domingo, 24 de fevereiro de 2013

Para Sempre Corredor - Parte II



A Corrida e o Envelhecimento



ABSTRACT: Running influences the aging process. In general, physical activity provides many benefits in the long term. Perhaps the biggest one is to increase the survival of a former sedentary. Run still slows the effects of aging, maintains functional capacity, retards disabilities and, in particular, makes individuals more healthy.



                A corrida surge para as pessoas em diferentes fases da vida. Independente disso, ela se constitui uma prática saudável e deve ser realizada com prazer. Em recente artigo publicado nesse blog desenvolveu-se uma análise para tentar entender o papel limitante da idade na corrida (http://companheirosdecorrida.blogspot.com.br/2013/02/para-sempre-corredor.html )
                Nessa análise, apresentaram-se dois exemplos de atletas bem sucedidos na terceira idade: o atleta centenário Fauja Singh, que aos 100 anos ainda corrida maratonas e, o corredor canadense Ed Withlock, que aos 80 anos completou a Maratona de Toronto com incríveis 3h15min50seg. Dois casos extremos, é verdade.
                Mesmo sendo dois casos raros, foram investigados, também, números de provas de longa distância nos EUA e na maior prova de média distância no Brasil, a São Silvestre. Ficou demonstrado que há muitos atletas que, para os padrões atuais da sociedade são considerados “idosos”, participando destes eventos. A maioria do sexo masculino. Eles correm e continuam sendo muito competitivos, mesmo quando comparado a atletas mais jovens.
                Duas importantes questões ficaram pendentes: Como eles conseguiram chegar a essa idade com tanta vitalidade e disposição para correr? Teriam encontrado a fonte da juventude? É o que se tentará entender agora.
                Para ilustrar a matéria, é apresentado o caso da atleta Libby James. Na Walt Disney World® Half Marathon 2013, em Orlando (EUA), Libby quebrou um recorde que perdurava desde 2009. Aos 76 anos, ela estabeleceu uma nova marca mundial para o sexo feminino na categoria de 75 a 79 anos em meia maratona com o tempo de 1h45min56s. Este desempenho notável substituiu o antigo recorde de 1h55min19seg que pertencia à Ginette Benard.


Imagem 1. A atleta Libby James.

                A corrida proporciona diversos benefícios para a saúde: faz perder peso ao diminuir as medidas corporais, melhora o sistema cardiorrespiratório, a circulação sanguínea, favorece uma boa noite de sono, melhora a postura e a aparência física, desacelera o processo de envelhecimento, retarda o aparecimento de doenças degenerativas, aumenta o fôlego, a flexibilidade e a força muscular, melhora a disposição sexual, a concentração e a disposição para o trabalho, ajuda a construir boas amizades. Tudo isso, torna o ser humano mais feliz.
                Por outro lado, estudos sugerem que acima dos 65 anos 70% das pessoas apresentarão pelo menos uma das seguintes doenças crônicas: hipertensão, artrose, diabetes e doenças vasculares. A boa notícia é que as atividades físicas podem atuar prevenindo o surgimento dessas doenças.
                A saga do homem para retardar os efeitos do envelhecimento remonta desde as sua origem. Foi na mitologia grega, que se criou o mito da Fonte da Juventude. Segundo a lenda, quem bebesse da água dessa fonte, proveniente dos deuses, seria capaz de ganhar a imortalidade. Desde então, o homem se tornou obcecado pela juventude e, consequentemente, a imortalidade.
                O fato é que a fonte nunca foi encontrada. Ainda assim, resiste a busca incessante do homem para conseguir retardar os efeitos do envelhecimento. Inúmeras alternativas têm sido colocadas em prática, como as soluções estéticas, uso de vitaminas, hormônio terapia, entre outras.
                O que se sabe é que a prática da corrida interfere diretamente sobre o envelhecimento. Hoje é indiscutível que o exercício físico proporciona diversos benefícios em longo prazo. Talvez, o maior deles, seja o de aumentar a sobrevida de um ex-sedentário.
                Correr é saudável! Ainda que seja uma atividade que produza alto impacto para o corpo, a prática da corrida melhora diversos parâmetros que avaliam a saúde geral de um indivíduo. O melhor de tudo isso, é que ela está ao alcance da grande maioria das pessoas.
                Fazer atividade física regularmente trás uma série de benefícios físicos e mentais, melhorando o bem-estar global do indivíduo. Tanto é, que os médicos prescrevem o exercício físico para pacientes sedentários, além de indicá-los como adjuvantes para tratamento da hipertensão, aterosclerose, diabetes e outras doenças.
                É verdade que, de vez em quando, se ouve notícias sobre mortes súbitas envolvendo atletas durante a prática de uma atividade física extenuante. Especialistas garantem que não há necessidades de alarme. Muitas vezes trata-se de pessoas que não fizeram um check-up cardiológico previamente ou desconheciam alguma condição subjacente que contra-indiciasse formalmente a realização de uma atividade física prolongada para eles.
                As estatísticas sugerem que o risco de ocorrer uma morte súbita em pleno esforço físico prolongado seja de uma morte a cada 50.000 participantes. Ou seja, quem corre uma “prova de fundo” terá, em teoria, um risco na ordem de 0,002% de vir a óbito. Felizmente, a verdade é uma só: a corrida, infinitamente, tem feito mais bem para as pessoas, do que mal, independentemente da idade em que se começou a praticá-la.
                Infelizmente, a introdução da atividade física na rotina das pessoas não é uma tarefa fácil e exige muitos sacrifícios. Correr é difícil! Cansa, exige disposição mental e física, machuca, deixa a respiração difícil e ofegante, faz soar, dói, além de exigir tempo suficiente na agenda do indivíduo para praticá-la. Começar a correr requer mudança no estilo de vida, o que não é nada fácil.
                É verdade que a corrida não é o único esporte saudável. O ciclismo, a natação, futebol, entre outros também conferem amplos benefícios e, podem até parecer mais agradáveis. Entretanto, apesar do aparente espírito solitário, a corrida proporciona benefícios singulares. Ela se configura como uma das atividades mais completas para o desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório.
                Além disso, um de seus segredos é que ela pode ser competitiva ou não. É o corredor quem decide o que quer dela! É um esporte barato e ideal para toda a família e, talvez, o mais democrático de todos. Por isso, não havendo uma contraindicação formal, todos podem praticá-la, independente da idade! Não importa se está fora de forma, se é velho ou gordo. Com uma preparação adequada e alguns cuidados, todos podem correr.
                Ao adotarmos a corrida, exercitarmos regularmente e seguirmos as boas práticas de saúde, conseguiremos viver mais. Estudos sugerem que um modo de vida focada na boa forma física, pode estender a vida em seis a nove anos.
                Não se quer dizer que a corrida irá deixar alguém de 70 anos com a cara de um quarentão ou quarentona. Todavia, a prática regular da atividade pode ajudar e muito a desacelerar os efeitos do envelhecimento sobre essa pessoa, manter a sua capacidade funcional, retardar as incapacitações e, sobretudo, torná-lo (a) mais saudável.
                Sem dúvida alguma, o progresso e os vertiginosos avanços científicos também contribuem para o aumento da expectativa média de vida. Infelizmente, o que precisa ser compreendido é que, apesar do ser humano estar vivendo por mais tempo, isso não quer dizer que ele esteja vivendo melhor. O que está sendo estendido é a capacidade do homem lidar com as doenças crônicas. Porém, a rigor, com a inserção da atividade física regular, esse ganho em longevidade poderá ser alcançado com muito mais qualidade.
                No modelo da sociedade atual é mais desejável ser jovem do que velho. Neste ponto, a prática de exercícios pode exercer um importante papel. Como se sabe, a corrida melhora diversos parâmetros que avaliam a saúde geral de um indivíduo, especialmente a frequência cardíaca, a habilidade no processamento do oxigênio, a força de bombeamento de sangue do coração e a resistência vascular periférica. Todos esses fatores se constituem em indicadores comumente aceitos para se avaliar o envelhecimento.
                No Brasil, segundo o estatuto do idoso, são consideradas idosas as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Felizmente, hoje está consagrado que ser ou não idoso é uma questão que está na “cabeça” das pessoas e as maiores barreiras para se alcançar os objetivos estão dentro delas próprias.
                Ainda é comum presenciar os mais jovens a desprezar e descartar os mais velhos, como se fossem incapazes de qualquer tipo de contribuição. São concepções equivocadas, o que pode levar os mais velhos a sentirem-se cada vez mais miseráveis e inúteis. Muitas vezes isso passa despercebido e, se faz muito pouco para impedir que isso aconteça. Além de ser uma atividade saudável, a corrida pode despertar nesse indivíduo, agora sexagenário, o prazer de sentir-se vivo.
                Porém, não demore a tomar uma decisão. Independente da idade que começar a correr, é importante que faça isso com regularidade, para que alcance todos os benefícios fisiológicos proporcionados pelo esporte. Se começar mais tarde, os benefícios serão proporcionalmente menores.
                As escolhas que fazemos hoje são responsáveis por sua saúde no futuro. Os estudos demonstram que o homem ganhou cerca de 20 anos de vida em duas gerações. A pouco tempo atrás vivia-se até os 56 anos. Atualmente chega-se aos 80 facilmente. Estudos apontam que ainda nesse século, o homem poderá viver bem até depois dos 100 anos.
                Os dados apresentados na matéria anterior, ainda indicam que nestes anos adicionados, o homem geralmente tende a viver melhor do que a mulher. Um dos segredos pode estar na prática frequente de atividade física, pois nesse quesito, as mulheres ainda ficam para trás.
                O ideal é não medir esforços para dar uma direção positiva ao processo de envelhecimento. Esse processo pode e deve ser realizado com dignidade. Para isso é necessário cultivar hábitos saudáveis, fazer exames rotineiros para a detecção precoce de doenças, controlar o fumo e o álcool, ter uma dieta adequada e, principalmente, aderir aos exercícios físicos.
                Morrer é uma condição natural da vida. Todos os indivíduos envelhecem e morrem. O que é necessário é escolher se queremos ter nos últimos 10 ou 20 anos que nos restam, uma vida saudável ou não! Ninguém precisa morrer após anos de sofrimento e dor.
                Boas corridas!


Fontes de Apoio:

KING, Ana; MAINOUS, Arch G; GEESEY, Mark E. - Turning Back the Clock: Adopting a Healthy Lifestyle in Middle Age. Department of Family Medicine, Medical University of South Carolina, Charleston, SC.


Estatuto do Idoso
Revista Contra Relógio – Ano 18 – No. 199 – Abril 2010
Revista Contra Relógio – Ano 19 – No. 219 – Setembro 2011
Revista Contra Relógio – Ano 19 – No. 219 – Dezembro 2011
Reista Contra Relógio – Ano 20 – No. 232 – Janeiro 2013
Revista O2 – No. 097 – Maio 2011
Revista Runner’s World – junho 2011
Revista Runner’s World – outubro 2009

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