Circuito de Corrida CAIXA 2013 em Goiânia

Quebra de recorde e protestos!

Abstract: The race, organized by HT Sports Marketing celebrated the mark of 72 races held in 10 years. It was a great event, with record breaking and so on. Nevertheless, the event disappointed those who expected more.

                Goiânia inaugurou o Circuito de Corridas CAIXA 2013 neste dia 07 de abril de 2013 com mais de 2500 competidores. Trata-se de uma importante série de corridas realizada em várias cidades do país. A prova, organizada pela HT Sports Marketing comemorou a marca de 72 corridas realizadas em 10 anos. Foi um grande evento, com quebra de recordes e tudo mais. Apesar disso, a festa ficou aquém do que se esperava e não faltaram reclamações de participantes e, também, das assessorias de corrida.

Imagem 1. Momentos antes da largada!

                É indiscutível o papel na CAIXA no fomento do atletismo brasileiro. Além de ter um circuito de corrida próprio, a CAIXA também aparece como apoiadora das principais corridas no Brasil. Por onde passa, o circuito atrai a atenção de atletas de elite e amadores, o que deixa o circuito muito competitivo.

     Para maiores detalhes sobre o circuito, confira a matéria postada neste blog: http://companheirosdecorrida.blogspot.com.br/2012/11/circuito-de-corrida-caixa-2012.html

                As provas, com percursos variáveis e ora com altimetria exigente, como é o caso de Goiânia, costumam ser muito rápidas na distância de 10 km. Em retrospectiva realizada recentemente, observou-se que os primeiros colocados conseguem finalizá-la na casa dos 29 e 34 minutos, no masculino e feminino, respectivamente.

                Foi o que ocorreu em Goiânia. O atleta etíope Fikru Abera Dadi estabeleceu um novo recorde com 29min51seg e faturou o prêmio de R$1.500,00 pelo feito. José Márcio Leão foi o melhor brasileiro com 30min17seg. Entre as mulheres, outra etíope: Meseret Legese Biratu, que fez 35min49seg. Roselaine de Souza Silva, a vice-campeã e melhor brasileira, chegou dez segundos depois. 

Imagem 2. Edson Luciano, padrinho da etapa de Goiânia. Atleta Medalha de Prata nos Jogos de Syney/2000 e de Bronze em Atlanta/1996, com a equipe do revezamento 4x100 m.

                É de se esperar que uma prova desse nível, seja uma oportunidade para atletas de diferentes níveis participarem de um evento bem organizado, em todos os sentidos. Desde a retirada dos kits, segurança no percurso e nas áreas de convivência, hidratação, até a cerimônia de premiação. Além do mais, a chancela da CBAt é garantia de se correr sobre um percurso bem balizado, o que normalmente não ocorre em outras provas.

                De forma geral, o evento de Goiânia foi bom. Entretanto, foram exatamente sobre os pontos citados acima que se verificaram alguns problemas, o que é uma pena, em se tratando da abertura de um circuito de corrida importante como esse e que comemorar 10 anos.

                Ouvimos relatos de vários atletas, antes e depois da prova. Vejam abaixo as principais queixas encontradas:

Kit com materiais de baixa qualidade e mal fabricado;

Assessorias de corridas mal instaladas;

Atraso na largada;

Apenas um posto de hidratação no percurso de 5 km;

Falta de segurança no percurso (situação crítica);

Atraso na cerimônia de premiação das faixas etárias;

Classificação nas faixas questionáveis, após a divulgação oficial;

Na área VIP para os atletas correntistas da CAIXA, nada  de VIP;

Congestionamento de atletas nos últimos 400 metros;

                Já na véspera da prova, observaram-se nas redes sociais as reclamações dos corredores que se manifestavam negativamente com relação á baixa qualidade do kit. É certo que ninguém corre pelo kit, mas esse item foi incorporado às corridas, que não são gratuitas!  Muitos atletas tiveram que desembolsar de R$50,00 a R$60,00 pela inscrição. Na edição anterior o padrão de qualidade desse material foi melhor.

Imagem 3. Com os companheiros de corrida!

                Outro ponto lamentável na edição de 2013 foi a disposição das tendas dos grupos e das assessorias de corrida. Elas ficaram mal instaladas, salvo duas exceções que tiveram o privilégio de ficarem isoladas em uma grande área reservada próxima ao pórtico de largada e chegada. Às demais restaram se instalarem de forma precária e espremida sobre passeios mal conservados, de terra e com erosões em uma rua perpendicular à área principal.

                Não deixa de ser estranho esse tratamento diferenciado, tendo em vista que são eles os responsáveis por um bom número de inscrições e que levam uma grande quantidade de atletas para as ruas.

                A largada para a elite feminina estava programada para as 8 horas. Para a elite masculina e o pelotão geral às 08h15min. Em se tratando de localidades mais quentes, como Goiânia nesta época do ano, este horário poderia ser revisto. A largada de fato ocorreu às 08h22min. Um pequeno atraso. Entretanto, quem corre sabe o quanto a temperatura pode afetar o desempenho de um atleta. Um atraso de 07 minutos pode ser devastador para quem pretende correr 10 km abaixo de 30 minutos.

                Para os atletas mais lentos nem se fala. Além do mais, quem já fez os 10 km do Circuito Caixa de Goiânia, ou viu o vídeo do percurso postado nesse blog (http://companheirosdecorrida.blogspot.com.br/2013/03/circuito-de-corridas-caixa-etapa-goiania.html ), sabe que a segunda metade do percurso é desafiadora. Às 09h30min ainda havia muitos corredores enfrentando a ladeira da Avenida 90. Como já foi destacado anteriormente, os primeiros 5 km ocorrem em terreno plano e descida. Já os outros 5 km...

                É comum nos percursos de 5 km disponibilizarem apenas um posto de hidratação, entretanto, valeria a pena repensar essa questão. Quando se trata de corrida de rua, são os iniciantes nesta modalidade esportiva que se dispõe a encarar os 5 km. Trata-se de pessoas que passaram a adotar um novo estilo de vida, mais saudável. Valeria a pena incentivá-los oferecendo um ponto a mais de hidratação, isso significa maior atenção e adesão desse público.

                Para os corredores em geral, uma das vantagens de participar de um evento como esse está no fato de poder correr sobre um percurso seguro. Assegurar que o percurso esteja completamente vedado ao tráfego de veículos, durante a competição, incluindo contenção do tráfego de bicicletas, skates, patins, dentre outro, é um dever do organizador.

                Sabe-se que nem sempre isso é possível. A convivência entre atletas sejam corredores ou ciclistas, vem sendo amplamente debatidas. Este tem sido um dos pontos mais críticos no universo da corrida. Trata-se de um problema comum de várias cidades. Entretanto, em Goiânia, a questão é CRÍTICA.

                Durante o Circuito CAIXA houve cenas lamentáveis com motoristas em situação de quase agressão aos staffs e outros que avançaram por sobre as fitas e cones de contenção, o que expôs a segurança dos atletas.

                Não se respeita nem mesmo a presença de uma autoridade militar no local. Em muitos casos, as próprias autoridades nada podem fazer. Presenciei um caso em que o motorista transgressor avançou, passou sobre o cone bem na frente do policial. Aos atletas coube parar e interromper o ritmo. Inúmeras questões estão inseridas nessa discussão e voltaremos a ela oportunamente.

                Sabe-se que os organizadores destes eventos geralmente são cuidadosos no trato dessa questão. Além do mais, isso também envolve o poder público. Muitas vezes o grande problema está na falta de educação e paciência dos próprios motoristas que geralmente vivem em universo muito distante da maioria dos atletas.

                O mais importante é que algo precisa ser revisto, antes que o pior aconteça. Uma sugestão para amenizar o impacto gerado por um evento dessa natureza na rotina de uma cidade seria iniciar a prova um pouco cedo. Talvez, às 07h30min. Isso com certeza amenizariam esse problema e, ainda por cima, reduziria o impacto do calor.

                Outro ponto que não deixa de interferir em provas onde há atletas disputando duas distâncias com largadas simultâneas, nesse caso, 5 e 10 km, é o congestionamento em trechos onde os percursos se confundem. Neste circuito isso ocorreu na segunda metade da prova.

                Os mais rápidos nos 10 km, acabam encontrando os mais lentos dos 5 km, gerando confusão e dificuldades diversas, tanto nos postos de abastecimento de água, quanto na reta de chegada. Neste aspecto os atletas mais rápidos se veem obrigados a quebrarem o seu ritmo de prova para tentar se desviar dos mais lentos. O ideal seria os atletas que vão disputar os 10 km largarem com 15 a 20 minutos de antecedência.

                Outro ponto que deixou a desejar foi a Área VIP destinada para os atletas correntistas da CAIXA que nesse ano não foi nada VIP. Foi na verdade pobre e sem atrativos, apenas com água, isotônicos e energéticos.

                Questões como o atraso na cerimônia de premiação das faixas etárias, os resultados de classificação divergente do oficial, levando atletas a subirem no pódio no lugar de outros também são muito comuns em eventos dessa natureza. Aqui não foi diferente.

                De qualquer forma, tirando todos estes problemas, foi um bom evento. Parabéns à CAIXA que estimula e fomenta a prática de esporte no Brasil! Além do mais, poucas corridas de rua costumam reconhecer as melhores performances por faixa etária.

                Reunir mais de 2000 atletas em Goiânia não é tarefa fácil. É fato que poderia ter sido muito melhor. Acredito que houve muito barulho, mas o evento em si mesmo, deixou a desejar em vários pontos, afinal de contas tratou-se da abertura de um Circuito de Corridas que está comemorando os seus 10 anos! Esperamos que em outras cidades a experiência de corrida seja um tanto melhor!

                Não deixem de comentar, sugerir e criticar. Temos um espaço para isso no blog.

                Um grande abraço e boas corridas!

Fonte de Apoio:

www.circuitocaixa.com.br