segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

XIII Volta Internacional da Pampulha (VP)


A Volta para a Pampulha


                Mesmo com a excelente companhia de alguns de nossos companheiros do asfalto e também alcançando boas marcas, não tivemos uma experiência satisfatória ao participarmos da edição de 2010 da VP e, particularmente, não tinha a menor intenção de voltar a Belo Horizonte para participar novamente dessa prova do calendário nacional em 2011.
                Por isso, utilizei no título deste capítulo, o trocadilho de “a volta para”, ao invés da “A volta da”. Na verdade, em meu calendário, a última grande prova de 2011 programada seria a Asics Golden Four de Brasília, mas, corredor que é corredor está sempre pronto para romper os seus limites.
                Além do mais, eu já havia corrido tanto a VP quanto a São Silvestre (SS) em 2010. Assim, por que repeti-las? Penso que estas provas, as quais também considero imperdíveis, conforme recente matéria postada nesse blog (ver em “Uma das Provas mais Tradicionais do Brasil”) devem ser feitas pelo menos uma vez na vida, mas não são para serem repetidas todos os anos, especialmente se você não mora nos locais onde as mesmas são realizadas.
                Entretanto, como a corrida já está em minhas veias, não consegui resistir à tentação e ao novo apelo dos colegas. Inclusive, o mesmo acontecerá com a SS, que vou repetir e depois relatarei neste blog.
                O companheiro Rene foi o primeiro a se inscrever na VP 2011. Ele também foi o primeiro a comprar as passagens aéreas. Assim, outros colegas do grupo foram se envolvendo e, por fim, também consegui comprar as passagens e decidi participar.
                Dessa vez, o grupo de companheiros aumentou. Eu e os colegas Rene (acompanhado de sua esposa), o Fávaro e a Antônia selecionamos o mesmo vôo. Tivemos pouco tempo para treinar.
                O Fávaro, veterano de 64 anos e um excelente companheiro para se conversar, havia acabado de se recuperar de uma lesão. Dividi o apartamento com ele e o Vicente, atleta da cidade de Araputanga – MT, o qual havia acabado de conhecer ( http://vicenteatleta.blogspot.com/ ).
                Saímos de Goiânia no fim da tarde da sexta-feira. Encontramos-nos no aeroporto e partimos. O grupo ficou completo em BH, onde encontraríamos os colegas Ricardo e Donizette.
                Apesar da viagem ter sido muito tranqüila, somente conseguimos chegar ao hotel na madrugada de sábado. Dessa vez, entretanto, ao contrário do que ocorreu em 2010, não houve o colapso físico que tivemos que enfrentar depois de quase 10 horas de ônibus. No sábado a tarde, ainda conseguimos fazer um pouco de turismo e voltamos aos mesmos lugares que fomos em 2010.

Foto 1. Inspiração para a prova, ouvindo "América Nativa"

Foto 2. No Museu de Artes & Ofícios (Donizette, Antônia, eu, Rene e Fávaro)

Foto 3. No interior do Museu de Artes & Ofícios

Foto 4. Ainda no interior do Museu

Foto 5. Segundo o Fávaro (ao centro), corredor não bebe: hidrata!

Foto 6. Ir a Minas e não comer um pão-de-queijo é como ir a Roma e não ver o Papa!

                O clima em BH estava muito agradável, mas as nuvens indicavam que podia chover a qualquer momento. Como o tempo permitiu, eu e o Rene, mais por insistência do colega Donizette, que fazia a sua estréia na VP, ainda conseguimos fazer um trote de 6 km em volta de um Parque Municipal de BH. Foi bom para relaxar a musculatura e nos desestressar um pouco.

Foto 7. (Donizete, Rene e eu, da esq. p/dir.), logo após o trote regenerativo de 6 km

                Nesse ano, contamos com o suporte da Solange, amiga do Ricardo e que possui uma larga experiência na organização de viagens para o grupo de corredores de rua da cidade mineira de Juiz de Fora, que participam das principais provas do Brasil. Assim, nos integramos ao seu grupo, o que facilitou e muito a nossa vida. Ficamos instalados em um hotel antigo e tradicional da Av. Afonso Pena, bem  no centro da cidade. Não era um local “vintage” como o outro, mas, era mais amplo e melhor.
Foto 8. Antônia, eu e o Fávaro, na porta do hotel.

                A Solange também cuidou de pegar os nossos kits de corrida e ainda nos acomodou no ônibus que levou o seu grupo para a lagoa da Pampulha e que, também, os traria de volta. A ela os nossos sinceros agradecimentos.
                Nesse grupo, conhecemos um atleta de Juiz de Fora, que descobriu a corrida aos 54 anos, sendo um forte exemplo de que “nunca é tarde para começar”. Hoje, com 59 anos, ele já completou quatro maratonas, fazendo 3h12min no RJ. Ele e a sua esposa são corredores e estão sempre juntos.

A Prova


                Como já referi no relato anterior, a VP é aclamada como sendo uma das provas mais populares de Minas Gerais e, também, do Brasil. Desde 1999 ela é reconhecida internacionalmente e vem atraindo atletas amadores e de elite de todo o mundo.
                A prova desse ano foi muito positiva em todos os aspectos. O fato de a organização ter antecipado a largada para as 08h fez uma grande diferença sobre o desempenho dos corredores. Chegamos com pouco mais de 1h para a largada. Ainda tivemos tempo para tirar fotos e encontrar todos os amigos. Como parte de nosso aquecimento, fomos trotando até a área de concentração.

Foto 9. Prontos para a prova: Donizette (elite), Rene, Fávaro, eu e Antônia.

Foto 10. Nós com a inclusão do colega Ricardo

                A partir de relatos de outros corredores e leitura de artigos em revistas especializadas sobre a VP, sabia que nesta época do ano tudo pode ocorrer em função da instabilidade climática em Belo Horizonte. Neste ano, os atletas tiveram muita sorte, o céu estava nublado, mas, o clima estava muito agradável, o que amenizou o nosso desgaste enquanto esperávamos na linha de largada.
                Conseguimos nos posicionar cerca de 200m do pórtico de onde estavam os tapetes de cronometragem. Portanto, nesse ano, não sofremos como em 2010. Enquanto aguardávamos no funil de largada, registramos a presença de muitos corredores fantasiados, como um papai Noel, um superman, dois surfistas, um cowboy, um atleta carregando um “ônibus” sobre a sua cabeça (penso tê-lo visto na SS de 2010), a família incrível, uma noiva, entre outras figuras caricatas. Se a coisa continuar nesse ritmo, logo, a Volta da Pampulha se tornará uma São Silvestre no quesito caricatura.
                Pontualmente às 8h (horário de Brasília) do dia 04.12.11, com o tempo nublado, temperatura média de 22ºC e umidade do ar de 65%, mais de 13 mil corredores largaram para cumprir os 17,8 km da 13ª edição da Volta Internacional da Pampulha. Mais uma vez os atletas Quenianos dominaram a prova, tanto no masculino (53min09seg), quanto no feminino (01h02min52seg).
                Dada a largada, devido às características da via, constituída por uma rua estreita, e o grande número de participantes, que não foram separados por baias de ritmo, tivemos muita dificuldade em ultrapassar os corredores mais lentos, o que nos impediu de fazer o tangenciamento correto do percurso e levou muitos atletas a invadirem as calçadas e pistas externas à lagoa.
                A largada da VP lembra muito a largada da São Silvestre, isto é, milhares de corredores se espremendo nos quilômetros iniciais. Esse momento da prova é muito crítico, pois vimos muitos corredores se acotovelarem e pisarem uns sobre os outros. Foi necessário muito cuidado nesse ponto crítico.

Foto 11. Largada (sem as baias de ritmo)

                A necessidade de uma largada realizada por ondas de ritmo se constitui hoje, na principal bandeira levantada pelas principais revistas especializadas do país e nós já constatamos isso em outras provas importantes e pela segunda vez na VP e reforçamos.
                Acredito que o verdadeiro atleta e corredor conhecem os seus limites e sabe onde se posicionar em um funil de largada. Muitas vezes percebemos faltar o bom senso nos atletas iniciantes, que não se posicionam adequadamente e, muitas vezes acabam sendo atropelados ou dificultando a saída de um atleta mais rápido.
                Mais do que o bom senso, o que falta mesmo é a organização das corridas criarem espaços na área de largada para que os atletas possam se posicionar de acordo com o seu ritmo de prova. Todavia, enquanto a organização não cria essas condições, cabe a nós alertar e realizar um trabalho continuado de educação. 
                Mesmo com minha pouca experiência  nessa área, não acredito que disponibilizar essas baias onere ainda mais as provas de rua realizadas neste país. Não vejo justificativas plausíveis para que isso não ocorra. É uma simples questão de respeito para com os atletas  provenientes de vários estados do Brasil  e, inclusive de outros países, que desembolsam elevados valores na forma de inscrição para participar de uma prova desse nível, sem falar nas despesas de transporte aéreo, hospedagem, etc. Isso é renda na forma de turismo esportivo, beneficiando não somente os organizadores e os patrocinadores, como também, o comércio local. Respeito, é o mínimo que estes atletas merecem.
                Apesar da confusão gerada pelo grande volume de atletas na área de largada, levando muitos corredores, inclusive os da elite, invadirem as calçadas e canteiros em torno do lago e casas,  diferentemente do ano passado, já no km 2, conseguíamos correr mais tranquilamente. A partir desse ponto, consegui ajustar o meu ritmo na corrida.
                Mesmo sendo predominantemente plana, a VP não é uma corrida fácil de concluir. As curvas em volta do lago levam a uma constante necessidade de realizar o seu tangenciamento, gerando freqüentes quebras de ritmo.
                Além do mais, o percurso não é totalmente plano, pois há ganhos em elevações, entre os km 8 e 16, que passam imperceptíveis aos corredores, mas que, acabam influenciando no tempo final. Essa informação foi confirmada pelos dados gerados pelo GPS: Distância no plano: 6,40 km, subindo: 6,76 km e, descendo: 4,93 km. Mais de um terço da prova é constituída por subidas.  

                Apesar do dia nublado, o sol surgiu no início da prova, ameaçando esquentar o dia, o que acabou deixando o visual da lagoa ainda mais bonita. Se não fosse o mau-cheiro em alguns pontos da lagoa, tudo estaria perfeito.
                Os pontos de hidratação estavam muito bem posicionados, isto é, a cada 3 km na primeira metade da prova e a cada 2 k na segunda metade. Todavia, em alguns pontos, os corredores tinham que reduzir o ritmo porque não havia staffs para entregar os copos de água. Havia também um ponto de isotônico. Outro ponto muito positivo dessa prova é a disposição de postos médicos, com ambulâncias, em volta do percurso. Juntos, esses fatores somam-se para tornar a VP como uma das provas imperdíveis do Brasil.
                A concentração do público, incentivando os corredores, somente ocorreu nos quilômetros finais da prova. Na maior parte da prova não houve o acompanhamento direto do público.
               Conseguimos melhorar substancialmente os nossos resultados, quando comparado  aos registros alcançados na edição de 2010. Meu tempo, me colocou entre os 5 a 6% dos corredores mais rápidos tanto na classificação geral, quanto na faixa etária. Abaixo, segue um resumo de minha participação na prova desse ano:
Tempo: 01:15:02 
Vel. Média: 14,37 km/h
Ritmo: 4:10 min/km
Geral: 397º lugar - 6897 inscritos
Categoria: 45º lugar - 991 inscritos

                O tempo de 1h15min34seg foi inclusive melhor do que aquele obtido durante a Asics Golden Four realizada em Brasília, neste último mês de novembro, que tinha um percurso muito mais favorável do que a VP. Veja, clicando no link abaixo, o vídeo de minha chegada:
                Para o nosso grupo, os resultados obtidos na VP foram espetaculares, conforme pode ser observado na tabela abaixo. Todos nós, que participaram da edição de 2010, conseguimos melhorar as marcas pessoais em 2011.

Atleta
Num.
Classif.
Idade
Fx.Et.
Class.Fx.Et
Tempo Liq. 2010
Tempo Liq. 2011
Antônia
5343
93ª
36
F3539
9a
01:43:47
01:29:10
Nilo
5352
397º
45
M4549
45º
01:22:26
01:15:02
Renê
5254
823º
46
M4549
108º
01:26:51
01:21:06
Ricardo
2290
6248º
43
M4044
944º
01:24:43
02:08:31
Fávaro
8487
3836º
64
M6064
128º
AUSENTE
01:42:53
Donizette
8727
164º
44
M4044
13º
AUSENTE
01:08:51

                A Antônia alcançou um excelente resultado. Ela conseguiu reduzir o seu tempo em 14 minutos, ficando com a 9ª colocação em sua faixa etária. O Rene também reduziu o seu tempo em quase 6 minutos e, eu, também melhorei o meu tempo, reduzindo-o em mais de 7 minutos. Neste ano, o colega Ricardo optou por acompanhar a sua namorada Roberta, o que o levou a utilizar um tempo muito maior do que o previsto para a conclusão da prova. O Donizette também demonstrou que está com muito gás. Além de ter sido top 100 na Asics Golden Four, o seu tempo na VP 2011 é de corredor de elite e, nos sinaliza que ainda temos muito que melhorar. O Fávaro, na categoria dos veteranos, também deixou muitos corredores para trás.
                PARABÉNS à Antônia e a todos os demais participantes. Essa melhoria significativa nos leva a crer que o nosso treinamento está no caminho certo.

Foto 12. Antônia (elite), Fávaro, eu e o Rene: Pós-prova, com a medalha no peito!

Foto 13. Nós e o lago, o nosso fiel companheiro nesses 18 km.

Fonte


Revista Contra Relógio – Ano 18 – No. 196 - Janeiro de 2010
Revista Contra Relógio – Ano 18 – No. 208 – Janeiro de 2011
Revista O2 – No. 88 - Agosto de 2010


2 comentários:

  1. Excelente relato de uma das melhores corridas que participamos este ano. Como você disse, depois de uma experiência não muito agradável em 2010, seria difícil retornar a BH novamente em tão pouco tempo. Agradeço a você e a todos que aderiram a essa proposta de retornar, fico feliz por termos conseguido melhores resultados e termos aproveitado melhor tanto a corrida como também a visita a BH. Que venham novos desafios em 2012, que possamos melhorar a cada dia. Abraços do amigo.

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  2. Rene, sem dúvida alguma, uma das melhores corridas que participamos. Foi uma grata surpresa, apesar das dificuldades. Nós também agradecemos a sua companhia e por compartilhar conosco a sua experiência. O nosso treinamento está rendendo bons frutos. Que venha a SS, ainda esse ano, assim como os novos desafios em 2012.
    Um grande abraço e obrigado epla amizade.

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