, venceu a ultramaratona de Comrades, realizada na África do Sul, no
ano de 1994.
Aos
48 anos de idade, ainda jovem e correndo de 25 a 30 milhas por semana, Salazar surpreenderia a comunidade esportiva
americana ao sofrer um ataque cardíaco em 2007, que chegou a deixá-lo por 14
minutos sem pulso. O último caso envolvendo uma lenda da corrida foi em 1984,
quando Jim Fixx morreu durante uma
prova.
No
entanto, isso não o impediu de continuar realizando um excelente trabalho, que
permanece e se reconhece até hoje. Nos últimos três anos, Salazar formou uma parceria com a Ian Stewart of UK Athletics,
com a qual vem trabalhando conjuntamente para levar os atletas americanos e
britânicos a se destacarem nas competições mundiais.
Parece
que ele encontrou a fórmula.
Uma
grande história! Um desfecho emocionante! Que sirva de motivação e inspiração
para todos nós!
Um
grande abraço!
Figura interessante, este Alberto Salazar. Mas caberia fazer um comentário ao seu post. Provavelmente, o técnico de atletismo, ASSIM COMO MILHARES DE CUBANOS, não "emigrou" de Cuba, mas FUGIU. O comunismo é um inferno, amigo. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirObrigado por visitar o blog. Você tem razão! Foram tempos duros aqueles! os EUA, inglaterra, França, entre outros países estão repletos de grandes nomes no atletismo que "emigraram" de alguma região em conflito. Eles adotam uma pátria, simplesmente. Correm por uma bandeira, mas lá no fundo, acabam correndo para si mesmos, em busca de uma vida melhor!
ResponderExcluirUm grande abraço e obrigado pela visita!
Nilo
Permita-me aproveitar nosso contato pra te pedir um favor. Sabe onde posso encontrar a lista de recordes de corredores veteranos (+ de 50 anos) em corridas de 5 mil metros à maratona? Aliás, existe este tipo de registro? Já fiz várias pesquisas na rede e nada encontrei. Desde já agradeço sua paciência.
ResponderExcluirAcredito que o que você deseja é ter acesso aos recordes e ranking da categoria Master de atletas. Tente entrar no seguinte site: https://sites.google.com/site/assocbratlmaster/recordes-e-ranking
ExcluirEspero que possa ajudá-lo.
Mais uma vez, obrigado pela visita.
Bons Treinos!
Nilo
Obrigado.
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